A transcrição do artigo de opinião de Baptista Bastos no DN de hoje, que se segue, é um desafio aos comentadores do estilo de «José de Sousa» (ver post Despesas de ministros pagas com cartão de crédito , no Do Mirante), que me parece um nome fictício do género de outros que por aqui têm aparecido ultimamente, para puxarem dos seus argumentos e demonstrarem que aquilo de que não gostam está errado e mostrarem como estaria correcto. Limitarem-se a tentar ofender os autores dos escritos, só demonstra a sua incapacidade intelectual e insensatez. Esta prosa de Baptista Bastos é uma oportunidade para uma interessante polémica.
Os Socialicidas
Baptista-Bastos, escritor e jornalista, b.bastos@netcabo.pt
Vai por aí algum alvoroço com as declarações de Manuel Alegre sobre as derivas do PS. O PS já nasceu com derivas: basta atentar nos seus fundadores. Provinham, quase todos, do antifascismo, mas ética e ideologicamente eram diferentes. De católicos "progressistas" a ex-comunistas, até republicanos de traça jacobina, o PS foi, quase, um trâmite freudiano de adolescentes contra os pais. O que os impediu de compreender as mitologias da social-democracia, esta mesma diversamente interpretada e opostamente aplicada nos países escandinavos. Provinham de uma leitura catequista do marxismo, caldeada na experiência da República de Weimar.
Quando, no PREC, se gritava: "Partido Socialista, partido marxista!" - a exclamação estava a mais. A interrogação seria mais apropriada. O estribilho ficou mudo, quando Willy Brandt mandou dizer que as estentóricas frases eram estranhas à teologia do "socialismo democrático". Por essa época, Manuel Alegre, numa entrevista que lhe fiz, disse, dramático, que "a social-democracia era a grande gestora do capitalismo". Goste-se ou não dele, a verdade é que nunca foi ambidextro na forma de protestar.
Na realidade, há muitíssimo poucos socialistas no PS; no Governo, parece-me que nenhum. Observo aquelas figuras, marcadas por uma espécie de misticismo barroco, e pergunto-me: que tem feito pelo País esta gente de manejos burocráticos e de cerviz dobrada ante o Príncipe? Nada. Pior: tem cometido o mais condenável de todos os crimes - o socialicídio.
Não é de agora, o delito. Com José Sócrates, socialista de ocasião, propagandeou-se a "esquerda moderna" como justificação de todas as malfeitorias ideológicas, sociais, morais e éticas. Mas ele resulta de uma génese política malformada. As "tendências" no PS, desenvolvem-se, exclusivamente, com palavras e frases protocolares. E os poucos que pertencem a uma genealogia oposta são marginalizados ou tidos como anacronismos.
Há, nesta gente, falta de garra, de honra, de competência, de credibilidade, de integridade, de vergonha. Trabalhadores precários: 1 700 000. População empregada: 5,2 milhões de pessoas. Desempregada: cerca de meio milhão. Dois milhões de portugueses na faixa da pobreza. São conhecidos os vencimentos escandalosos, as mordomias, as pensões de reforma não apenas no "privado" como no "público". O regabofe na sociedade portuguesa é mais do que revoltante. O PS é uma desgraça. O Governo "socialista" uma miséria. E ambos têm de saciar imensos e sôfregos apetites.
Manuel Alegre repetiu o que se sabe - e que só o não sabe quem o não quer saber. Afinal, pouco se ambiciona do PS: apenas um bocadinho de socialismo.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Hostilizar sem argumentos é criancice tacanha
Publicada por A. João Soares à(s) 21:25
Etiquetas: Manuel Alegre, socialicidas
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Caro amigo A. João Soares
Agradeço sua visita e os elogios ao meu blog!
Este é meu estilo, nada escondo de minha vida, apenas preservo meus familiares pois a Internet está cheia de idiotas e não se sabe suas más intenções!
De mim podem fazer o quê?
Estou linkando seu blog em BOA LEITURA, isso facilita minhas visitas aos amigos.
Abraço
Luiz
Caro Luiz Santilli,
Agradeço ter vo«indo até este cantinho modesto a que foi dado o nome de Miradouro, com esperança de se poder ver mais longe. Mas não é a posição do observatório que aumenta a o alcance da visão, pois hoje a Internet, mesmo vivendo-se num buraco, leva-nos aos antípodas. E, infelizmente, há muita coisa que seria melhor não as conhecermos!
Já linkei a «Boa Leitura» neste e no outro blog que é pouco menos que um clone deste.
Abraço
Enviar um comentário