Há cerca de uma semana assistiu-se, na Comunicação Sociais e em conversas, a críticas e elogios (estes, em menor número) à anunciada reforma da estrutura da Defesa Nacional e das Forças Armadas. Certamente, tanto os prós como os contras têm as suas razões, de acordo com a janela de onde observam o fenómeno e os interesses que estão por detrás da janela mas, sem dúvida, nenhum teve o cuidado de analisar todos os aspectos positivos e negativos das mudanças. Na vida real, nada nos aparece a preto e branco, mas sim com muitas tonalidades de cinzento e de cores.
Na realidade, qualquer mudança, se for criteriosamente preparada e decidida, é vantajosa, pois nenhuma instituição, corpo vivo ou máquina se mantém em funcionamento perfeito por tempo indeterminado, e as mudanças destinam-se a melhorar o funcionamento.
Porém, qualquer reforma, para ser útil, traduzir-se em melhorias e trazer benefício para a sociedade em geral, deve seguir uma metodologia adequada, com a participação dos principais intervenientes no seu funcionamento.
Primeiro, há que definir, a nível superior, o objectivo, a finalidade, ou a missão (como os militares gostam de dizer), de forma muito clara e concisa, para que seja compreendida e assumida pela Instituição, como um todo harmónico, coerente e disciplinado.
Depois, é necessário analisar todos os factores permanentes e circunstanciais que possam influir no funcionamento normal da Instituição. No caso presente, além dos aspectos externos, há que escalpelizar as questões relacionadas com a gestão dos recursos humanos desde a sua formação e treino até à saúde, justiça, etc, com a gestão dos armamentos, equipamentos e outros materiais bem como instalações e meios de vida, enfim a logística.
Depois desta análise, feita com o máximo de realismo e sem paixões, esboçam-se algumas soluções possíveis para a nova estrutura desde o nível superior até ao mais baixo passando pelos intermédios. Estas hipóteses de solução, cada uma com vantagens e inconvenientes, face ao objectivo e tendo em conta os factores condicionantes, são comparadas de todos os pontos de vista a fim de proporcionar a escolha da melhor, aquela que apresentar mais vantagens e menos inconvenientes do que as outras. Esta escolha é a decisão que terá de passar a vigorar.
Tendo sido decidida a estrutura geral, haverá que tomar iguais decisões, com igual metodologia, em cada um dos escalões, começando pelos mais elevados, e sempre com a participação dos intervenientes mais directos, porque são os mais conhecedores de vantagens, e inconvenientes e necessitam, de conhecer a génese da nova estrutura para melhor a porem em prática. É isso que alimenta a motivação, a força anímica que permite todos os esforços para o cabal cumprimento da missão vinda de cima.
Uma reforma, uma reestruturação elaborada segundo este método de trabalho, será, sem dúvida, benéfica para qualquer Instituição e terá a adesão dos elementos mais activos.
A dúvida que fica é se a anunciada estrutura nasceu desta forma ou se surgiu de uma «inspiração» de um político «genial» que acordou pela manhã sob os efeitos de uma bênção divina e teima em impor a solução «milagrosa».
Depois do que se passou no recente ministério da Saúde e na teimosia em construir o NAL na Ota, já nada é impossível dentro deste pequeno rectângulo.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Reformas na Defesa e nas Forças Armadas
Publicada por A. João Soares à(s) 05:00
Etiquetas: decisão, Forças Armadas, reorganizar
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2 comentários:
João!
Agora tenho a certeza de que és mais sonhador que eu próprio, que já me julgava o último! O dia que, qualquer instituição de qualquer governo, de qualquer país, seguir o caminho das pedras, que tão bem traçastes, teremos então, a perfeição...Mas, não deixastes margens para que os políticos negociem os seus 10%?
Abraços.
Caro Paulo Vilmar,
Claro que esta é a teoria da preparação da decisão, útil para qualquer empresa ou organização.
Noutro blog, um comentador diz-me que os políticos, acima de qualquer outro objectivo, colocam a sua manutenção no poder. Isso para eles sobrepõe-se a tudo. São mais dos os 10% que o Paulo refere.
Mas é bom que alguém, de vez em quando, lembre aos que já sabem e ensine aos outros, como as coisas devem ser conduzidas.
Devemos todos contribuir para que o mundo se torne mais perfeito, não fazendo mal ser sonhador, bom sonhador, com boas intenções!
Um abraço
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