O futuro já começou a ser preparado e ressalta do somatório de pequenos gestos. Para ser obra perfeita deve haver, além das medidas imediatas a que nos vêem habituando, estratégias e planos de longo prazo que, com lógica, coerência e persistência, façam convergir todos os esforços no melhor sentido.
Como diz Manuela, já são visíveis ideias e acções tendentes a esse movimento que denomina «iluminismo do século XXI». Esta senhora, muito clarividente, não está a sonhar mas, simplesmente, a constatar que a história se repete segundo um movimento sinusoidal, com altos e baixos, e que a situação actual tem semelhanças à que antecedeu a Revolução Francesa que alterou os conceitos político-sociais da época, com repercussões no futuro, Como diz, agora, como então, também «questionamos a sociedade, a política ou até a economia, acreditamos que o ser humano tem direito à vida e à liberdade, criticamos o absolutismo governativo, o mercantilismo e os privilégios de apenas alguns, defendemos a liberdade política e a igualdade de todos perante a lei…».
Luís A Fraga, em comentário, diz que para poder ocorrer a ruptura, a que se chamará concretamente a revolução, só «falta uma ideologia política nova e um ideólogo». Segundo ele, os blogs a que Manuela dá muito valor, «são ensaios, são gritos, são "matéria-prima" para o tal ideólogo que, de novo, só trará a capacidade de síntese de uma análise que todos nós estamos, todos os dias, a fazer.»
Na realidade, há nos blogs que mais se preocupam com problemas sociais e políticos muitas críticas sugerindo linhas de conduta para se conseguir maior justiça social e felicidade para as pessoas. Mas este desiderato não é exclusivo da blogosfera, pois tem sido expresso por pessoas com grande visibilidade e com laços funcionais ao poder constituído, portanto com influência na generalidade dos cidadãos, como o Presidente da República, Mário Soares, Manuel Alegre, e muitos outros de vários sectores da política e da vida social.
Quanto ao encontro de Manuel Alegre com Francisco Louçã, só é pena que tenha havido uma vincada conotação de esquerda, pois seria mais vantajoso para os portugueses que os problemas que a todos afectam fossem analisados com isenção e procuradas soluções aceites pela generalidade dos cidadãos. Mas, provavelmente, não foram convidados participantes de direita e, se o fossem, talvez não aceitassem, porque é difícil para todos colocar os interesses gerais acima das tricas partidárias.
E um dos males nacionais que tem que ser remediado, para que o futuro desejado seja mais positivo para todos os concidadãos, reside nos aspectos da justiça social; em que se abusa das nomeações por compadrio (o que contraria a igualdade de oportunidades e prejudica o funcionamento do Estado), em vez dos concursos públicos em que se escolhe o mérito e a capacidade; em que instituições que devem ser isentas e apartidárias são dirigidas por indivíduos escolhidos pelos partidos; os abusos da ASAE, cuja direcção foi também de nomeação política; as múltiplas comissões que padecem do mesmo pecado original, etc.
Destes males resulta o desconforto, bastante generalizado, e que tem sido traduzido por lamentações referidas a:
-redução do poder de compra da classe média e aumento da pobreza nos mais carentes,
-dificuldades de funcionamento de muitas pequenas e médias empresas,
-idosos com acrescidas dificuldades devido ao critério ineficaz de actualização das pensões,
-o agravamento da sensação de insegurança, na rua e também em casa,
-dificuldades e deficiências na saúde e na educação,
-agravamento da carga fiscal e demora na correcção de erros do fisco,
-mentalidade persecutória das forças policiais e de inspecção, parecendo dar prioridade à caça à multa em vez de ser à segurança dos cidadãos
A construção do futuro não pode ser adiada, começa hoje, amanhã será demasiado tarde. Cada pequena decisão deve ser bem ponderada para não ter depois de se recuar, deve prever-se a sua implicação no futuro e na forma como contribui para o objectivo esperada pelo povo português. Todos os gestos devem ser coordenados para convergirem para o fim comum., Temos de ser 1º milhões a puxar para o mesmo lado. O treinador da equipa deve capacitar-se para bem dirigir o funcionamento colectivo.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
O futuro começa agora
Publicada por A. João Soares à(s) 18:27
Etiquetas: Iluminismo do séc XXI, planear, preparar o futuro
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10 comentários:
O futuro só começará quando acabarem os "complexos de esquerda e direita" tão em uso nesta Europa decadente. Todos nós somos poucos para debelar esta crise de Valores e Princípios actualmente existente nos diversos poderes nela instalados! Assim sendo e porque a União faz a Força unamo-nos sem complexos em prol de uma nova Era que possa ser o Advento de maior Solidariedade, maior Fraternidade e maior Igualdade!
Caro Luís,
Mesmo que não queiras, o futuro começa agora. Daqui a um minuto será futuro!!!
Mas, compreendo as tuas palavras: o futuro que desejamos, o futuro de desenvolvimento, de mais equidade, justiça social, felicidade, só acontecerá quando todos nos compenetrarmos de que é uma tarefa de todos e de cada um, a começar obrigatoriamente pelos políticos, que devem ser os líderes da população(Nação).
Penso que à comunicação social e aos blogs cabe o papel de alertar o povo para isso, acordá-lo da letargia em que tem sido afundado.
O nosso povo vive em coma induzida.
Um abraço
João
Caro João
O Futuro começa Agora. Mas que futuro? Será que quando despertarmos do coma ainda temos futuro? Eu sinceramente estou cada dia mais pessimista! Tenho dois filhos e a perspectiva de futuro deles é saírem o seu País, se quiserem ter uma vida minimamente digna! Pois o que aqui os espera (se a situação não se alterar), quando terminarem os seus cursos, possivelmente é irem para caixas de supermercado, para um CallCenter duma TMN qualquer! Ou ficarem dependentes dos pais, coisa que nem eles nem nós queremos.
Um Abraço
Amigo João,
Acertaste no termo exacto o Povo não está adormecido está é num coma induzido por estes políticos de meia tigela que mais não são que marionetas que só olham para o seu umbigo nem que para isso se vendam às teorias da Globalidade que só serve interesses de outros e nada nos trazem de bom. É isso mesmo estamos num coma induzido e, tal como eu, muitos de nós julgamo-nos adormecidos. Assim, é preciso insuflar a medicação necessária a todos para que possamos reviver em harmonia e numa política que sirva os nossos interesses! E é nessa perspectiva que digo que o futuro só aí começará!!!!
Cara Ana Marta,
As suas palavras traduzem o pessimismo nacional, generalizado. Realmente, teremos o futuro que agora prepararmos e tudo indica não estarmos a construir obra de arte que nos venha a agradar.
O povo está adormecido, indiferente, preocupando-se mais com ninharias que não aquecem nem arrefecem e passando apático ao lado daquilo que interessa ao futuro dos nossos filhos e netos. Está nas mãos dos portugueses fazer o melhor que as circunstâncias nos permitirem, procurando alternativas que melhor sirvam a felicidade de amanhã.
Mas que pode fazer o povo? Muito, mas são precisos líderes dedicados à causa pública e uma comunicação social isenta e consciente do seu papel.
Sem bons líderes, não há esforço colectivo como sem bons «treinadores» como agora se diz não haver bom futebol.
Por definição, o Estado é a Nação, num território, politicamente organizada. Ora o mal do País passa pela definição que hoje se dá à palavra política. Hoje ,partidariza-se toda a vida nacional,, tornando os partidos em agências de emprego para os jovens menos capazes que, a mais do que os outros, apenas têm a família e a amizade dos políticos. E, depois, fazem o que sabem: aproveitam-se do poder em benefício próprio e em prejuízo dos cidadãos que permitem tal regime.
E, cara Ana Marta, mau ou bom, o futuro começa agora, e será o resultado da nossa acção actual.
Abraço de amizade
João
Caro Luís,
A escolha das palavras é a parte mais difícil de comunicar, quando as ideias não faltam, fruto de reflexão permanente. Mas, às vezes, lá consigo acertar com o vocábulo que melhor parece traduzir o conceito!
O bom futuro só se iniciará quando a preparação for a adequada. Antes disso não faltará futuro (repara no tempo de verbo!), mas será um futuro desmotivado, a arrastar-se na lama da descrença, do pessimismo.
Não vou alongar-me para não repetir o que ficou no comentário anterior.
Aparece sempre, com os teus estímulo à medicação para suspender o coma induzido.
Abraço muito amigo
João
Permitam-me lembrar: a política rodeia-nos como a água os peixes. E acontece que existem políticas de direita e de esquerda dentro do leque conhecido. Por mais que não o queiramos, isto é assim e ponto final. De política de direita já vimos e já temos o suficiente para aprendermos a ter juízo, pelo menos nas eleições. É esta a «linda herança» que os partidos de direita nos brindaram desde que exerceram ou exercem o poder. Pergunto: precisamos agora, sim ou não, finalmente, de uma política de esquerda nem que seja para experimentarmos no país a novidade? Isto é, alguém tem medo de votar hoje num partido MESMO de esquerda? Alguém tem medo de experimentar? Então, se assim for, este país vai continuar a ter mais do mesmo, o «coma induzido», como bem diz A. João Soares, vai persistir e expandir-se, a pobreza e a miséria vão alastrar! Porque, vendo bem, os Portugueses mandam! E se eles querem ISTO, quem vai contrariar uma maioria tão finória e atilada?!
Caro Arsénio Mota,
Traz aqui uma boa argumentação. Esta minha expressão não quer dizer que com ela concorde ou discorde. Evito meter-me nas tricas políticas com p minúsculo. Concordo com decisões que me pareçam ajustadas ao desenvolvimento do País e ao bem estar da população e discordo das que me pareçam menos correctas, venham de que partido vierem. Não esqueço que na Grã-Bretanha, o Governo Blair de esquerda tomou medidas mais de direita do que o anterior Governo Thacher que era de direita. O que interessa é colocar os interesses do País acima dos dos partidos, para manterem o poder. Gosto de analisar o desempenho dos governantes à luz dos conceitos e até gostava que nos seus argumentos enfatizassem os interesses nacionais independentemente de serem considerados de um lado ou de outro. Afinal, muito se fala de igualdade e de não discriminação, mas logo sublinham a bipolaridade, como virtude.
Há problemas cuja solução deve ter uma coloração mais esquerda e outros para os quais a melhor solução terá tons mais de direita.
O que interessa é que haja objectivos bem definidos e aceites por todos e, depois, que qualquer um, a seu modo, procure atingi-los.
Cumprimentos
A. João Soares
Caro A. João Soares:
Admiro e aplaudo essa serenidade. Gostaria também de tê-la, sempre, mas... caramba, por vezes as situações alteram-nos e lá se vai a serenidade! Os problemas amontoados, hoje, são demais e o povo sofre...
Como não sentir os problemas gerais?
Abraço cordial.
Caro Arsénio,
Sempre procurei controlar as emoções, mesmo em situações em que tudo era possível, e as asneiras seriam desculpáveis. Mas reconheço que nem sempre podemos deixar de dizer um palavrão para tudo isto!
Um abraço e bom fim-de-semana
João
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