No bairro da Quinta da Fonte, no concelho de Loures, três instituições religiosas organizam uma marcha da paz com a intenção de gerar melhores condições para uma vida harmoniosa entre habitantes de diferentes origens. É uma iniciativa de louvar, mas deve haver o maior cuidado em evitar parcialidade. Deve fugir-se à criação de grupos de uma das partes em conflito e, tanto quanto possível, misturar indiscriminadamente pessoas de diferentes origens. Dessa forma, será o primeiro passo para o convívio dos diferentes.
Quando trabalhei na Casa do Adro, em Loures em vizinhança e interacção com as senhoras dos serviços culturais e outros de índole social, criei a melhor impressão do trabalho entusiástico que desenvolviam. Não tenho conselhos a dar-lhes, mas não deixo de aqui lhes transmitir estas reflexões.
Penso que, para evitar confrontos como os ocorridos recentemente no referido bairro, todas as Câmaras, escolas, religiões, principalmente onde existam bairros em risco, deveriam incentivar a constituição de grupos culturais, artísticos, desportivos, de actividades artesanais, etc., com pessoas de origens diferentes. Dessa forma, sem acções não competitivas, mas de trabalho de equipa, em boa colaboração, seriam criados hábitos de compreensão, tolerância, convívio amistoso, que afastaria as oportunidades de ocorrência de actos violentos inter-étnicos. E, para obter resultados materialmente visíveis, esses grupos poderiam dedicar umas horas por semana a serviços cívicos em benefício de toda a colectividade, independentemente de quem lá vive
O respeito mútuo é indispensável para a convivência pacífica e a amizade. Tem de haver lugar para todos.
A Decisão do TEDH (396)
Há 1 hora
3 comentários:
Comungo com o espírito que preside às suas palavras e intenções.Nada mais saudável do que viver numa sociedade multi-ética. Eu já vivi. É enriquecedor. Motivador. Estimulante. Provado está no entanto que tal só funciona quando há emprego para todos e existe uma cultura de amor entre os seres humanos. Nada disto existe aqui, muito menos nestes bairros.E se não existe... o que nasce como praga é a viiolência, ligada ao racismo e ao tráfigo de armas e de droga. Só tardiamnente, in-extremis, é que as organizações laicas ou religiosas vêm manifestar-se. E depoios? Nos outros dias? Mas claro que subscrevo as palavras do meu amigo.
Um abraço.
Eduardo Aleixo
Eduardo Aleixo
Muito obrigado pelas suas palavras. Concordo consigo sobre as condições não serem favoráveis a grandes alterações. Acredito que a violência resulta do desemprego, da ociosidade e da falta de educação cívica e do apoio social de quem possa dar bons conselhos e orientações positivas.
Mas acho que um trabalho feito com seriedade junto dos jovens ainda não viciados na luta pelo poder nos negócios, poderá criar boas condições para um futuro melhor. As modificações das sociedades não ocorrem com o gesto de uma varinha mágica, mas sim com um trabalho lento, mas perseverante. É preciso um pouco de entusiasmo e fé nas boas intenções. Esse apoio até pode ser útil na realização em grupo de trabalhos artesanais que, além da aprendizagem de interacção com espírito de grupo, pode dar dinheiro com a venda dos trabalhos feitos.
Haja quem esteja em posição de fazer algo no bom sentido. As Câmaras que têm tanto funcionário pouco ocupado, bem podem dar um forte impulso na ocupação dos jovens em acções sem discriminação.
Abraço
A. João Soares
Sem dúvida, amigo. Há que confiar nos jovens. Há que criar trabalho útil onde existe ociosidade. As Câmaras devem, deviam, prestar atenção a um trabalho sistemático, que leva tempo...Concordo. Logo, há que saber pensar a longo prazo. Enfim, estou de acordo consigo. Tanta coisa que este país precisa de fazer, mas a sério, longe de preocupações meramente eleitorais, mediáticas, egoistas e suparficiais. Pronto, não roubo mais o seu tempo e espaço.
Foi um prazer.
Abraço
Eduardo Aleixo
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