Estima-se que sejam aproximadamente 50 mil as crianças e jovens sobredotados em Portugal, mas, nem todos estão identificados e muito menos acompanhados no processo educativo, correndo sério risco de entrarem na lista do insucesso escolar. - Jovens válidos são esperança para o País
Segundo o Instituto da Inteligência, as crianças sobredotadas, com um cociente de inteligência (QI) superior a 130, representam 3% da população menor de 18 anos, sendo deste grupo que sai a maioria dos génios da ciência, da arte e do desporto de todo o Mundo.
Sem os apoios adequados este aspecto positivo das crianças acaba por, em vez de uma vantagem, ser um ónus por elas acabarem por se sentirem rejeitadas pelas outras e se desmotivarem pelo estudo e muitas vezes, até, de viver». Por isso, é que se tornou urgente a criação de escolas para pequenos talentos, como defende o Instituto da Inteligência.
A inexistência de estabelecimentos de ensino específicos para sobredotados em Portugal fez com que a Universidade da Criança, localizada no Algarve, avançasse, conjuntamente com o Instituto da Inteligência, para o projecto de criação de uma escola-piloto do 1º ciclo, a iniciar no próximo ano lectivo de 2008/09, em Portimão.
No entanto, segundo o Instituto, «o projecto está em risco de ser suspenso visto que as dificuldades burocráticas e a incompreensão do Ministério da Educação estão a atrasar o processo de legalização». O ministério de Maria de Lurdes Rodrigues contactado pelo jornal gratuito Destak, não forneceu uma explicação para os atrasos burocráticos até à hora de fecho da edição de 18 do corrente.
A escola, de características inovadoras e pioneiras na Península Ibérica e até na Europa (em alguns aspectos), já suscitou o interesse de algumas entidades espanholas que, segundo o Instituto da Inteligência, podem vir a importá-lo. Esta situação «não deixaria de ser bizarra, embora não fosse invulgar em Portugal», acrescentou fonte do Instituto. Se esta hipótese se confirmar, os sobredotados portugueses poderão ter de recorrer ao país vizinho para ir à escola. E, provavelmente, acabarão por ali vir a exercer as suas futuras actividades científicas, artísticas ou outras.
Se não for encontrada a melhor solução para o País fica, mais uma vez, demonstrada a nossa teimosa vocação para a mediocridade, com rejeição daquilo que de mais válido existe dentro das fronteiras. Tem sido em vão que neste espaço se tenha chamado a atenção para a importância dos jovens excepcionais que prometem elevar o valor de Portugal. É imperioso que se valorize o capital humano em que tem de assentar a reconstrução de Portugal, como repetidamente aqui e aqui tem sido expresso.
- Mais um caso de jovens válidos
Miguel Sousa Tavares - Uma opinião corajosa
Há 6 horas
6 comentários:
'Teimosa vocação para a mediocridade'. Verdade. Quando teimosia significa estupidez. Beijos.
Mas...
A intenção é desenvolver capacidades que amanhã se podem tornar problemáticas ou nivelar por baixo, ao nivel do "carneirada"?
Querida Paula,
Realmente teimosia, em erros, é estupidez. Recusa de adoptar boas soluções, além de estupidez é culto de mediocridade e incompetência para ocupar lugares, que estão além do limite de Peter.
Beijos
João
Caro Xelb,
Mas haverá intenção?
Saberão os políticos o que é intenção? Ou limitar-se-ão, nas questões que aparecem, a deitar a moeda ao ar no sim ou não?
Dizem os entendidos que o ser humano decide condicionado por sentimentos de amor ou ódio. Em casos de politicos, o amor só existe para os benefícios deles e dos amigos do clã, sendo tudo o resto olhado com ódio e recusam qualquer sugestão ou proposta que venha dos outros.
Duvida? Olhe as sucessivas moções de confiança na AR. Apenas são aprovadas pelo partido que é autor. Os outros não querem alinhar, embora com eles intimamente concordem e, pouco tempo depois apresentem uma moção que também, pelo mesmo critério, será aprovada apenas por ele. Egoísmo, inveja, vaidade, tudo estupidez.
Abraço
João
Ora viva, ilustres comentadores :)
Só uma “achega” para a discussão. As contradições dos nossos governantes percebem-se em atitudes que não são medidas e pensadas em termos futuros, a não ser o destino que antevêem para o seu próprio ego. Como bem ilustra o João, o local de debate prós e contras, o centro das decisões mais importantes do país, não passa de um metafórico pombal de interesses individuais, económicos e partidários, povoado de pombos-correio disfarçados, em campanhas coloridas, de defensores daquelas mesmas conveniências para um povo, iludido, que juraram defender.
Neste caso concreto, não interessam “centros de desenvolvimento” de cérebros ou de competências que, à partida, se poderiam distanciar de decisões “poucochinhas”, porque não é aí que importa apostar. Os “craques” devem ser rápidos, perceptíveis e proporcionar um lucro instantâneo para, eternamente, ficarem nas memórias dos cultores de um zapping social efémero. Tal como as escolas formadoras a longo prazo estão fora de moda,(embora camufladas por uma capa de igualdade e de oportunidades democráticas), porque delas não se retira esse proveito efémero ultra moderno, também as potencialidades humanas ficarão irremediavelmente comprometidas porque não se compadecem com a celeridade do tempo actual, do hoje que já é amanhã e, em simultâneo, “é” ontem. Apregoa-se a colheita célere a partir de uma raiz podre que, naturalmente, só poderá dar origem a frutos inócuos e insípidos mas com aparente essência. Mesmo sem perceber muito de agricultura, sei que o solo onde se planta tem de ser adequado às diferentes espécies, regado, adubado e lavrado. Não admira, pois, que outros a quem foi dada a conhecer, por experiência, a importância do aproveitamento de recursos “naturais”, deles se aproveitem e deles venham a usufruir de forma calculada, porque pensada.
Cumprimentos
Manuela
Cara Manuela,
Sempre atenta e muito perpspicaz nas suas opiniões. Realmente o futuro está em perigo e Portugal, as suas gentes, continuam a navegar junto da costa à vista das escarpas, sem uma rota bem estabelecida que conduza a um porto previamente escolhido. Somos viajantes que saimos de casa sem rumo, nem destino, nem bússola, nem GPS, com hesitações em cada cruzamento e que ora vamos para Norte ora para Sul e acabamos perdidos a perguntar o caminho para lado nenhum. Temos de passa a andar todos «chipados» para que alguém que nos encontre saiba que somos portugueses e continuamos perdidos sem nos preocuparmos com o «para onde».
Cara Amiga, desta forma, o que serão amanhã os nossos netos? A única saída é emigrarem cedo, obterem lá fora conhecimentos para a vida e por lá ficarem o resto da vida.
Eu bem gostava de ter razões para ser optimista, esforço-mo por isso, mas em vão. Os sinais positivos esvaem-se com a mais leve brisa.
Cumprimentos
João
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