sábado, 6 de novembro de 2010

O ideal e a Realidade

Não sou jurista, como Vitalino Canas declara ser, procuro ser um cidadão vulgar consciente do meu dever de cidadania e usufruir do direito de votar. Para votar com perfeita consciência, procuro estar atento ao que se passa e reflectir com independência e isenção nos indícios que chegam ao meu conhecimento.

Esta manhã, ao olhar para as notícias online foi-me despertada a atenção para as palavras de Passos Coelho, proferidas em Viana do Castelo, "as pessoas têm que ser responsabilizadas pelo que fazem. Se nós temos um orçamento a cargo e não o cumprimos, se dissermos que a despesa devia ser de 100 e ela foi de 300, aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa, também têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos e pelas suas acções"(…) "sempre que falhamos os objectivos, sempre que a execução do Orçamento derrapa, sempre que arranjamos buracos financeiros onde devíamos estar a criar excedentes e poupança, o que se passa é que há mais pessoas que vão para o desemprego e a economia afunda-se".

Parece que este ideal de Justiça seria inquestionável. E é oportuno falar em RESPONSABILIDADE, num país em que ninguém responde pelos seus erros, a não ser os elementos das camadas sociais mais baixas e desprotegidas, que são sempre o «pião das nicas», o «mexilhão». A Justiça, por definição (Vitalino Canas que me corrija) é abstracta, geral, e obrigatória para todos os cidadãos. E recentemente houve notícias de exemplares julgamentos com condenação de políticos em países do Norte da Europa onde a democracia nada tem que aprender com a que se pratica em Portugal. Também na América do Norte e do Sul (Alberto Fujimori) se tem visto essa responsabilização. Olhando para o Extremo Oriente, encontramos, além de outros casos, os da Coreia do Sul em que em Agosto 1996, os ex-presidentes Roh Tae-Woo e Chun Doo Hwan, foram condenados, respectivamente, a 22 anos de prisão e a pena de morte.

Às palavras de Passos Coelho, Vitalino Canas reagiu dizendo, a coberto de ser jurista, que «em democracia o que incide sobre os políticos é sobretudo a responsabilidade política, o risco que correm de serem penalizados politicamente». Quererá dizer que devemos continuar a ver o País a saque como fica claro nos casos referidos em um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete?

Pois as realidades vigentes mostram que o voto, como responsabilização dos políticos não tem efeito penalizador. A população apática, pouco propensa a análise e reflexão, deixa-se manipular pelas mais rudimentares técnicas de controlo efectuadas por vendedores de banha da cobra mais ou menos experientes . Como se viu, o voto não penalizou os candidatos autárquicos, Fátima, Valentim, Torres, Isaltino e outros, que estavam sob suspeita de faltas graves contra ao interesses nacionais e não impediu a reeleição.

Passos Coelho não teria razão para emitir tal opinião, que tanto choca Vitalino, se a AR (oito) desempenhasse rigorosamente e em permanência a sua função de fiscalização dos actos públicos do Governo, das Autarquias e das instituições que gerem dinheiro público, evitando de tal forma os exageros perdulários que esvaem os cofres do Estado .

Porém, concordo totalmente com as palavras de Vitalino quando diz que «os políticos têm que ser mais prudentes no que dizem». Mas sei que estou a concordar mais do que o próprio autor deste conselho, pois muitas vezes tem esquecido esta regra salutar, no que não tem estado só, pois não podem esquecer-se algumas «tiradas» dos seus colegas Assis, R Rodrigues, Santos Silva e outros de maior responsabilidade.

Imagem da Net

6 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Essa da responsabilidade política é óptima.
É a suprema garantia que nunca vai acontecer porra nenhuma a quem faz asneiras.
Ou que vai parar a um exílio dourado.
Para esse peditório o pessoal já deu!!
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Pedro Coimbra,

Realmente o Exmo deputado Vitalino Canas tem muita razão quando defende que «os políticos têm que ser mais prudentes no que dizem».É preciso que ele acredite naquilo que diz e se comporte em consonância. DEVE SER PRUDENTE NAQUILO QUE DIZ. Não deve continuar convencido de que os portugueses são todos ignorantes e ovelhas dóceis.

Um abraço
João
Só imagens

Bmonteiro disse...

Testemunho de um antigo comandante das FdS de Macau.
Se estiverem com o Vitalino, podem dizer-lhe em voz alta: corru...corrup...corrupto.
Chegado a Macau com umas calças de ganga coçadas... veio de lá abastado e bem, Até hoje.
Um dos expoentes bonzos do regime.
BMonteiro

A. João Soares disse...

Caro B Monteiro,

Isso vem reforçar que DEVE SER PRUDENTE quando fala, deve evitar falar e deve evitar atirar pedras porque tem telhados de vidro.
Por isso é que não quer a justiça e a responsabilidade.
Ao dizer que é jurista nada se valoriza, mas enterra os colegas quanto a fama e à imagem pública.

Um abraço
João
Só imagens

Táxi Pluvioso disse...

Mais um Sebastião mas o resultado será o mesmo. Os portugueses já deveriam ter notado que o mal está neles, e não nos dirigentes (que não caem do céu, nasceram em Portugal, filhos de mães portuguesas). Eu, como português, já reparei.

A. João Soares disse...

Caro Táxi pluvioso,

Realmente os políticos são «escolhidos» pelo povo, são uma amostra da Nação, mas uma amostra mal escolhida que não correspondem ao melhor que existe no País, antes pelo contrário. Têm aqui sido referidos portugueses exemplares no mundo da ciência, da tecnologia e da acção social em benefício das pessoas. Dos políticos raramente se pode dizer algo de positivo, a não ser a arrogância, ostentação, enriquecimento rápido, para quem aprecie isso.

Mas é o povo que os escolheu ou, mais rigorosamente, que escolheu a lista em que eles constavam. Nessa lista reside um dos piores defeitos do sistema. As pessoas acabam por votar nas promessas fantasiosas do número um da lista, mas atrás dele estão indivíduos desconhecidos, sem darem a conhecer o seu currículo, as suas virtudes e capacidades. Recuso-me a votar, a dar a minha confiança a pessoas de quem nada sei e, por isso, voto em branco, com o significado de que nenhuma das listas me merece confiança, por nada saber de alguns ou de todos os seus elementos. Não quero ser culpado, cúmplice ou conivente de determinados tipos serem deputados ou formarem governo.

Um abraço
João
Saúde e Alimentação