sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Refundar o Estado para o crescimento com menos despesas

Felizmente, existe grande número de pessoas, de um extremo ao outro do leque político, com patriotismo e sentido de Estado, que querem ver Portugal a crescer para bem dos portugueses e, nesse sentido, dão sugestões para a solução da crise em que nos estamos a afundar.

Na generalidade, essas sugestões partem do princípio de que Portugal é igual aos portugueses, nós somos Portugal, e qualquer medida a tomar não deve ser apenas resultado da preocupação de reduzir o défice, como pensam alguns teóricos ultra neoliberais que estão perigosamente obcecados com as soluções fiscais e da austeridade, concentrando-se apenas nos números, sem a devida sensibilidade para os problemas das pessoas.

Uma das achegas mais recentes que vieram a público é a do presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, que diz que «Refundar o Estado não é despesa. É crescimento». Segundo ele, perante a grande mudança que o mundo vem tendo, tudo o que é modelo social europeu não pode ficar fora desta mudança e, agora estamos a falar de sobrevivência que é mais dramático. Sem crescimento económico não há saída”.

E pergunta: "O que é refundar? É conformarmo-nos com o que temos hoje com o crescimento medíocre que existe? Ou alterar todo o modelo?"

Para alterar todo o modelo, tendo em vista o crescimento, é indispensável saber o que se deseja, os objectivos a atingir, analisar as hipóteses de medidas a adoptar para, depois de comparadas quando a vantagens e inconvenientes, serem correctamente tomadas decisões com vista a resultados.

Na reestruturação e reorganização do modelo, as tarefas devem ser clara e rigorosamente definidas e a burocracia reduzida ao mínimo, ao essencial, e daí resulta, logicamente, eliminação de muitas despesas, improdutivas, inúteis ou dispensáveis e, com base na lista de 1520 organismos de utilidade, no mínimo, duvidosa a que se referiu Luís Marques Mendes, é preciso ver onde as cortar.

Também foi tornado público que o FMI anda por cá a ajudar o Governo na preparação de cortes das despesas, o que tem levantado críticas por os partidos e os parceiros sociais não terem sido os primeiros a dar as suas opiniões sobre problemas nacionais tão sensíveis. Realmente, é difícil crer que os teóricos do FMI, com ideologia semelhante à dos nossos teóricos, fomentadores e gestores da austeridade, consigam deixar a obsessão do aumento do fisco e dos cortes das despesas úteis no apoio aos mais desfavorecidos. Não é crível que, com os apoios tendenciosos, dos burocratas nacionais tomem posição contra os «administradores» dos tais 1520 organismos referidos por Marques Mendes, crendo-se que muitos destes são apoiados pelo sector político, em resultado de trocas de favores ou de outros factores de amizade.

Há que reorganizar a máquina administrativa do Estado, tornando este mais simples, claro e eficaz, com vista aos grandes objectivos nacionais, passando pelo desenvolvimento real da economia para o crescimento do efectivo bem-estar das pessoas mais desprotegidas.

É indispensável menos burocracia e mais eficácia na realização das tarefas necessárias ao crescimento.

Imagem de arquivo

3 comentários:

Anónimo disse...

Refundação do Estado

Refundar quer dizer,afundar, fundar de novo. Quando muito: reformar. Isto quer dizer que há uma grande confusão no governo, onde começa por haver alguém que não sabe português.
Ora, para afundar, já chega de FMI, de troika, de políticas ultra liberais e de banco mundial. Se é para fundar de novo um Estado que já foi fundado há mais de 800 anos,era melhor chamar D. Afonso Henriques para saber a sua opinião que, certamente, não hesitaria em correr com estes tristes políticos e "vampiros" da banca, à espadeirada.

A. João Soares disse...

Anónimo,

Quanto a não saberem Português não admira porque lhes falta a preparação de base. Se tiver curiosidade de ler o post Carreira política, verá que eles só se metem nestas lides por incapacidade para uma profissão séria e depois vão se viciando na vontade do enriquecimento rápido por qualquer forma, no tráfico de influência e na corrupção, para o que a imagem e o dom de palavra devem ser devidamente cultivados, através do aparecimento na comunicação social e em reuniões em que ocupam lugares de destaque.

No entanto, não venceram a incapacidade inicial, podem ser espertos mas nada inteligentes e acabam por fazer tristes figuras e serem conhecidas pelo pior lado. O povo honesto despreza-os e não acredita em nada do que dizem, tão habituados que estão a ouvir mentiras e falsidades.

Ma, apesar disso continuam a ter uma corte de seguidores e apoiantes: os que deles precisam para subir na mesma carreira e os grandes corruptores activos que os dominam e colocam ao serviço dos seus interesses. Aqui encontra os banqueiros, os donos de grandes negócios com o Estado, os «administradores» dos 1520 organismos que vivem à conta do dinheiro público, sem terem clara utilidade para os portugueses, a que
Marques Mendes se refere.

Por isso deve ter fugido a língua para refundar e certamente depois de hesitação se devia ser dito afundar!

Cumprimentos
João

Por isso, não admira que «só falam e não dizem nada» em que possamos acreditar. Isto aplica-se a todos, salvo eventuais excepções.


Extracto de notícia do Jornal de Notícias:

O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, Bruto da Costa, considerou esta sexta-feira "completamente vergonhoso" o Governo estar a preparar a reforma do Estado com técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), defendendo que é um assunto que deve ser discutido na "praça pública".

A. João Soares disse...

Por ter interesse para compreender este tema yranscreve-se parte da entrevista dada por Bagão Félix ao «Dinheiro Vivo». Para ler toda a entrevista fazer clic sobre este texto:

<a href="http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO067613.html?page=0<b><i>E o que acha serem técnicos da Troika a definirem os cortes. O Estado português é incapaz de o fazer?</i>

A ser verdade que são os técnicos da Troika que estão a ajudar nesta reforma sinto-me envergonhado, porque é certo que temos um memorando de entendimento assinado, metas a concretizar, estamos dependentes das instituições, mas não dos seus funcionários. Quem escrutinou esses funcionários que não conhecem o país? E agora vêm com regra e esquadro aplicar modelos sem conhecer o povo, o país, a sua história. Este tipo de análise exige conhecimento profundo enraizado na realidade portuguesa.</b></a>