sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Lacão descobre a pólvora

Depois da lança em África lançada por Vitalino, surge agora Lacão a descobrir a pólvora, dizendo que "Não era substituindo pessoas que os problemas passariam por milagre a ser resolvidos".

O Sr. Ministro deveria saber que os portugueses não são assim tão obtusos que acreditassem que a simples mudança de caveiras nas cadeiras do poder iria, só por si, resolver os graves problemas de Portugal, criados durante os últimos governos. O mal não está nas pessoas mas naquilo que elas mostraram fazer ou deixar de fazer, na podridão em que transformaram a máquina do Estado.

Só que quem foi causa do problema dificilmente será parte da sua solução. E não se imagina que os actuais «donos» do Poder sejam capazes de acabar com irresponsabilidades, imunidades e impunidades e eliminar dezenas de Instituições públicas em conflito por sobreposição com outras, inúteis e prejudiciais por complicarem o funcionamento da máquina administrativa, outras com excesso de «gestores», fundações e outros sumidouros de dinheiro público, sem a mínima hipótese de rentabilidade em termos nacionais.

Agora fala-se no BPN e no BPP , mas na América o caso do banqueiro Madoff ocorrido na mesma data foi resolvido com sentença aplicada passados seis meses. Já lá vão anos e em Portugal ainda se está nas buscas domiciliárias, ignorando-se quando haverá sentença, se é que entretanto o processo não é arquivado ou prescrito. Também no âmbito da Justiça, é notícia a forma discutível como foi decidida a Fusão dos Serviços Prisionais e da Reinserção Social que agora cria dificuldades, o que evidencia não ter seguido a regra salutar de Pensar antes de decidir. Não se pode dizer que se funde, elimina ou organiza uma instituição ou instituições só para servir de propaganda política, é preciso estudar bem os problemas antes de lhes aplicar a solução mais adequada aos verdadeiros interesses nacionais.

É indispensável que o governo passe a contar com pessoas com capacidade, vontade e sem amarras, que possam, com sentido de responsabilidade e de Estado, reorganizar toda a máquina de Estado, pessoas disciplinadas e disciplinadoras que procurem a maior simplicidade sem nada de supérfluo, capazes de despedir «boys» e de os aconselhar a criarem empresas privadas individuais, em actividades sem ligação ao Estado, em que sejam capazes de sobreviver, isto é que tratem da sua vida, sem estarem a mamar indevidamente nas tetas do Estado.

Imagem da Net

2 comentários:

M. Amaral de disse...

Contrariamente ao que dizem estes "tenores" do PS (....e porventura pensarão outra coisa)o que está em causa é uma imagem de credibilidade definitivamente prejudicada pelo histórico dos procedimentos e decisões dos personagens principais deste governo. A realidade é que ninguém acredita que cumpram os compromissos assumidos como têm feito inúmeras vezes desde há anos. E esta realidade é percebida tanto internamente como externamente. Daqui resulta a necessidade duma acção de "higiene política" que possa restabelecer a confiança e que seja acompanhada de acções de restabelecimento duma moral social motivadora.

A. João Soares disse...

M Amaral de,

Não sei se o M é de Manuel ou de Maria, ou das duas coisas! Mas costumo responder a qualquer anónimo que comente em termos urbanos.

Levanta um pormenor com pertinência. A falta de seriedade nas afirmações públicas deteriora a credibilidade dos parlantes e a falta de confiança que inspiram na população e no estrangeiro. Os juros da dívida não são devidos a má vontade dos investidores, dos credores, pois esses não se movem por emoções ou sentimentos, mas apenas por números e dados que permitam calcular os riscos dos investimentos. Sempre que os papagaios do regime dizem disparates ou incoerência e contradições, o risco aparece acrescido e os juros sobem.

Por essa razão, como diz o M Amaral, «há necessidade duma acção de "higiene política" que possa restabelecer a confiança e que seja acompanhada de acções de restabelecimento duma moral social motivadora». Não se pode continuar a mudar pequenas coisas e deixar na mesma tudo o que é essencial, todas as causas irracionais de despesas inúteis.
Mas também não adianta mudar as pessoas por outras eivadas dos mesmos vícios e manhas. A desratização e desparasitação deve ser radical no regime reorganizando tudo conforme o que for decidido num compromisso alargado, num Código de conduta aprovado por todas as principais forças políticas, com vista aos interesses nacionais.

Cumprimentos
João
Do Mirante