Completaram-se ontem seis anos sobre a queda da ponte sobre o Douro em Entre-os-Rios e as famílias das vítimas mortais continuam sem o reconhecimento dos culpados por negligência, daqueles que tinham a responsabilidade da segurança e do bom funcionamento das pontes e estradas do País. São pagos para isso, em benefício da generalidade da população.
As famílias das vitimas que lhes sentem a falta afectiva e também, em muitos casos, efectiva por terem ficado filhos menores e dependentes do seu apoio, recorrem aos tribunais, já resumindo a sua exigência a uma indemnização simbólica e materialmente insignificante. Mas os tribunais, neste caso, como em muitos outros, mostram a sua vocação para condenar pessoas de baixa condição social e económica para quem a própria vida já é uma forte punição e, por outro lado ilibar, desculpar, os bem colocados na vida, os colarinhos brancos. Estes, sejam políticos, grandes capitalistas, ou funcionários públicos de grau superior, passam geralmente (segundo o que chega o conhecimento público) ao lado da justiça mesmo em processos de grande mediatismo.
Os agentes da nossa Justiça queixam-se da pouca credibilidade desta como se a culpa não fosse deles que deixaram de inspirar confiança aos populares, com os seus comportamentos nem sempre isentos e imparciais. A nossa Justiça não parece ser cega no conceito teórico tradicional, mas sim ter falta de visão quando evita olhar para um certo tipo de pessoas bem instaladas na vida.
El País
Há 1 hora
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