HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
(Miguel Torga, in Antologia Poética, Coimbra, Ed. do Autor, 1981)
Publicada por Amaral, em Ad Litteram
DELITO há dez anos
Há 3 horas
2 comentários:
Poema muito a propósito não só á quadra como a quem exerce o poder como os déspotas e ditadores e só para dar um exemplo com o que se passa no Darfur, Este reizinho de barro, ditador sem tranças , mas carapinha é um demónio á solta
Que a paz e o amor o acompanhe, com um santo Natal
Saudações amigas
Agradeço estas palavras e retribuo os votos de santo Natal. Espero que o espírito desta quadra festiva se prolongue por todo o ano.
Forte abraço
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