As notícias de que não existe oferta de operários qualificados em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades das obras públicas projectadas não surpreendem. Só espanta que alguém esteja admirado de isto suceder.
Nada acontece por acaso, e é lamentável que os responsáveis pelo País ao longo destas últimas décadas, não tivessem pensado nisto, quando tomaram as decisões erradas sobre o ensino. O encerramento das escolas técnicas e o desprezo pelas profissões conduziu a que hoje poucas pessoas com 20 anos saiba utilizar correctamente uma chave de fendas ou um alicate.
A ambição de ter uma licenciatura não impede que, no decurso do ensino, não se aprenda a conjugar os conhecimentos teóricos e científicos com as técnicas deles advenientes e que se tornam úteis para a vida prática.
A falta de formação profissional torna difícil o desenvolvimento da economia nacional, a competitividade internacional e, consequentemente, as exportações, o equilíbrio da balança comercial e da balança de pagamentos. E, na construção civil, essa falta de qualificação da mão-de-obra, redunda em amadorismo, improviso, falta de rigor, com o risco de desabamento de prédios, pontes e outras obras, e o correspondente custo em recursos financeiros e em vidas humanas.
Os políticos, principalmente os que têm ocupado cadeiras no ministério da Educação, deviam ter sempre presente que da qualidade do ensino depende o futuro do País, em todos os aspectos. O ensino é demasiado importante para que não se brinque com os programas e tudo o que se lhe refere.
domingo, 1 de junho de 2008
Falta mão-de-obra qualificada
Publicada por A. João Soares à(s) 11:27
Etiquetas: ensino, formação profissional, mão-de-obra
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8 comentários:
Para além do que é dito há outros factores que agravam esta situação.
Os poucos operários especializados na construção civil e não só que existem estão a fugir do País afim de noutros lugares poderem usufruir de melhores condições, em especial a Espanha aqui ao lado está beneficiando desta saída em massa dos nossos especialistas. Para o seu lugar estamos a receber mão-de-obra não especializada que não oferece qualquer garantia do trabalho por ela realizado.Os Sindicatos estão fartos de chamar a atenção para este facto mas tudo cai em cesto roto. Daí darem-se acidentes graves por falta de conhecimentos dos operários não especializados. Por um lado pensa-se em poupar por outro agravam-se os custos c0m atrasos , acidentes vários, etc.etc. Não seria melhor reverem-se estes problemas e dar-se a solução adequada aos mesmos?
Caro Luís,
Já o Eça dizia que os emigrantes são as pessoas mais capazes, com mais iniciativa e vontade de inovar. O País não beneficia muito com o apoio aos mais inteligentes e honestos se não lhes der condições chamativas, que não devem ser exclusivas para os «boys» do regime, mas generalizadas a toda a população e as admissões serem feitas por concurso transparente e sério, devendo ser o sector público a dar o exemplo.
Como em todos os problemas sociais, sempre complexos, não há uma solução milagrosa, mas, por isso mesmo, é preciso fazer já aproximações sucessivas, bem orientadas para o verdadeiro objectivo, começando por fazer uma boa definição deste.
Um abraço
João
Pois... E porque a falta de especialização é urgente,nascem como cogumelos cursos com saídas profissionais que...!! Como muita gente não sabe que são venenosos,come-os!
Ah,benditas Escolas Comerciais e Industriais que, graças à democratização de um Ensino justo e igual para todos (!!!), foram fechadas... (Ensino justo e igual para todos? Onde ouvi eu isto? Talvez em alguma das inúmeras reformas...)
Não, não volto a falar deste assunto! :)
Manuela
Cara Manuela,
Todos os cogumelos são comestíveis, mas alguns só podem ser comidos uma vez! Esses cursos são iguais!
A igualdade é uma ilusão que muitos também comeram como se fossem cogumelos. Foi ilusão porque em vez de tornarem o mais pobres iguais aos ricos fizeram o contrário e a vítima foi a classe média que se tornou pobre enquanto os ricos se tornarem mai ricos. Tem sido aumentado o fosso entre ricos e pobres.
Quanto ao ensino, acabaram com saídas para os que têm menos queda para o estudo e a ciências e ficámos sem profissionais de que o País precisava.
E assim o País vê passar o tempo ao sabor de caprichos inconscientes de políticos incompetentes sem experiência da vida.
Cumprimentos
João
Qual quê, as novas oportunidades vão encher o mercado de mão de obra especializada e a preços módicos.
Um pouco como aconteceu com os cursos da CEE lembram-se, mecânicos, técnicos de limpeza, lixadores de madeira, cabeleireiros e esteticistas, astronautas, informáticos, serventes licenciados, cobaias comedoras de cogumelos...
A nossa mão de obra especializada (da melhor do mundo) encontra-se onde é valorizada, encontra-se onde não existem empresários sanguessugas sem visão, encontra-se onde não existem políticos a dar razão aos empresários sanguessugas. E a Mão-de-obra-qualificada portuguesa encontra-se muito bem, mas, longe da sua terra, que teima e continua a ser madrasta.
Abraço
Carlos Rebola
Falando em sistema de ensino, o nosso é muito endogamico. E as universidades são comandadas por verdadeiras seitas. Seitas chefiadas por um cacique (catedrático.não são todos assim) que vai pondo estratégicamente os seus lacaios em lugares chave para exercer sempre o poder. Lacaios que lhes devem o ingresso na instituição com professores: o grau académico demestrado; o doutoramento; a agregação e a subida em concursos na carreira. Tudo isto porque os membros do juri são nomeados pelo tal catedratico (cacique), que vai buscar os "compaghon de route" a outras universidades como troca de favores que ele proprio já fez aos amigos que convida agora mas para fazerem o favor na sua . Assim se perpetua o sistema e a inviabilidade do ensino que não premeia o merito mas o oportunismo e o obscurantismo. Isto poderá dizer um pouco sobre a educação e consequentemente a qualificação dos portugueses... em todos os niveis e não adianto mais!
Um abraço
António Delgado
Caro Carlos Rebola,
Com ironia se dizem as melhores verdades!
Temos bons trabalhadores que são apreciados nos países onde ganham a sua vida. É pena o País não lhes dar condições semelhantes para poder beneficiar do seu trabalho eficiente. A sociedade esta com a tabela de valores éticos e cívicos invertida e canaliza todos os benefícios para os exploradores sanguessugas que dispõem do apoio incondicional dos governantes, na busca de merecimento dos «tachos dourados» que desse apoio lhes advêm.
Estamos numa sociedade condenável ao desaparecimento se não houver uma reconversão rápida e eficaz.
Abraço
A. João Soares
Caro António Delgado,
Este seu depoimento tem o valor de sair de uma cabeça com conhecimento por dentro de vários estabelecimentos de ensino superior, com passagem pelos degraus que o levaram ao cimo de uma carreira brilhante.
Com um tal sistema, a degradação do ensino é inevitável por maior que seja a boa vontade dos melhores professores, mas também não é de excluir que a consciência colectiva sobre os factores geradores do mal poderá ocasional a combustão interna que levará à erupção vulcânica do sistema de que sairá melhoria nos resultados. É preciso que sem acção não surgem essas melhorias. A estagnação só gera «pântanos» poluídos, pestilentos.
Abraço
A. João Soares
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