sábado, 2 de fevereiro de 2008

A corrupção por cá

«À mulher de César não basta ser séria, precisa de o parecer.» Em Países que cultivam a imagem de progresso e eficácia na melhoria da vida das pessoas, o combate à corrupção é uma preocupação permanente, sem excepções. E tem que ser assim, porque os maiores beneficiados por ela em prejuízo dos interesses do Estado (de todos os cidadãos) são os ocupantes das cadeiras do Poder e os que os cercam. Errar é humano e nem todos conseguem vencer as tentações que se aliam à ambição exagerada, o que conduz à existência desse cancro por todo o lado. Mas, essa é mais uma razão para incrementar o esforço no seu combate.

Em 1976, na Holanda, a monarquia atravessou uma crise, na sequência de um escândalo económico que envolveu o marido da Rainha Juliana na compra de aviões. Devido a este caso, a rainha viu-se forçada a abdicar do trono em favor da sua filha Beatriz, em 1980.

Em 1996, na Coreia do Sul, dois antigos Presidentes que tinham sido dois fortes pilares no desenvolvimento do País na fase muito positiva da construção da economia nacional que elevou o País na concorrência mundial, ouviram as sentenças por terem sucumbido ao favorecimento de empresas a troco de «atenções», RohTae-Woo foi condenado a 22 anos de prisão e Chun Doo Hwan foi condenado à morte. O bom trabalho que o País lhes devia não impediu estas sentenças exemplares.

Da República da África do Sul, chega agora a notícia de que o comissário da polícia Jacob Selebi, mais conhecido por Jackie Selebi, figura destacada do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder, é acusado de corrupção, bem como de ter aceite luvas no valor de 1,2 milhões de randes (108 mil euros) e obstruído a justiça, pelo que foi presente em tribunal para julgamento.

Por cá, já há dezenas de anos foi falado o caso de duas pessoas terem sido condenadas por terem entregue um cheque de 50 mil contos a uma alta entidade e esta, tendo sido julgada em processo separado, foi absolvida por falta de provas!

No entanto, tem havido condenações em agentes da Brigada de Trânsito, da PSP e das Forças Armadas, porque se trata de organizações com rigor de critérios, com códigos de honra que não perdoam indisciplina. Mas são pessoas afastadas das cúpulas políticas, pois estas são imunes. No entanto, que nestes areópagos há essa mazela, não restam dúvidas embora o simples cidadão não possa apresentar provas. Já foi denunciada a sua existência e a necessidade de ser combatida, por vozes poderosas, como Garcia dos Santos, João Cravinho, Aníbal Cavaco Silva e, agora, António Marinho Pinto.

De pouco vale agora atirarem-se a este último pela forma como se referiu ao caso, procurando fazer esquecer a essência das suas palavras, porque o povo não se deixará iludir com manobras evasivas. Seria bom que, como nos casos estrangeiros atrás referidos, se procedesse com seriedade e sentido de Estado. Os casos da Coreia e da Holanda devem ser tomados como exemplo da maior honestidade de actuação contra um tal flagelo.

Sobre este tema já foram aqui publicados mais de uma dúzia de posts.

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