Recebido por e-mail enviado pelo autor, José Ferreira Barroca Monteiro, este texto constitui um alerta para a necessidade de serem aplicados os sãos princípios da Organização, ciência arte de organizar.
«Quanto à economia, estou como Fernando Pessoa: «Jesus Cristo não era formado em economia, nem tinha biblioteca»
“POLITICA PARA A DEFESA”
«É prioritário o reforço da segurança. Então, se calhar, é necessário reforçar as despesas de segurança, mas em detrimento das verbas para as forças armadas clássicas» - Eduardo Catroga, no DN (5Out08).
Afirmação resultante de um crescendo de preocupações com a segurança interna, esta como outras, a pretender socorrer-se daquilo que o Estado gasta com as FA (habitual). Quanto à GNR, viu-se reformulada em 2007 com a extinção de três cargos de general, logo recriados noutras funções!
Temos hoje no país quatro dezenas e meia de milhares de agentes nas forças de segurança (PSP e GNR) para quatro dezenas de milhares na Defesa/FA. O OE/MDN estipula para a Defesa o valor de 2.114,7milhões. Porquê e para quê?
Na reforma da Defesa/FA do Canadá, levada a cabo há anos, concentraram num único edifício o ministério, o chefe do Estado-Maior da Defesa e os comandos dos três ramos; encerraram as academias militares ficando apenas uma; concentraram todos os helicópteros na Força Aérea, deslocando-os por períodos determinados para o Exército; concentraram as unidades de instrução e de recrutamento. O CEMD é o único general de quatro estrelas (em Portugal são quatro). Portanto, é possível ter nas FA um produto operacional idêntico ao actual, com metade a dois terços dos efectivos existentes. Se das economias obtidas, metade reverter para os salários dos quadros, estes ficarão naturalmente em melhores circunstâncias que as do presente.
Simplesmente, quer a lei orgânica do Exército de 2006, ao eliminar seis cargos de generais (regiões militares extintas) recriando outras tantas funções na estrutura, quer o que aí vem com o futuro comando operacional conjunto, nada irão adiantar à modernização e economia militar da Defesa. Tão pouco a rotação do regimento de infantaria nº 1 para Tavira, terá outro efeito que não um aumento de encargos (que já está a ter), sem contrapartida operacional relevante.
A política, na Defesa, continua a marcar passo.
Barroca Monteiro, Lisboa, 6Out08 (DN)»
NOTA: Tem aqui sido defendido que a Organização deve procurar as soluções mais simples e económicas, com o mínimo pessoal, o indispensável, para tarefas bem definidas e necessárias ao objectivo da Instituição. Uma simples pessoa a mais gera burocracia inútil que emperra a operacionalidade. É visível a complicação gerada na GNR onde há poucos anos havia apenas DOIS oficiais generais e agora há mais de uma DÚZIA, cada um com o seu staff e instalações. O resultado é mais burocracia dispensável e inútil e uma menor percentagem de operacionais, os que directamente trabalham para o objectivo da Instituição.
Este é um mal geral, pois em todos os organismos do Estado encontramos a mesma obesidade doentia, com a inutilidade da burocracia que gera corrupção evidente ou, na maior parte dos casos, discreta, encapotada, a condizer com os tradicionais brandos costumes nacionais.
Seria óptimo que os altos cargos governamentais, a começar pelo PM, aproveitassem a actual crise financeira e económica para fazer uma cura de emagrecimento, aplicando os sãos princípios de Organização e criassem um novo sistema administrativo mais funcional, ligeiro, eficiente, produtivo e barato. Tal tarefa não pode ser confiada aos dirigentes das Instituições, demasiado viciados nas inutilidades vigentes, que se limitariam a pequenas alterações de fachada, mas a empresas internacionais especializadas no assunto, evitando os quatro habituais gabinetes de advogados ex-políticos que têm absorvido «um terço do dinheiro gasto pelo(s) Governo(s)», como diz o jornal SOL.
O regresso de Seguro
Há 38 minutos
4 comentários:
O comentário que fizeste está muito certo e actual. Lembro também que neste contexto seria bom que os nossos governantes dessem seguimento ao que foi "imaginado" no artigo de Mário Crespo IMAGINEM.
Como Portugal seria outro e para bem melhor, só que infelizmente não passa de imaginação de alguém bem intencionado!!!!
Caro João Soares
agradeço o contacto e a publicação.
Que surgiu igualmente no Ponte Europa, do Carlos Esperança, nosso velho companheiro de guerrilha (expressão do CE)na página dos leitores do DN.
Aproveitando para reconhecer a sua persistência nestas lides. Eu, que me digo há anos, não valer a pena, deixemo-nos disto.
Tenho um A4 sobre a Defesa/FA, destinado a um qq semanário: a legislatura falhada (deste governo).
Que presumo servir-me para passar efectivamente à reforma.
Quanto à sua transcrição e à forma como a ilumina, denota bem a boa formação que guardou do activo.
Cumprimentos
BM
Caro Luís,
Isto não é transcendente e está ao alcance de pessoas medianamente informadas e que pensem com boa
intenção e sentido de Estado. Os políticos têm outros objectivos e não vislumbram as realidades e a simplicidade das soluções.
Um abraço
João
Caro Bravomike,
Obrigado pelas suas palavras. Não estou assim tão descrente da inutilidade das observações com boas intenções destinadas a contribuir para um mundo melhor. Se as nossas ideias não forem transmitidas, serão como a figueira estéril que nada produz. Sendo publicadas poderão não ter efeitos visíveis, mas haverá alguém que seja levado a pensar um pouco no assunto e, pelo menos, a arranjar argumentos para se convencer de que estão erradas!
A água do rio, apesar de ser mole, consegue polir a pedra dura do rio. Grão a grão enche a galinha o papo. Não me cansarei de fazer tudo para evitar que as ideias que considero positivas fiquem comigo e me acompanhem para a cova. Prefiro que sejam criticadas e derrotadas por quem pense de forma diferente do que calá-las. Elas aí ficam.
E gosto de tornar este espaço num arquivo de reflexões variadas que ajudem a meditar sobre as realidades actuais e deixem um raio de luz que permita encontrar pistas para criar melhor qualidade de vida aos seres humanos, de qualquer cor, idioma, país ou, continente.
Foi um prazer trazer para aqui o seu texto.
Um abraço
João
Enviar um comentário