Embora seja muitas vezes criticado, continuo a esforçar-me por analisar as coisas à distância sem partidarismos, sem atacar as pessoas, mas apenas as palavras e os actos. E de todos os pontos do quadrante saem coisas mais e menos positivas, pelo que a isenção obriga a falar de umas e de outras.
Francisco Louçã, o tal com «voz de cana rachada» como diz Miguel Júdice (ao que chega a baixeza de pessoas de valor!), segundo notícia do Público, pede concurso público para a nova ponte sobre o Tejo. Achei estranho tal pedido, pois não me passaria pela cabeça que um empreendimento público de tal dimensão não fosse entregue a uma empresa vencedora de uma corrida entre vários concorrentes nacionais e estrangeiros. Considero que até a admissão de um funcionário para os ministérios devia ser escrutinado entre vários concorrentes, segundo normas previamente publicadas.
Como fiquei espantado com o título do artigo, fui ler e fiquei a perceber as preocupações do político que defende um concurso público para que todo o processo "seja transparente, para que seja o melhor consórcio, nas melhores condições, para a melhor utilização do dinheiro que é de todos". Esta intenção só merece aplausos, venha de direita ou de esquerda.
E acrescentou: "Que a Lusoponte diga que tem todo o atravessamento da ponte sobre o Tejo garantido, que o Tejo é deles e que qualquer travessia tem de ser sua, porque Joaquim Ferreira do Amaral, ministro do passado, garantiu à Lusoponte, presidida por Joaquim Ferreira do Amaral, que tem o Tejo por sua conta, isso eu não aceito".
Não tenho dados que me permitam pronunciar-me sobre os termos em que é referida a promiscuidade de uma empresa em tão importantes decisões de Estado. Mas, se é como diz, acho que a alienação de funções do Estado numa empresa sem ter havido concurso público não parece correcto e que, não o sendo, há que corrigir tal erro.
Tais confusões entre o Estado e as empresas privadas, com o consentimento activo de políticos ávidos de tachos, como se depreende do muito que tem sido dito a propósito do tráfico de influências, da corrupção e do enriquecimento ilícito, ocasionam e aumentam a concentração do dinheiro nos bolsos de uma minoria, em prejuízo da quase totalidade da população em que a classe média está a desaparecer, indo ampliar o lote numeroso dos pobres.
A justiça social deveria ser um objectivo e uma preocupação permanente dos governantes.
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Nova ponte sobre o Tejo sem concurso público?
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3 comentários:
Claro...
estes "socialeiros-Socratinos" não dão ponto sem nó!!!
Caro A. João Soares,
Mais uma vez, uma situação bem denunciada por si. É verdadeiramente extraordinário que tenha que ser um político - gostemos ou não dele - que tenha que relembrar ao Estado que as obras públicas devem, por força de Lei, ser submetidas a concurso público. Ao que chegámos!
Bem a propósito se fala tanto em corrupção agora, depois do valente bastonário "sem papas na língua" ter ameaçado o poder estabelecido com a denúncia de nomes. Tal e qual, preto no branco.
Agita-se logo toda a corrupta classe política - haverá excepções?, porque, se as houver, proponho logo a criação de um selo da blogosfera para tais avis raras! - para congeminar defender-se, com a criação de projectos de combate a..., entidades fiscalizadoras, etc. Em suma, tudo o que pareça o mais politicamente correcto, sendo o mais ineficaz possível.
Um abraço amigo
Caros Camilo e Jorge Borges,
A solução destes problemas é muito difícil, porque teriam de ser os interessados a legislar contra a sua própria mina de ouro. Eles não são masoquistas!
Recordo que há mais de um ano houve «suspeitas» de corrupção de um alto membro do PSD, tendo a TV mostrado uma pasta do tipo James Bond chia de notas. A AR nomeou uma comissão para investigar. O presidente dessa comissão, do PS, procurou amaciar o mais possível as conclusões do relatório, mas, mesmo assim, este só foi entregue depois de serem introduzidas alterações mais profundas (para o que houve adiamento de prazo de alguns dias), para se concluir que nada estava provado! Isto veio nos jornais. São uma mafia e protegem-se uns aos outros, independentemente de partidos.
As comissões valem o que valem!
Algum tempo depois, como o escândalo era grande, o Ministério Público, elaborou processo judicial. Alguém sabe algo do resultado! A imunidade dos políticos é uma realidade!.
E Portugal vai sobrevivendo, embora com grandes dificuldades dos pobres desprotegidos, cuja percentagem aumenta quotidianamente.
Abraço
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