Este comentário é um autêntico tratado, uma análise muito completa da situação actual do nosso país, fruto dos governantes que tivemos de suportar nas décadas mais recentes.
Como este texto merece ser conhecido, vou colocá-lo aqui para prazer de todos os visitantes.
As obras dos nossos governantes
Por Ana Rita Bivar
Todos os dias no nosso “brilhante” sistema democrático somos confrontados com novas regras e exigências que fariam as mais rígidas ditaduras parecerem realmente democráticas.
A já estafada dança do conteúdo das palavras, com a sua mudança constante de significado permite tudo, permite que um sistema político aparentemente com o vocabulário e o discurso certo, seja tirânico e escravizador.
Os exemplos mais recentes e flagrantes são sem duvida, todas as medidas que em nome de um acerto de números, de uma justificação de um défice, altera e põe inclusivamente em risco, a vida das pessoas.
A política dos nossos sucessivos governos tem sido clara, tão clara que até admira que ninguém ainda não a tenha denunciado de forma organizada e incisiva.
Objectivo 1º:
Para que possam encher bem os bolsos, tudo terá que estar concentrado em Lisboa e Porto.
E o resto do país?
Será implacavelmente esvaziado, desertificado e encerrado.
Como?
Tirando as condições básicas de vida aos resistentes que ainda lá vivem.
Acabando com a agricultura, levando as populações a abandonar o trabalho da terra, este abandono forçado provocou o fim das técnicas artesanais, dos produtos de qualidade e de tudo o que sabe a genuíno.
Ainda assim houve quem ousasse resistir.
Como acabar com isto?
Simples! Impondo regras ainda mais apertadas e as respectivas multas.
A obrigatoriedade de embalar os produtos em plástico, de os produzir em equipamentos de aluminio, foi lucrativa para alguém, mas não para o consumidor, que na febre das esterilizações, se viu privado para sempre do sabor genuíno das coisas.
Em nome da saúde pública obrigam-nos a comer veneno, calibrado, catalogado, normalizado, com origem no Equador, na Califórnia, no Canadá, raramente ou nunca da nossa terra.
Veneno legalizado em troca de produtos naturais de qualidade. Fruta que sabe a remédio e a verniz, tomates que não apodrecem, alface de folhas grossas e gigantes que mais parecem umas couves, sem vestígios de terra ou de qualquer coisa de natureza orgânica.
Carne imaculadamente embalada, proveniente de explorações e aviários que criam os animais em sofrimento e agonia, em cativeiro, sobrealimentando-os com rações carregadas de antibióticos e formulas químicas que apressam o seu desenvolvimento, para que o negócio se torne mais lucrativo. Peixe criado em viveiros, de tamanho e peso igual, como clones uns dos outros, lá estão na secção de peixaria dos supermercados, sem cheiro e sem sabor.
Objectivo 2º
Fechar os Centros de Saúde e os blocos dos hospitais, com prioridade no encerramento dos blocos de parto, também faz parte da estratégia; a saúde é cada vez mais um luxo ao alcance de poucos.
Adoecer ou ter um filho tem um risco acrescido em Portugal.
No interior, é proibido nascer, crescer, viver, só a velhice é tida em conta da forma mais gelada que podiam ter encontrado. Provavelmente para não morrerem por aí nos montes e nas quintas, decidiram juntar o que resta das pessoas mais velhas numa só casa a que chamam Centro de Bem estar Social, em que a ultima sensação que se tem é que ali se vive algum tipo de bem estar. Homens e mulheres que toda a vida trabalharam ao ar livre, que viveram da terra e em harmonia com os caprichos da natureza, que desvendaram os seus segredos e aprenderam a viver em liberdade com eles, estão hoje encarcerados com um mundo de historias para contar, com tanto ainda para dar… mas alguém decidiu que estavam no fim que já não importam mais, que agora a única coisa que resta fazer é trazê-los bem lavados, alimentados e quietos. Vão morrer, já morreram, aguardam apenas que essa máquina velha que hoje vive guardada num depósito entre quatro paredes se apague de uma vez por todas.
Objectivo 3º
As escolas fecham, obrigando as crianças ( as que não são em número suficiente e que por isso não importam), a acordarem de noite para se deslocarem a escolas a mais de 20Km de distância, para voltarem a casa novamente de noite, com uma pilha de trabalhos de casa, insucesso escolar? Porque será?
As escolas fecham, mas agora aprende-se inglês na primária, apesar dos pais não terem dinheiro para comprarem os livros; os Centros de Saúde encerram; os hospitais fecham os blocos, mas o rastreio do cancro da mama já chegou a Freixo de Espada á Cinta; o TGV vai ser uma realidade, apesar de só um cidadão espanhol ter dinheiro para comprar o bilhete; a barragem do Alqueva está com a água inquinada, imprópria para consumo do gado ou para rega; por outro lado, há pouco mais de um mês uma mulher deu á luz no Hospital de Elvas, assistida por um dentista e outra mulher com um principio de aborto perdeu o filho por ter feito de ambulância 60Km até chegar ao hospital de Portalegre…
As fábricas fecham todos os dias, só porque os investidores estrangeiros, descobriram mão-de-obra mais barata na Roménia, por outro lado os espanhóis instalam-se de norte a sul do país com incentivos, facilidades e subsídios do Governo Espanhol, próprios para os “novos colonizadores”.
Às crianças são fornecidas doses cavalares de flúor na esperança de que cresçam com o sorriso acolhedor para quem nos visita.
Somos Europeus antes de sermos seja o que for e mesmo sem saber o significado dessa condição tão vaga, sabemos que talvez por isso a nossa raça já tenha crescido uns centímetros. O homem português, baixo, entroncado e de bigode, graças á Europa já não é um matarroano, é um homo sexual e a mulher sadia, roliça e boa parideira é hoje uma anoréctica estéril e deprimida.
Arriscamo-nos a morrer á fome em frente a um computador, dentro de uma casa penhorada, com um carro á porta que não é nosso é do banco, com pessoas que são da nossa família, mas que no fundo não conhecemos por falta de tempo, com um sonho que não cumprimos e com a amargura de nunca ter feito uma ESCOLHA.
Por Ana Rita Bivar
El País
Há 2 horas
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