Numa época em que muitos dirigentes políticos apoiam irracional e ilicitamente o futebol, por constituir um factor alienante e anestesiante para desviar a atenção das pessoas – a Nação – dos autênticos problemas colectivos, aparecem pensadores a dizer que a Nação tem tanta importância para os governantes como o relvado para os jogadores de futebol. É ignorada nos tempos normais e só é lembrada em vésperas de eleições como fonte de votos em época de crise como fonte potencial de mis impostos, mais limitações de direitos, liberdades e garantias e de regalias a que deve submeter-se sem a mínima hesitação. Segundo eles, a Nação não é para ser apoiada e protegida, mas sim para ser explorada.
Isto parece exagerado, mas, na realidade, as notícias tornam, cada dia, mais claro que o relvado dos estádios não entra nas análises dos grandes derbies, não é tida em consideração nos ensaios das melhores tácticas. A Nação também não. Os exemplos são frequentes e um deles foi ontem notícia com o último conclave do CDS-PP. Não transpirou uma qualquer referência aos problemas do País e dos cidadãos, ao prolongado aperto d cinto sem se verem melhorias da qualidade de vida, a não ser a dos políticos nas suas remunerações directas e indirectas, direitos e benesses, Não saiu qualquer hipótese de solução para melhorar a governação a bem do povo trabalhador e contribuinte. O que veio a lume foi a competição aguerrida para os lugares que dão visibilidade, notoriedade benesses. Houve ofensas primárias, sempre à volta das regras estatutárias e dos apoios delas retiráveis. Igual situação se tem vivido no CDS em que a corrida ao poder está às vistas de todos O mesmo se viu no PS com as posições tomadas por pequenos grupos que se estão a pôr em bicos de pés, em que sobressaem as divergências acerca das políticas de saúde, da Justiça, da segurança Interna, dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, da Educação, da Ota e do TGV. Em todos estes casos, não se argumenta com os interesses nacionais, mas sim com a vantagem no campeonato interno da corrida ao Poder. Ao povo – a relva – é para pisar sem contemplações pra não se perder a concentração sobre o verdadeiro objectivo – derrotar o adversário – meter golos da baliza contrária.
Com políticos assim, confinados a olharem para o próprio umbigo e a perspectivarem apenas os seus benefícios, o povo - relva – continuará ser pisado repetidamente... até que decida manifestar-se abertamente com visibilidade transportada pela comunicação social. Com lógica, com racionalidade, nada se consegue. No mínimo, tem de haver manifestação, que tem provado ser eficaz para os ministros recuarem as decisões insensatas que tinham tomado, e se as manifestações não forem suficientes, poderá advir violência, numa escala inicialmente controlada, mas com grave perigo de ultrapassar os limites convenientes.
Enquanto, alinhava estas reflexões vi, no Jornal de Notícias , a notícia «Vitorino tem dúvidas sobre a localização» do Novo Aeroporto de Lisboa, em que este militante do PS, com conhecida clarividência e seriedade, sugeriu ontem ao Governo que desse resposta às "dúvidas" levantadas por um estudo da NAV sobre o aeroporto da Ota e acabou por chamar a atenção para "o que disse o Presidente da República", apontando a necessidade de o estudo custo-benefício da Ota "responder às dúvidas sobre o prazo de validade, a ligação à base da Força Aérea e a obra de engenharia". Esta posição, semelhante a outras anteriores fazem lembrar a forma digna como abandonou as funções de MDN no Governo Guterres, que devia constituir exemplo para muitos dos actuais governantes.
terça-feira, 20 de março de 2007
OS POLÍTICOS E O RELVADO DOS ESTÁDIOS
Publicada por A. João Soares à(s) 19:37
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