Ainda era menino e moço quando, pela primeira vez, ouvi dizer que os cemitérios estão cheios de homens insubstituíveis, geniais, providenciais, únicos, inigualáveis, etc. Mas, apesar de eles terem desaparecido, o Mundo não tem parado e continua sob a batuta do capital humano de que dispõe.
Um serviço fiscal, um Estado, não pode depender de um homem «providencial», seja qual for o significado que se queira dar a este termo. Essa tem sido a justificação de muitas ditaduras, mas a história demonstra que, após a morte do ditador, o país continuou. O mito de um homem indispensável numa qualquer organização, pública ou privada, evidencia uma péssima gestão dos recursos humanos, uma má avaliação das capacidades individuais, a ausência de uma escolha isenta e correcta dos mais competentes para cada tarefa, e a falta de estímulo e de condições de trabalho para serem levadas a cabo, com êxito, as acções fundamentais.
A solução passa por escolher o homem mais capaz de organizar racionalmente o serviço tendo em vista a sua finalidade principal e o seu objectivo, de discutir o projecto da organização com os colaboradores mais qualificados, antes de ser anunciado e implementado. Seguidamente, escolher a pessoa que mais se coadune com o perfil necessário para a liderança do funcionamento, quanto a saber, a capacidade de chefia e a coragem para seguir em frente sem ceder a pressões menos sérias.
Feito isto, com o máximo rigor possível e dando qualidades de trabalho e apoio político ao nomeado, chegar-se-á à conclusão que não é necessário ir buscar elementos estranhos à instituição para a dirigirem. Em todo o serviço, forçosamente, há pessoas honestas e competentes mas não são devidamente apreciadas e apoiadas para dirigirem. Isto passa-se em muitas organizações, desde as forças de segurança, à saúde, à educação, à defesa, etc. Na realidade, não há melhor dirigente de uma instituição do que o seu funcionário mais competente, dedicado e sério.
A escolha com base exclusiva na confiança política ou cor partidária não será a que melhores resultados produzirá. Há quem sugira concursos de ideias, concursos de candidatura a lugares de chefia, apoiados em currículos, em avaliações de desempenho, nas opiniões de colegas (dando desconto a que o melhor funcionário tem muito invejoso a procurar denegri-lo). E acabe-se com o mito dos insubstituíveis a que exigem ordenados de loucura, só compreensíveis na demência do «desporto» de alta competição.
El País
Há 1 hora
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