terça-feira, 1 de julho de 2008

África. Conivência e sentimento de posse dos líderes

Na cimeira Africana no Egipto, Mugabe recebe apoio da quase totalidade dos seus pares, chegando ao cúmulo de o líder do Gabão, Omar Bongo Ondimba, o considerar «herói africano». Isto não admira dado que se encontra no poder desde 1967 (há 41 anos!)

O único que disse que Mugabe devia ser suspenso da União Africana foi Odinga, líder do Quénia, que há meio ano estava na oposição e agora se sente mais solidário com Morgan Tsvangirai, pois, para assumir o poder no início do corrente ano, teve que esperar que serenasse a violência dos apoiantes do seu antecessor.

A democracia em África não tem a mínima semelhança com a que é entendida no mundo ocidental. O próprio Omar Bongo Ondimba diz que a África não deve seguir modelos estrangeiros. Cada dirigente se considera dono do seu País e não admite que haja um opositor que tente derrubá-lo. Existe uma conivência traduzida no apoio mútuo de que beneficiarão directa ou indirectamente, no imediato ou a prazo.

Mas como o dinheiro não dá para tudo e as populações morrem de fome e de doenças, não têm o mínimo rebuço de pedir auxílio aos países ocidentais, os tais que, segundo o «dono» do Gabão, não têm que dar lições nem interferir nas políticas dos ditadores africanos. Sinais dos tempos!!!

7 comentários:

Anónimo disse...

Oi, querido amigo João,
Tu lembras meu pai, sabias? Ele entendi demais de política e ele que me tirava as dúvidas. Meu pai só estudou até a quarta série primária mas lia tanto que ele sabia conversar sobre qualquer tema e dominava o assunto. Sabia o que dizia.
Eu nada entendo de política mas sei o quanto ela mexe com a gente. Tanto que entrei numa depressão danada no início do ano diante de tanta coisa ruim acontecendo no meu país e no mundo. Mas tou melhorando.
Tomara que o mundo melhore pq, do jeito que está, tá difícil ser feliz.
Parabéns pelo teu blog.
Beijinhos.

A. João Soares disse...

Querida amiga Gisele Claudya,
Para compreender a Política basta estar atento ao que se passa e que nos afecta as vidas. Os políticos que temos nada sabem de Política, com P maiúsculo, sabem apenas de politiquice, de guerrinhas entre os partidos para conquistarem o poder e depois o manterem. Mas a governação anda ao sabor dos acasos, com o método primário de tentativas erros e remendos. Com isso, desaparecem os recursos, entra-se em crise, com défices que o povo paga com aumentos de impostos e sucessivos apertos do cinto.
O apego louco ao poder faz compreender o que está a passar-se em África em relação ao Zimnbabwe.
Para não sucumbirmos ao pessimismo a que os acontecimentos nos podem levar, sugiro uma leitura do post recente «Preocupados com as notícias do mundo».
É com estes «factores de risco» que temos de continuar a viver, mas devemos procurar contribuir para os melhorar, dentro das nossas possibilidades.

Beijos
João

Anónimo disse...

Lamento, João, mas desta vez apenas em parte posso estar de acordo consigo. :-(

Vejamos: no seu 3ª parágrafo revela bem o que é a África, a sua cultura e os seus nativos.
Uma África de princípios tribais, onde tudo era resolvido de uma forma democrática “a seu modo” mas que resultava.
Uma África que aprendeu os princípios democráticos ocidentais da pior forma, onde se dividiram etnias consagradas e se uniram ódios também sagrados porque ancestrais. “Dividir para reinar”, faz lembrar alguma coisa? Alguma semelhança com o presente?

Condenámos, com fundamentos humanistas o apartheid sul-africano? Provavelmente teria sido correcto condená-lo também na antiga Rodésia de Ian Smith e que terminou apenas pela força das armas da resistência negra, Mugabe entre esta, porque as “negociações democráticas” com o governo britânico não resultaram! (?)
Mugabe não quer deixar o país na mão de brancos e o outro não o queria na mão dos negros. Boa!

Uma África que foi explorada nas suas riquezas naturais e na mão de obra “dada”. Ainda hoje, se quisermos realmente saber, nos podemos aperceber do que a democracia ocidental faz por este continente e por estas gentes…
Como poderemos condenar esta união fraterna entre chefes de estado? O passado e o futuro das suas gentes foi escrito há muitos, muitos anos atrás!

Obviamente que nunca poderei defender as atrocidades que se praticam em nome de um “Soba”, mas também as condeno no mundo ocidental, supostamente instruído e democrático e, também ele gerido por “Sobas” que apenas diferem dos originais na cor da pele e nas origens. (Por falar nisso, parece que a Humanidade começou em África, o que poderá explicar muita coisa!)

Finalmente, a parte económica, ou o auxílio económico. Lá diz o velho provérbio chinês: "Quando um homem te pedir de comer porque tem fome, não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar!" Pois… a verdade é que foram poucos os que ensinaram a pescar, mas demasiados os que foram lançando peixes, por vezes podres, para alimentar estas gentes. Algo de novo no presente?

Ainda há poucos anos este país esteve na mira do Ocidente dado o seu desenvolvimento e o elevado nível de educação do seu povo. Terá sido esse interesse que provocou o descalabro? ...E eu sei?

Com mais tempo e alguma pesquisa, encontraria certamente muitos mais argumentos, mas penso que nem é necessário fazê-lo. Basta que tomemos atenção às notícias que todos os dias nos entram em casa.

Uma nota mais: o banto, etnia maioritária no Zimbabué, usa um dialecto da língua banta que significa "colectivo de seres humanos". Interessante, não?

Haveria pano para mangas, como se costuma dizer, para falar sobre este assunto mas penso que para comentário polémico já chega! :)

Manuela

Anónimo disse...

Encontrei uma notícia antiga que talvez possa ilustrar o meu anterior comentário.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020305_pmugabe.shtml

Cumprimentos
Manuela

A. João Soares disse...

Cara Manuela,
Muito obrigado por este seu bom trabalho para ajudar a compreender a África, tão desconhecida e desprezada pelos europeus.
Os políticos ocidentais sempre gostaram de impor os seus caprichos, tal como agora estão a fazer quanto à União Europeia, contrariando séculos de tradições, usos e costumes, com a imposição de simples decretos. Depois, as realidades estragam as arquitecturas artificiais.
Quanto ao seu link, não me levou a nada. Podem faltar algumas letras no fim.
Beijos
João

Anónimo disse...

Obrigada pela sua compreensão :-)
Quanto ao link, tem razão,está incompleto.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/
noticias/2002/02030_pmugabe.shtml

A notícia é de 07 de março de 2002 e foi publicada na BBC Brasil com o título
"Robert Mugabe: no comando desde a independência "

Se, também esta é tendenciosa, já não sei. Habituei-me a colocar muitas em questão. :)

Cumprimentos
Manuela

A. João Soares disse...

Cara Amiga Manuela,
Não consegui abrir o link, mas mesmo sem ele, coloquei o seu texto num post com uma nota final como desafio a comentadores. Seria interessante que houvesse opiniões diversas para se aprofundar o tema.
Cumprimentos
João