quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Desertificação do interior - 2

O PSD faz saber que pretende debater o processo de desertificação em curso no interior do País. Tal intenção merece aplausos, porque, mais do que muitos temas de que os políticos se ocupam, este reveste-se de uma importância grande para as populações ainda ali residentes e para a segurança em geral. Com efeito, as grandes extensões de mato abandonado podem vir a ser ocupadas por bandos marginais para se organizarem e treinarem e como ponto de partida e de reagrupamento para a consumação de actos indesejáveis. Quem pode garantir que ainda não vivem por ali alguns desses grupos?

Porém, a esperança que esta notícia atiça pode vir a gerar mais uma frustração. Na realidade, estamos habituados a que os políticos não vejam os cidadãos como seres humanos, mas apenas como contribuintes todos os dias e eleitores de tempos a tempos. Ora, como as políticas usadas, de há muitos anos a esta parte, têm estimulado a fuga para o litoral, é aqui que se encontra a grande massa de fornecedores de impostos e de votos, o que leva os políticos, partidariamente pragmáticos, a centrar na faixa junto ao mar todas as suas atenções. Até já há quem diga que não compensa fazer campanhas eleitorais no Portugal profundo!

E, nos sucessivos governos, não tem faltado tal pragmatismo monetarista, o que se tem manifestado pelo encerramento, no interior, de locais de apoio de saúde, de escolas, de tribunais, de estações de caminhos de ferro, de postos da GNR e de outros serviços administrativos.

Mas não devemos perder a esperança de ver Portugal ser governado com inteligência e democracia, dando a cada hectare do País as mesmas possibilidades de desenvolvimento e qualidade de vida. Os habitantes do interior do País devem ser considerados tão portugueses como os de Lisboa e Porto. Oxalá esta boa intenção do PSD dê os resultados que o País deseja.

6 comentários:

Pata Negra disse...

Para debater a desertificação do interior era preciso que se assumissem posições. É que embora os discursos sejam concordantes num sentido as práticas tem sido sempre no sentido oposto!
A desertificação do país não pode ser discutida em Lisboa por quem não gosta de cagar a campo!
Primeiro passo: sede do governo em Vila de Rei!

Compadre Alentejano disse...

Mas quem faz a desertificação ou melhor, contribuiu grandemente para o estado actual, foram os sucessivos governos e, em especial, este.
Fecham escolas, maternidades, urgências, postos da PSP e GNR, instalações militares, assim nem sequer há condições para uma vida digna.
Não há dúvida, este é o pior governo de sempre.
Vou colocar o seu post no meu blog e linkar o seu. Espero que haja reciprocidade, ok?
Saudações
Compadre Alentejano
www.papaacordas.blogspot.com

A. João Soares disse...

Pata Negra,
Vila de Rei, muito bem, por ser o centro geográfico do País. Mas, para compensar o peso desproporcionado do litoral, nem seria pior levar os centros de decisão mais para leste.
Estamos fartos de palavras sem terem correspondência com acções práticas.
O tal pragmatismo egoísta que olha apenas para os interesses dos partidos, traduzidos em resultados eleitorais, continuará a ser nefasto ao interior, por mais bonitas que pareçam as palavras.
Abraço

A. João Soares disse...

Compadre Alentejano,
Obrigado pela atenção de ter transcrito o post, com a identificação da origem e por ter linkado. Embora não queira ter uma lista extensa de links, aqui coloquei o seu.
Abraço

Unknown disse...

A desertificação do interior do País é um facto em crescendo.
É bom lembrar que a natureza tem horror ao vazio. E que quando este é criado mais cedo ou mais tarde algo ou alguém se apressa a ocupá-lo.
Depois, venham esbaforidos gritar "óh da guarda!!!"

Saudações do Zé Guita

A. João Soares disse...

E os ocupantes desse vácuo podem ser lixo! Não será para nosso benefício.
Abraço