sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Pés na terra a olhar o futuro

Transcrição de artigo seguida de NOTA:

Alô? Há alguém com os pés assentes na terra?

Correio da Manhã 30-11-2012. 1h00. Por: João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)

Todas bem juntinhas, as asneiras que Pedro Passos Coelho já acumulou ao longo de ano e meio de governação dariam para uma terceira ponte sobre o Tejo.

Mas quando assisto aos debates parlamentares em torno do orçamento e depois ouço a entrevista do primeiro-ministro na televisão, fico tristemente convencido de que se amanhã houvesse eleições eu voltaria a votar no PSD.

Passos Coelho tem tratado muito mal o meu voto, porque o empenho com que se atirou à minha carteira foi muito superior ao empenho com que se pôs a emagrecer o Estado. Mas quando ele fala, pelo menos vejo que há ali uma pessoa que percebe o problema. Ou duas, juntando Vítor Gaspar. Ou três, juntando Paulo Macedo. (Paulo Portas é melhor não juntar.) Eu até posso não concordar com as soluções propostas, mas pelo menos concordo sobre o que está mal.

É poucochinho? É. Só que do lado da oposição é o deserto intelectual. Toda a gente anda aos gritos e a proclamar diariamente a "ruptura política e social", mas a verdade é que o povo, numa sondagem feita já esta semana, continua a defender por uma larga maioria (63,5%) o cumprimento do acordo com a troika. Será mesmo o PSD que está desligado da realidade? O PS de António José Seguro está convencidíssimo de que anda a dizer aquilo que o país quer ouvir, mas eu estou muito menos certo disso do que ele.

O realizador português Gonçalo Tocha assinou este ano um filme sobre a ilha do Corvo, ao qual chamou "É na terra não é na lua". Parece-me o conselho perfeito para a oposição ao PSD e para uma vasta galeria de comentadores apocalípticos. Meus senhores: isto é a Terra. Se querem a Lua, inscrevam-se na NASA.

NOTA: Parece que tem razão e faz gerar a dúvida, quase certeza, de que a maioria dos portugueses, no seu progressivo empobrecimento e na ansiedade dele resultante e da falta de um sinal de esperança, vive nas nuvens ou na Lua e perdeu a noção das realidades terrenas.

Mas, em democracia, «a soberania reside em a Nação» e, por isso, seria bom que, ao lado ou em vez das muitas asneiras referidas no primeiro parágrafo, surgissem ideias para que cada cidadão se consciencializasse das realidades e se criasse um pensamento alargado a muitos por forma a encontrar a pista de salvação para que, com os pés na terra, se pudesse sair da crise e enveredar pelo caminho do crescimento da riqueza nacional e do bem-estar dos cidadãos.

Esse seria um papel adequado aos partidos e às principais instituições sociais, profissionais, etc., num trabalho de equipa, com total convergência de esforços e de vontades. Tudo o que seja a bem da Nação, com justiça social, equidade, proporcionalidade, deve merecer a primeira prioridade, nos discursos, nas acções, nos comportamentos cívicos.

Imagem do CM

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