INEM não transporta cadáveres
Notícia do CM, 25 Outubro 2008 - 12h37
Ambulância ficou parada uma hora
O INEM não transporta cadáveres nas suas ambulâncias. Se um doente morrer durante uma viagem, a viatura pára e fica a aguardar que seja transportado para um veículo alternativo.
A norma que impede que o cadáver seja transportado na viatura do INEM pode causar alguns constrangimentos na actuação do INEM, como aconteceu na semana passada no distrito de Bragança.
O caso aconteceu na passada quinta-feira, quando um homem, vítima de um Acidente Vascular Cerebral morreu quando era transportado para um hospital de Bragança. Confirmado o óbito por um médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), o corpo esperou mais de uma hora na estrada nacional 102 até estarem concluídos os procedimentos para ser transportada para a morgue distrital.
De acordo com fonte do INEM, o objectivo é libertar os meios de emergência para a sua missão de socorro, mas, como aconteceu neste caso, a ambulância ficou mais de uma hora parada no mesmo local, até que outra viatura transportasse o corpo do doente.
NOTA: Parece existir uma alienação generalizada das gentes deste país, que desempenham, ou parecem desempenhar funções de responsabilidade. Não conseguem ter uma noção clara da finalidade dos serviços que devem prestar e, por isso, caem em exageros que são autênticos actos de loucura. Compreendo perfeitamente que uma ambulância do INEM não se destina a transportar cadáveres e, por isso, se é chamada a um local para socorrer um acidentado que entretanto faleceu, não o deve transportar, mas sim aconselhar os procedimentos inerentes ao falecimento, inclusive aconselhar o contacto com uma agência funerária. E regressa ao seu local de estacionamento.
Mas se o falecimento ocorre a meio de uma viagem em direcção ao hospital, não tem qualquer utilidade ou benefício para a sua missão, ficar parada na estrada até que chegue uma viatura de transporte de cadáveres e se processem todos os trâmites para que o cadáver possa ser transportado. Durante essa espera podem acabar por falecer doentes noutros locais por a ambulância não estar disponível. Entre ficar ali parada ou levar o cadáver ao hospital ou a casa da família, não vejo o que terá mais inconvenientes, mas parece que teria sido melhor a segunda hipótese.
Ouvi dizer, ainda era jovem, que quando há dúvidas na interpretação da lei, será conveniente pensar qual teria sido o espírito do legislador. Aqui também convinha ver bem qual é a finalidade da ambulância do INEM e, perante as alternativas possíveis, escolher a que menos prejudicar essa finalidade.
Isso seria possível com pessoas medianamente inteligentes e preparadas para pensar e decidir com lógica e pragmatismo, com sentido de responsabilidade e sem se sentirem amarradas por receios doentios do chefe. Sem essa capacidade de tomar boas decisões assiste-se a um desnorte completo.
O regresso de Seguro
Há 52 minutos
6 comentários:
O termo «alienação» usado no início do comentário, é mais que apropriado.
Comecei a ler e revi todo um tempo de hiper regulamentação, super burocratização, das sociedades e organizações actuais.
Finalidade e resultados?
Convencer os altos responsáveis ou autoridades, de que controlam tudo e todos; de que os seus subordinados, não tomando iniciativas, não erram nem os enganam.
Pois é, desabituados de pensar e tomar decisões, acabam na estupidez que está à vista.
Quanto ao referido sobre a interpretação da lei, uma coisa parece estar certa. Ninguem irá pedir responsabilidades a quem resolveu como resolveu. Pelos vistos, cumpriu-se o regulamento!
Caro JS, o seu último parágrafo diz tudo.
Quando eu um dia, farto de aturar as não decisões de um director de pessoal, lhe disse ao telefone que tinha enviado uma exposição ao CEME, exclamava do outro lado: e quem te autorizou?
Cumprts
BM
Caro BM,
Parece que é como o amigo diz. As «autoridades» na sua estúpida visão da finalidade do seu serviço, procuram mostrar eficiência através do controlo de tudo e todos, no bom estilo que George Orwell descreveu no seu livro «1984», com o célebre Big Brother.
Depois veio Hitler a querer estruturar a sociedade num grupo dominante, a raça ariana, e por outro lado, na maior parte da população com um cérebro atrofiado mas com bom bons músculos pata trabalhar e obedecer.
Hoje são já conhecidas linhas estratégicas atribuídas ao Clube Bilderberg que ultrapassam as intenções de Hitler por terem o apoio da engenharia genética e outros avanços científicos. A evolução está orientada para este esquema: radares em cada recta da estrada, vídeos em cada esquina de rua ou edifício público, as portagens e os telemóveis permitem controlar cada passo do cidadão.
Hoje Portugal nada tem a ver com os descobridores da época de 1500 que não se deixaram restringir às ideias sedimentadas dos velhos do Restelo.
Veja o que está a acontecer no PSD que, em poucos anos, teve 4 (quatro) presidentes, todos eleitos, isto é, os melhores de entre todo o partido e todos foram apeados com campanhas demolidoras iniciadas logo após conhecidos os resultados das eleições que os escolheram! A actual presidente já está na calha para o abate, e a sua oposição já esteve mais activa. Pergunto se as pessoas que os elegeram estavam a agir livremente e com consciência do que estavam a fazer e se tinham alguma representatividade. E quem é que está por detrás desta bagunça, em permanente desequilíbrio? É uma imagem da forma como no País são geridas instituições e empresas públicas em que os políticos têm poder e influência.
Não sabem fazer estudos estratégicos e preparar as decisões de forma coerente, lógica, racional, nem sabem organizar seja o que for, adoram a complexidade e fogem à simplicidade para se mostrarem intelectuais. Esquecem que a simplicidade é uma virtude da vida, da matemática. É bom praticar no método de reduzir as coisas complexas à expressão mais simples, aprende-se na matemática!!!
Um abraço
João
Há regulamentos que só complicam, mas é mesmo para isso que há quem tenha a tarefa de regulamentar! Se calhar agora é preciso pedir um parecer, e coisa e tal...
Bom domingo
Cumps
Caro Guardião,
Essa dos pareceres é de quem está muito atento ao que se passa no país. Apesar das centenas de s«assessores que infestam o imobiliário do Estado, é preciso dar dinheiro a «ganhar» a três ou quatro gabinetes de advogados, amigalhaços dos políticos, eles também políticos ou ex-políticos. E todos se enchem à custa dos impostos como se viu com o trio da Gebalis.
Onde irá parar este País????
Um abraço
João
A propósito de pareceres vi um artigo de opinião, no Correio da Manhã, muito realista e que bem demonstra o que passa com esse tipo de interesses ligados aos gabinetes de advogados, que são sempre os mesmos. Não há vergonha, é tudo à descarada!!!!!
Caro Luís.
São apenas três ou quatro gabinetes de amigos do Poder que facturam quase a totalidade dos pareceres. Um escândalo. E para que servem esses pareceres? Apenas para confirmar as decisões já tomadas por «inspiração divina», como foi o caso do aeroporto na Ota que custaram milhões. E depois o aeroporto foi decidido ir para Alcochete. Mas para defesa dos recentes e oportunistas donos dos terrenos da Ota, devem ter sido encomendados mais estudos e pareceres para dar gordas indemnizações por terem sido goradas as expectativas de grossas mais valias.
Melhor do que o euromilhões é viver na política ou à sua sombra!
E fica a pergunta eternamente sem resposta: Para que servem as centenas de assessores?
Abraço
João
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