Desde sempre, as grandes catástrofes e as crises, mesmo que de âmbito menos grave, resultam em alterações de comportamentos com ajustamentos de procedimentos e adequação das despesas, cortando com consumos menos necessários ou facilmente substituíveis por outros.
Actualmente, as pessoas estão perante grandes elevações de preços desde as energias até aos alimentos imprescindíveis. A falta de treino nas contas dificulta uma adaptação rápida mas, mesmo com atrasos, ela está a aparecer.
Segundo diz o ditado «a necessidade aguça o engenho» e a capacidade de improviso e de desenrascanço da população está a evidenciar a sua engenhosidade na procura de soluções.
Hoje no Diário de Notícias e no Jornal de Negócios é tornado pública a grande queda do consumo de gasolina, principalmente a de mais octanas e um ligeiro aumento do consumo de gasóleo.
Isto representa que muita gente optou por deixar o carro parado e por utilizar os transportes públicos. E aqueles que não podem deixar de usar o carro, passaram a consumir gasolina mais barata quase deixando de ser vendida a aditivada e a preferir carros a gasóleo por motivo de economia. Por outro lado, diminuiu o culto do carro novo o que levou as vendas de carros a baixar significativamente.
O aspecto negativo do fenómeno, além de significar um amortecimento da actividade económica, é o risco de encerramento de muitas empresas que se dedicavam à venda de combustíveis e de veículos, com o respectivo aumento do desemprego. Mas as pessoas ao gerirem os seus problemas não podem limitar-se com essas consequências. Isso acontece sempre que há alterações económicas e tecnológicas; quando começaram a ser utilizados os automóveis, há cerca de um século, deixou de haver trabalho para os ferradores, construtores e reparadores de carroças e tratadores de cavalos. Há que fazer a reconversão das empresas que encerrarem e a reciclagem das suas actividades. A flexibilidade de emprego é cada vez mais frequente e exige dos trabalhadores mais capacidade e vontade de aprender novas tarefas em actividades diferentes. O progresso não se compadece com incapacidade de adaptação das pessoas. É bom que todos se compenetrem deste fenómeno e o encarem de modo positivo, construtivo.
É nas crises que é fundamental a possibilidade de adaptação a novos trabalhos, o improviso, a inovação e a competência que permita produtividade crescente.
El País
Há 20 minutos
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