domingo, 4 de novembro de 2012

Conceitos a definir para os políticos

Nas conferências políticas "A Democracia e o Futuro", promovidas pela autarquia de Coimbra e pela Fundação Bissaya Barreto, Manuela Ferreira Leite (ver «1» e «2») disse que a intervenção da troika em Portugal põe em causa a soberania nacional, e que o sistema democrático "nem sempre" consegue enfrentar elementos externos. "Se não houver uma alteração profunda de todo este processo de degradação política, podemos dizer que se está em democracia, mas na prática, não está."

Disse também que "só existem democracias sólidas assentes numa classe média forte" e que qualquer processo de destruição da classe média é "ameaça tremenda à democracia"… Uma política de ataque à classe média "não resolve o problema das contas (públicas) e aniquila as pessoas".

João Mota Amaral (ver «2»), ex-presidente da Assembleia da República, outro dos participantes no debate, considerou que um dos "problemas de fundo" da democracia portuguesa è a subida do "grau de exigência cívico" das pessoas.

Disse que "os próprios cidadãos rebelam-se contra uma certa mediocridade que, fruto de certas circunstâncias, se pode estar a imiscuir na nossa vida política. E exigem uma prática política verdadeiramente democrática, assente na verdade, e menos em manipulações e truques que se notam e desacreditam a prática democrática", alertou.

De cada vez que se ouvem os políticos com cargos de responsabilidade a falar de ânimo leve e promessas fantasiosas, desmentidas a curtíssimo prazo, e lermos opiniões de pessoas bem conceituadas, conclui-se que há conceitos inerentes à política que necessitam de clarificação para poderem servir de apoio à governação e ao exercício de comunicar, informar e esclarecer. Por exemplo Convém dar muita atenção à necessidade de definição dos seguintes conceitos e ver como estão a ser encarados: soberania, democracia, globalização, equidade, justiça social, ética, moralidade no fisco e na gestão do dinheiro público, corrupção, tráfico de influências, enriquecimento ilegítimo, promiscuidade entre funções políticas e privadas, e por cima de tudo isto o funcionamento da Justiça igual para todos os cidadãos independentemente das funções que exercem.

Imagem de arquivo

2 comentários:

menvp disse...

DÍVIDA É PODER: Quando Manuela Ferreira Leite anunciou que a dívida estava a crescer demasiado, e que era necessário tomar medidas sérias contra esse crescer da dívida... os investidores entraram em pânico: sem Estados endividados... não seria possível ter acesso a privatizações selvagens.
-> Consequentemente: trataram de dar a volta à situação: Manuela Ferreira Leite foi enxovalhada pelos Media e apoiantes seus foram silenciados (nota: os Media são controlados pela superclasse)... em simultâneo... os Media deram amplo destaque a marionetas/bandalhos: «há mais vida para além do deficit».
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-> Muito mais importante do que 'Vira o Disco' (leia-se, eleições atrás de eleições) e do que 'Greves Gerais'... interessa aprender com o know-how islandês: o poder político e financeiro não são lá muito de fiar... leia-se, a Islândia não é de esquerda nem de direita: é avessa a desvarios capitalistas...
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-> Na Islândia (a revolução censurada pelos Media, mas vitoriosa!) podemos aprender o seguinte: não se pode passar um cheque em branco... quem paga (vulgo contribuinte) tem que ter uma palavra a dizer!
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Resumo (foi tudo feito pacificamente):
- Renegociação/reestruturação da dívida;
- Referendo, de modo a que o povo se pronuncie sobre as decisões económicas fundamentais;
[Sugestão 1: blog «fim-da-cidadania-infantil» - Direito ao veto de quem paga (vulgo contribuinte); Sugestão 2: emissão de dívida pública... só mediante... uma autorização obtida por meio de um referendo]
- Reescrita da Constituição pelos cidadãos.
{Obs 1: Os políticos e os partidos políticos vão ter que se aguentar... leia-se, têm de passar a ser muito mais controlados pelos cidadãos}
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Anexo:
Paulo Morais, professor universitário - Correio da Manhã – 19/6/2012
"Com estas artimanhas (...) os banqueiros dominam a vida política, garantem cumplicidade de governos, neutralizam a regulação. Têm o caminho livre para sugar os parcos recursos que restam. Já não são banqueiros, parecem gangsters, ou seja, banksters."

A. João Soares disse...

Caro menvp,

Agradeço a sua visita e este óptimo comentário.
O exemplo da Islândia constitui uma bela lição e já aqui foi referido várias vezes
- Islândia realizou revolução pacífica
- é um caso a estudar
- Islândia, um Estado de Direito
- Islândia dá lições

Nunca é demais pontar os bom+ns exemplos. Esse é o meu método utópico e idealista que reconheço não ser suficiente para convencer os eleitos a resistirem aos «banksters» e serem mais conscientes das suas responsabilidades perante o POVO.

Por isso publiquei este seu comentário em lugar mais visível como post.

Abraço
João