Em qualquer organização, principalmente acima de uma certa dimensão, é imprescindível uma boa avaliação do desempenho dos empregados e o correspondente prémio aos excelentes. Se a metodologia não for claramente definida, nem por isso deixa de existir, mas, nesse caso, será de forma subjectiva e muito discutível.
Sem tal avaliação a sociedade tornar-se-á dominada pela mediocridade em vez da desejada meritocracia, do culto pela excelência.
Soube há uns meses que as grandes empresas americanas, ao admitirem empregados para cargos de qualquer nível, não se preocupam muito com o grau de escolaridade, desde que demonstrem ter a capacidade adequada ao cargo. Com cada um é feito um contrato escrito em que constam todas as tarefas que lhe serão confiadas e pelas quais se responsabiliza. A seguir, recebe formação adequada à execução destas tarefas, seja qual for o seu grau académico e depois será avaliado e chamado a responder pelo grau de eficácia com que realizou cada tarefa, podendo mesmo chegar ao ponto de ser despedido com justa causa. Isto foi-me transmitido por um doutorado em Física Nuclear, que foi docente universitário e que, por razões de economia familiar, concorreu a uma vaga numa companhia de seguros de saúde e, ao entrar para um alto cargo, teve de tirar uma licenciatura orientada para os seguros.
Perante isto, espanta-me a reacção dos professores à criação de um sistema de avaliação de desempenho. Compreende-se que haja discordâncias quanto aos seus pormenores e critérios, mas estes deverão receber ajustamentos sucessivos para os melhorar. Os bons professores saem beneficiados por verem reconhecido o deu mérito e os mais fracos são estimulados a aperfeiçoarem-se.
Ao escrever isto, recordo com muita consideração, respeito e veneração alguns professores do Liceu que frequentei entre 1945 e 1952 e aqui deixo alguns nomes de óptimos docentes: Bigote de Almeida (matemática), Pais do Couto ( Físico-Química), José Moniz (Ciências), Simões Gomes (Português), Isaura Matos Martelo (Português e Francês), Joel Serrão (História), Armando Saraiva (Filosofia). Alguns já faleceram, mas fica aqui a minha homenagem que gostaria chegasse ao conhecimento de familiares seus. Eles não recusariam uma avaliação do seu desempenho, saber e capacidade de comunicação e de motivação dos alunos.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Avaliação do desempenho
Publicada por A. João Soares à(s) 10:16
Etiquetas: avaliação, meritocracia, professores
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4 comentários:
Eles estão a vencer numa coisa: é fácil passar a ideia de que os professores não querem ser avaliados!
Mas quem não está por dentro do processo tem, pelo menos, de avaliar que quando toda a classe está contra a ministra, há qualquer coisa que não bate certo.
O modo como foi conduzida a implementação do processo de avaliação e a tentativa de impor um novo modelo de gestão é apenas a gota de água!
Um abraço da escola
Pata Negra
Não conheço pormenores da grelha de avaliação. Compreendo o seu ponto de vista. Acho que o ideal seria um sistema de avaliação de variados aspectos do desempenho de forma facilmente traduzida em pontos,contabilizada, que permitisse, no fim dizer a um professor que ele vale 15 e o outro vale 16, de forma justificada e aceite pelos dois. Para isso, é preciso definir critérios de forma muito pormenorizada de forma a que os erros (são inevitáveis) sejam mínimos. E nesta definição deve ser dada oportunidade aos interessados pronunciar-se através de representantes ou de qualquer outra forma democrática mas eficaz. Não deve ser imposta uma solução imaginada por um «sábio» autocrata que ninguém aceita.
Abraço
O Post e os comentários sugerem-me o seguinte Comentário:
Para uma avaliação são necessárias 3 etapas
1ª - Descrição de funções
2ª - Objectivos negociados pela chefia e interessado
3º - Avaliação, relativamente ao ponto 1 e 2, pelas 2 chefias imediatamente superiores em diálogo com o avaliado.
É assim em qualquer empresa digna do nome.
Subjectivo?
Será sempre; qualquer avaliação. Parece que esta fórmula diminui em muito essa subjectividade.
A. Leitão,
Inteiramente de acordo com esta sua síntese. Agradeço esta sua forma clara e rápida de equacionar o problema que tanto tem dado que falar.
É tão simples como isso.
Mas não é fácil para a nossa mentalidade de secretismo, de compadrio de fazer caixinha. Não vejo os chefes abrirem-se dessa forma com os colaboradores ao ponrto de terem de responder a perguntas do género: explique porque me deu 15 e ao meu colega f. deu 16..
Mas é, realmente, necessário reduzir a subjectividade das avaliações que vão influenciar a vida de funcionários de das suas famílias.
Abraço
A. João Soares
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