Texto publicado no semanário Expresso, pelo General Garcia Leandro
O modo como se tem desenvolvido a vida das grandes empresas, nomeadamente da banca e dos seguros, envolvendo BCP e Banco de Portugal, incluindo as remunerações dos seus administradores e respectivas mordomias, transformou-se num escândalo nacional, criando a repulsa generalizada.
É consensual que o país precisa de grandes reformas e tal esforço deve ser reconhecido a este Governo (mesmo com os erros e exageros que têm acontecido).
Alguém tinha de o fazer e este Governo arregaçou as mangas para algo que já deveria ter ocorrido há muito tempo. Mas não tocou nestes grandes beneficiários que envergonham a democracia, com a agravante de se pedirem sacrifícios à generalidade da população que já vive com muitas dificuldades.
O excesso de benefícios daqueles administradores já levou a que o próprio Presidente da República tivesse sentido a obrigação de intervir publicamente.
Mas tudo continua na mesma; a promiscuidade entre o poder político e o económico é um facto e feito com total despudor.
Uma recente sondagem Gallup a nível mundial, e também em Portugal, mostra a falta de confiança que existe nos responsáveis políticos deste regime.
Tenho 47 anos de serviço ao Estado, nas mais diferentes funções de grande responsabilidade, sei como se pode governar com sentido de serviço público, sem qualquer vantagem pessoal, e sei qual é a minha pensão de aposentação publicada em D.R.
Se sinto a revolta crescente daqueles que comigo contactam, eu próprio começo a sentir que a minha capacidade de resistência psicológica a tanta desvergonha, mantendo sempre uma posição institucional e de confiança no sistema que a III República instaurou, vai enfraquecendo todos os dias.
Já fui convidado para encabeçar um movimento de indignação contra este estado de coisas e tenho resistido.
Mas a explosão social está a chegar. Vão ocorrer movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa.
É óbvio que não será pela acção militar que tal acontecerá, não só porque não resolveria o problema mas também porque o enquadramento da UE não o aceitaria; não haverá mais cardeais e generais para resolver este tipo de questões. Isso é um passado enterrado. Tem de ser o próprio sistema político e social a tomar as medidas correctivas para diminuir os crescentes focos de indignação e revolta.
Os sintomas são iguais aos que aconteceram no final da Monarquia e da I República, sendo bom que os responsáveis não olhem para o lado, já que, quando as grandes explosões sociais acontecem, ninguém sabe como acabam. E as más experiências de Portugal devem ser uma vacina para evitar erros semelhantes na actualidade.
É espantosa a reacção ofendida dos responsáveis políticos quando alguém denuncia a corrupção, sendo evidente que a falta de vergonha deve ser provada; e se olhassem para dentro dos partidos e começassem a fazer a separação entre o trigo e o joio? Seria um bom princípio!
Corrija-se o que está errado, as mordomias e as injustiças, e a tranquilidade voltará, porque o povo compreende os sacrifícios se forem distribuídos por todos.
GENERAL GARCIA LEANDRO
(Artigo do semanário "Expresso" )
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Correcções políticas a introduzir no País
Publicada por A. João Soares à(s) 21:43
Etiquetas: Corrupção, futurologia, mal-estar
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4 comentários:
Eu também me detive pelo artigo e, como aliás deixei há pouco nO Guardião, o problema é ainda maior porque os políticos continuam a assobiar para o lado e a desacreditar-se mais ainda a cada dia que passa.
Cumps
Caro Guardião,
A situação está péssima. Os políticos são ambiciosos egoístas para quem, a população representa o mesmo que a relva dos estádios representa para os futebolistas: serve para ser pisada sem qualquer contemplação. O tal défice foi criado pela incompetência de governantes, mas quem sofre é o povo desprotegido e pobre e, o que é pior é que esse sofrimento tem sido agravado sucessivamente em vez de ter sido rápido e ter dado os esperados frutos. Mas nada melhorou visivelmente, porque se o povo paga mais, os parasitas aumentaram a voracidade, com mais formas de mamar, com mais assessores, mais carros topo de gama, mais viagens ao estrangeiro, mais festanças opulentas, mais tachos, mais corrupção. Esta, como diz o bastonário da ordem dos advogados, é uma realidade, como comprova o caso de ter havido políticos a requerer para que a sua declaração de rendimentos não seja publicada. E não há conhecimento de o enriquecimento destas sanguessugas e seus familiares estar a ser investigado judicialmente. A impunidade dos políticos é escandalosa. Protegem-se uns aos outros e mantêm a confiança uns nos outros, num conluio mafioso. O Director da PJ diz que há erros na constituição de arguidos, o que retira a pouca confiança que havia na Justiça, mas o ministro diz que mantém a confiança nele. Nós é que já não podemos ter confiança em tal ministro.
É preciso que se fale destas coisas, que o povo pense, que se prepare para votar conscientemente, por opinião própria e não por obediência a pessoas pouco honestas.
A solução não precisa de se contratar um «treinador» estrangeiro, como acontece no futebol, bastando que o Estado emagreça, seja governado com uma equipa pequena com espírito de serviço público honesto, sem favores a assessores que só aumentam o tráfico de influências, reduzir ao mínimo as nomeações por confiança e passar a escolher os colaboradores através de concurso público aberto aos mais aptos do País, actuar implacavelmente contra a corrupção e ao enriquecimento ilegítimo dos políticos e de quem a eles está ligado, controlar minuciosamente as declarações de rendimentos e torná-las públicas, acabar com a impunidade dos políticos, tornar as leis iguais e aplicáveis a todos, acelerar a Justiça e criar prestígio nos tribunais, etc
Abraço
Bem, eu vivo num país (Brasil) onde temos sérios problemas tb. Por isso, já não me espanto com nada.
Mas tb nào tenho o dom de escrever coisas assim pois nada entendo de política. Mas tu entendes e é semrpe bom te ler, amigo.
Beijos da Gisele Claudynha
Cara Gisele Claudya,
Vivendo em democracia, somos obrigados a perceber o que se passa no País. Temos o dever de votar, isto é, escolher os governantes ou não escolher entregando o boletim em branco. Para tomar essa decisão, em consciência, temos de nos preparar, acompanhando as notícias sobre o que fazem os eleitos. Se assim não fizermos, iremos votar de forma nada inteligente, seguindo a opinião de outros que nos aliciam a votar num ou outro candidato.
Devemos usar a nossa cabeça e a nossa opinião que formamos no dia-a-dia.
Abraço
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