segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Crises em África

Nos posts Vulnerabilidades da ONU e ONU desrespeitada referia-me à incapacidade das organizações internacionais, nomeadamente a ONU, para recuperarem e manterem a paz e para incrementarem o desenvolvimento, tendo em vista as pessoas, do terceiro mundo. Agora encontrei no blogue Alto Hama vários posts que chamam a atenção para crises gravíssimas em África. Infelizmente, não são originais, mas seria de esperar que já tivessem saída da moda, dos noticiários, da ordem do dia.

O Chade está a ferro e fogo. Desde a sua independência, em1960, com François Tombalbaye na Presidência, não houve nenhum Presidente que tivesse terminado o seu mandato.
1975 Tombalbye foi morto num golpe dirigido por Félix Malloum,
1979 Malloum foi deposto por Oueddei,
1982 Gpukouni Oueddei foi deposto por Hissene Habré,
1990 Habré foi deposto por Idriss Déby, ainda no Poder, mas em risco de seguir o caminho dos seus antecessores.
2006 Rebeldes enfrentam o Exército nos subúrbios da capital.
Janeiro de 2008 UE aprova, uma força de pacificação para o Chade, e nos primeiros dias de Fevereiro, os rebeldes entram na capital e desencadeiam combates que envolvem artilharia pesada.

O Quénia também está novamente em guerra civil. Os tempos de jovem de Jomo Kenyata, do grupo Mau-Mau, da KAU (União Africana do Quénia) ,ais tarde com o nome de KANU (União Nacional Africana do Quénia), não são para esquecer. Tornado independente em 1963, teve uma situação mais ou menos controlada pelo pulso do Presidente Jomo Kenyata até ao seu falecimento1978 com 85 anos. Foi sucedido por Daniel Arap Moi pertencente à pouco numerosa etnia Kalenkin que teve o bom senso de criar uma convivência pacífica entre as diversas etnias e seus líderes e sido reeleito em 1993.
Nas recentes eleições a vitória coube a Mwai Kibaki, mas o seu rival Raila Odinga considerou que as eleições não foram honestas e surgiu o conflito. A onda de violência que assola o país desde 27 de Dezembro, dia das eleições, fez 600 mortos e 200 mil deslocados. As diferentes etnias não se entendem e descarregam ódios ancestrais. Apesar de várias mediações em que se destaca o ex-secretário-geral da ONU Kofi Hanan, têm procurado uma solução sustentável, mas a situação continua por resolver

O Sudão, país mais extenso de África, depara-se com a dissidência do Sul e mais recentemente a do Darfur, que confina com o Chade. As rivalidades entre personalidades fortes no topo da hierarquia têm dificultado a vida do Estado. Vão longe os tempos em que eram sudaneses alguns dos faraós do Egipto. Hoje o Darfur é uma dor de cabeça para a comunidade internacional. O País tem tal instabilidade que o próprio mentor da Al-Qaeda que ali vivera com o comando do seu grupo, decidiu sair para o Afeganistão, por no Sudão não se sentir seguro.
O Sudão está em guerra civil há 46 anos. O conflito entre o governo muçulmano e guerrilheiros cristãos e animistas, baseados no sul do território, revela um aspecto das realidades culturais opostas da nação. As guerras e prolongados períodos de seca têm provocado milhões de mortos e enorme quantidade de deslocados.

A estes casos, há que juntar a situação caótica da Somália, o conflito intermitente entre a Etiópia e a Eritreia, a região dos Grandes Lagos, Serra Leoa, República Centro-Africana, etc

Os Africanos, apesar destas crises endémicas, com origem em rivalidades étnicas, e a impreparação para a gestão dos seus problemas, esperam apoios exteriores, mas a política internacional move-se por interesses egoístas. Por isso, os primeiros passos têm forçosamente por arrancar com a preparação de gestores públicos competentes. Mas, mesmo neste ponto, estão sujeitos a que os melhores saiam à procura de condições de trabalho mais aliciantes em Países ricos, ou estes os vão cativar na origem. Há que tentar parcerias com outros países de onde possa vir uma ajuda ao desenvolvimento compensadora dos recursos que vão sacar. A China está a avançar firmemente, mas resta saber se, da sua intervenção, resultará desenvolvimento das populações locais.

Mesmo na grande e rica Angola, a pobreza de grande parte da população é uma realidade incontornável, muito em oposição à riqueza das elites. Estas, por sua vez, parecem estar a usar de todos os truques para se manterem no Poder autoritário e explorador, já se vislumbrando maquinações para a oposição vir a ser acusada de terrorismo e haver nessas circunstâncias «justificação» para uma perseguição dura. Os serviços secretos não dormem e não falta no estrangeiro quem os possa orientar em tais manigâncias.

Apesar das suas grandes potencialidades em recursos naturais, em tempos recentes, tão valiosos, e hoje muitos deles já com pouco valor comercial, a África passou a ser o continente menos favorecido e atraente das atenções do mundo mais desenvolvido. Impõe-se que haja, por razões humanitárias, consciência da conveniência em que a humanidade passe a olhar para este continente com mais solidariedade. Oxalá os grandes empresários das multinacionais alterem a sua visão em relação aos africanos, com vista a ajudá-los a usufruírem melhor das modernas tecnologias.

1 comentário:

Anónimo disse...

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