Tenho aqui defendido a lógica que assiste a movimentos nacionalistas e independentistas e a conveniência de serem tomadas medidas de diálogo e negociação que conduzam a soluções aceites pelas partes, evitando actos de violência que vitimem pessoas inocentes, além de destruírem recursos de toda a ordem, com prejuízo para o desenvolvimento de melhores condições de vida.
É agora notícia a libertação dos reféns das FARC, em que está incluída a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt detida na selva em péssimas condições durante seis anos e meio. Este movimento de guerrilha com quatro décadas de existência que, na sua origem teve ideais sociais e políticos que não conseguiu fazer vencer por métodos democráticos e que quis impor com custos para a população, transformou-se gradualmente numa máquina de violência e de raptos que lhe vale ser classificado como terrorista.
As ideologias e os ideais de justiça social são sempre respeitáveis, mas a violência que assume feições anti-humanitárias não deve merecer apoios. Temos que separar as pessoas e as suas ideias dos crimes contra inocentes, da «justiça» pelas próprias mãos, de forma brutal e desumana. Por isso, acho interessante o pequeno artigo de Ferreira Fernandes no DN, em que critica um site de propaganda de um partido que comentava a libertação de Ingrid Betancourt como a de "um membro da classe política dominante». E deixa a interrogação: «Cada um destes 230 «membros da classe política dominante" portuguesa (…), deveria perguntar a todos os colegas: "Merece algum de nós passar 2323 dias preso, no mato e acorrentado, só por ser democrata ?"»
Diz o jornalista que «a liberdade de expressão não foi inventada só para a gente de bem». Mas é preciso saber separar os valores do respeito pelas vidas humanas, dos interesses partidários. Se somos democratas devemos evitar impor as ideias com recurso à violência. O preceito ‘amai os outros como a vós mesmos’, obriga a reciprocidade para com os opostos (os outros).
DELITO há dez anos
Há 2 horas
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