Apesar de a cimeira da CPLP ter aprovado uma importante resolução em que os oito signatários assumem o compromisso de promover e valorizar o português, ela foi ensombrada pelo desinteresse que Luanda e Maputo lhe votaram.
Angola fez questão de se sub-representar:
- Na cimeira de chefes de Estado esteve o primeiro-ministro Fernando Dias Santos em vez de José Eduardo dos Santos.
- Na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros não participou João Miranda, o chefe da diplomacia, mas antes o seu número dois, Jorge Chicoty.
- E até, num encontro de embaixadores, o representante de Luanda em Lisboa (Assunção dos Anjos) foi substituído pelo embaixador angolano em Bissau!
Maputo somou à ausência do Presidente Guebuza a da primeira-ministra Luísa Diogo, atirando assim o acidental MNE de Moçambique para a fotografia oficial da cimeira, ao lado de Lula, Cavaco e do Nobel da Paz Ramos-Horta.
Quanto a Angola, isto faz recordar o que se passou em Lunada uns dias antes, durante a visita de José Sócrates, o qual, na sua habitual linguagem hiperbólica, manifestou uma subserviência ao homem rico do petróleo, dos diamantes, dos minérios, da agricultura e pecuária e das pescas, de uma forma exagerada, como ficou descrito no post «A todos os títulos notável». Lamber botas nem sempre paga dividendos. Neste caso, Eduardo dos Santos não teve a mínima gratidão pelas palavras que lhe foram dirigidas. Esperamos que, para a boa imagem e dignidade de Portugal, este caso sirva de exemplo e de lição para futuras relações internacionais.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Subserviência nem sempre paga dividendos
Publicada por A. João Soares à(s) 22:25
Etiquetas: dignidade, subserviência
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6 comentários:
A uma Cimeira com tão fraca presença de altos responsáveis, chamaria antes um Encontro de Verão. Que devia ter sido realizado, de forma muito mais agradável, na aprazível província do Allgarve.
Um abraço anarquista
Caro Savonarola,
Eles têm que se ocupar com alguma coisa e, para saloios, qualquer romaria serve.
Um abraço
A. João Soares
Independentemente dos elogios de Sócrates, o desinteresse de Maputo e Luanda serviu para esclarecer que os 2 países estão mais interessados em linhas de crédito e perdões de dividas que outra coisa qualquer.
Caro AP,
Quanto a este assunto, está muito esclarecido. Mas se esses interesses podem ser justificados quanto a Moçambique, o mesmo não se passa da mesma forma quanto a Angola, onde os proventos do petróleo, dos diamantes e das indústrias ligadas aos minérios, agro-pecuária e pescas, dão uma ideia de abundância de meios de pagamento. Um país com tais potencialidades económicas não tem dificuldades em obter linhas de crédito e não precisa de perdão da divida.
Um abraço
A. João Soares
Caro João,
Tem toda a razão, Angola não precisa! Até se gabam que não precisaram de conferência de doadores. Mas na prática não é isso que se verifica... Lembro que a industria em Angola (Agro-pecuária, pescas, etc) ainda não existe e o petróleo tem um peso de 70% (ou mais!) no PIB, sendo que a linha de 9 mil milhões (!!!) de dólares aberta pela China é paga, precisamente, em petróleo.
Caro AP,
Angola neste momento ainda não tem as indústrias ligadas ao sector primário, como me diz quem está bem informado. Mas não lhe faltam potencialidades para em pouco tempo retirar da terra e do mar grandes riquezas. A não ser nos minérios de grande interesse estratégico, Angola é potencialmente mais rica do que a África do Sul. Se for bem governada, terá em breve um futuro brilhante.
Deve ter sido a pensar nisso e para entusiasmar os empresários e técnicos portugueses que Sócrates foi tão lisonjeiro nas suas palavras hiperbólicas.
Abraço
A. João Soares
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