O jornal gratuito «Global Notícias» de 8 do corrente traz a notícia de que na «Região Oeste, Estradas compensam saída do Aeroporto». É um título estranho que nada beneficia a imagem do Governo.
Vão ser investidos na região 197 milhões de euros com o argumento de «compensar as populações pela mudança de localização do aeroporto da Ota para o campo de tiro de Alcochete». Vai ser alterado o panorama de acessibilidades da região.
Trata-se de um região que já tem a linha de ferro do Norte e do Oeste, irá ter o TGV para o Porto, tem as auto-estradas A1, A8 e A10 e o IC21, e agora, além de vários troços de ligação, vai também ter o IC11.
Vai correr-se o risco de uma tão densa quadrícula tipo urbano de avenidas e ruas largas, chamadas auto-estradas e itinerários complementares, irem prejudicar os muitos campos de golfe já construídos e a construir na região!!!
Pelo contrário, ninguém pensa nas acessibilidades de Vila Nova de Paiva para Tabuaço e Carrazeda de Ansiães, ou de Meda para Lamego, de Castelo de Paiva para S. Pedro do Sul, de Vale de Cambra para Lamego, de Oliveira do Hospital para Castelo Branco, de Penamacor para a Covilhã, etc. Nenhum governante pensa a sério no interior, ignora-o totalmente.
À Ota nada tiraram a não ser uma esperança que não se concretizou e que veio a comprovar-se que não passava de uma ilusão sem fundamento bem explicado. Mas o facto de tudo ter ficado na mesma, não justifica tão grande necessidade de novas acessibilidades. Um falso argumento. Tal profusão de comunicações seria menos ilógica se ali fosse construído o aeroporto.
Faz recordar o jovem pai que naquele fim-de-semana fica com o filho ainda criança e o leva a almoçar ao restaurante. O miúdo está mal-educado devido ao mimo dado pela mãe e pelo pai que lhe satisfazem todos os caprichos a fim de ele não fazer birra. Há entre eles uma chantagem mútua. Recusa a sopa e exige chocolate, senão faz birra, e o pai, para evitar tal aborrecimento, manda-o ir ao balcão escolher o chocolate que lhe agrada. Entre eles não há diálogo útil, não há capacidade de conversar sobre as vantagens da sopa e ensinar a criança a raciocinar de forma lógica e sensata. Desta forma não se educa uma criança e apenas se cria um monstro ou um potencial criminoso.
Esta «compensação» à Região Oeste é um fenómeno semelhante ao referido neste exemplo, é a «política do chocolate». Para evitar manifestações, como as dos camionistas, professores, etc., e a consequente perda de votos, dá-se o chocolate.
O que é muito sintomático é que o próprio Governo já não se apercebe do ridículo da argumentação e usa-a com uma naturalidade impressionante, preocupante, e nem dá conta que agrava a diferenciação entre o litoral já demasiado favorecido e o interior cada vez mais abandonado.
terça-feira, 8 de julho de 2008
A política do chocolate
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6 comentários:
Até às eleições o Governo, perante uma contestação forte vai ceder em toda a linha, para evitar manifestações tipo camionistas...
É navegar junto à costa...
Um abraço
Compadre Alentejano
Caro Compadre, E assim vão sendo desprezados os interesses nacionais e a gestão dos nossos escassos recursos. Os políticos colocam acima de tudo os seus interesses pessoais e, depois, os votos no partido. O resto que se lixe.
Um abraço
A. João Soares
O problema é que só há dinheiro para rebocar a fachada, aquela que vêm os turistas e investir onde já existe producção, o interior, tipo alqueva, será para ir vendendo aos estrangeiros.
Lógica de papalvo!
CRN, Obrigado pela visita e o comentário.
Quando tanto se fala de integração, inserção, igualdade, comete-se o crime de ignorar o interior e de se gastarem fortunas, sem justificação em termos de produtividade e de competitividade, só para compensar o facto de não ter sido cumprida uma falsa promessa. Então, porque não se compensam os portugueses de tanta promessa eleitoral não cumprida?
Qual o critério de dar o chocolate? Se é o prémio aos que podem fazer manifestação, então vamos todos para a rua já a manifestar o nosso descontentamento por este e outros erros de má administração dos recursos públicos, dos nossos impostos. Vamos fazer birrinha, para receber o chocolate.
De que esperamos para isso???
Cumprimentos
João
Esta política arrasta Portugal cada vez mais para o abismo! Se olharmos bem Portugal só existe no litoral o resto não é paisagem é um extenso DESERTO! Duvido que se possa sobreviver continuando com politicas de "faz de conta" e de "chocolate" mas, infelizmente com os actuais "ceguetas-governantes" pouco mais farão pois não passam de míseros "sapateiros" e como tal não sabem tocar "rabecão"!!!
Caro Luís,
Pensava-te de férias e, por isso, mais valor dou ao teu comentário, o interesse de acompanhares os meus desabafos.
Continuo a admirar o teu pode de síntese, que te permite, em poucas palavras, traduzires grande conceitos.
É no litoral que vive a maior parte dos eleitores. Dentro em breve, as campanhas eleitorais passarão a ser mais económicas, ficando apenas pelas cidades do litoral. O resto do País que se lixe. O que estaria certo se fôssemos um País de grande extensão e diversidade, como a Argélia e o Sudão. Mas mesmo aí o perigo pode advir das minorias!!!
Eles que se cuidem!!! Que puxem pelos poucos neurónios que têm e os afinem para funcionarem razoavelmente.
Um abraço
João
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