Acerca da actividade dos engenheiros, Fernando Santo, bastonário da Ordem dos Engenheiros, em entrevista ao Correio da Manhã publicada hoje, faz determinadas revelações de que extraio resumos no tocante à preparação teórica. Há diferenças entre o título académico e as competências profissionais exigidas para exercer uma profissão. Quando apenas existia o ISTécnico a Ordem recebia automaticamente dentro do seu seio os licenciados naqueles cursos. Depois nos anos oitenta quando o mercado começou a abrir a cursos públicos e privados, politécnicos e não politécnicos sem preocupação de dar competências, mas para receber alunos, uns por causa do negócio, outros porque queriam ter mais alunos para ter mais financiamento, numa espiral, a Ordem começou a perceber que não podia garantir competência de pessoas que entravam para cursos sem formação e saiam sem competências.
A partir do decreto de 1992 que aprovou os estatutos da Ordem, esta passou a implementar os exames de admissão, dispensando de exame os cursos que reconhece como de qualidade. Entende que não pode confundir uma licenciatura com um título profissional e portanto tem de ter um processo de avaliação que permita diferenciar competências.
Há cursos de engenharia que admitem alunos sem exigência da disciplina de matemática no 12 º ano. Sem física e milhares sem o 12 º ano, com mais de 23 anos. Foi a estratégia a que as escolas recorreram para terem financiamentos. Muitas escolas não põem a fasquia ao nível da competência que deve ser exigida à entrada em termos de formação, para que o curso que estão a dar permita ser absorvido pelos alunos, mas, pelo contrário, estão a pôr a escola ao nível da formação dos alunos para que a escola funcione.
É um desastre. E é por isso que a Ordem tem um papel incómodo para muita gente e há ataques à Ordem dos Engenheiros. Há a tentativa de muita gente dizer que as ordens têm de admitir aqueles que as escolas aprovarem. Mas, para isso bastaria abrir um balcão na Loja do Cidadão e cada adquire lá o título que quer e ficaria o problema resolvido! A Ordem, enquanto organização de interesse público criada pela Assembleia da República, não é para isto.
O regresso de Seguro
Há 1 hora
2 comentários:
Aqui há uns anos entravam alunos nos cursos de Matemática, via ensino, com provas de ZERO à disciplina.
Isto aconteceu no Algarve.
Como é que estes alunos podem depois ser bons professores a Matemática?
Um abraço
Compadre Alentejano
Compadre,
O que mais me estimulou a escrever este post foi o facto de haver licenciados em engenharia sem uma adequada preparação matemática. Não podemos ficar admirados de ruirem prédios ou pontes com o perigo que isso traz em custos financeiros e vidas. Um prédio de vinte andares com vários apartamentos por andar, de noite tem, muitas pessoas dentro. Imagine o que significa desmoronar, sem dar tempo para fuga.
Para o trabalho das contas há as máquinas e os computadores, mas é preciso o homem com boa preparação para saber utilizar essas contas. A noção de logaritmos, funções trigonométricas, integrais, derivadas, etc são ferramentas essenciais para um engenheiro.
Já não admira de muita gente a armar-se em culta, para dizer que uma derrapagem deixou o carro virado ao contrário, diz que deu uma volta de 36o graus em vez de dizer 180!
E o que se passa em relação com os engenheiros passa-se com professores e outras profissões em que a matemática é fundamental. O ensino está a obter resultados péssimos, a não ser com uma minoria de alunos sobredotados, graças às suas qualidades pessoais.
Abraço
Um abraço
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