Terminado o almoço num restaurante económico, adequado à actual austeridade, três amigos, que atraíram o proprietário, emitiam palpites, entre sérios e humorísticos, de que se reproduzem de memória alguns excertos:
UM- Mas diz lá, se te dessem a escolher entre a doença de Alzheimer e a de Parkinson, qual escolherias?
DOIS- Seguiu-se hesitação … e a preferência de que optava pela de Parkinson, porque o cérebro deve estar sempre operacional.
TRÊS- o proprietário lembrou o fim da vida da mãe, imobilizada que passava todo o dia na posição em que fora colocada de manhã.
UM- Pois é nós pensamos nos que ficam, mas o paciente de Alzheimer não se sente preocupado por coisa alguma. Para ele tudo está bem. Enquanto o de Parkinson paga a cerveja e não a bebe por a entornar, o de Alzheimer bebe a cerveja e sai por se esquecer de a pagar.
AMIGO ANTÓNIO- Vocês já pensaram que o de Parkinson, mesmo que mantenha a mente totalmente lúcida, vive enclausurado numa máquina que não lhe obedece e não consegue materializar as suas vontades? Mas o de Alzheimer embora não se sinta, não seja infeliz, não tem vida como ser humano, tem apenas vida vegetal. Conheço um amigo que já deixou escrito à família que pretende, quando deixar de os reconhecer e de conversar com lógica, lhe dêem apenas medicamentos para não ter dor física mas excluam qualquer medicamento para lhe prolongar a vida incluindo os alimentos. E aqui se coloca espaço para a polémica sobre o direito ao suicídio assistido e à eutanásia.
Chegados a este ponto o DOIS ausentou-se porque só aceitava a legalidade de se terminar com a vida depois de a Igreja tomar uma posição favorável.
O AMIGO ANTÓNIO, continuou a definir a sua opinião e disse que a vida nos foi dada e é nossa responsabilidade fazer dela a melhor gestão para nosso benefício e da humanidade e é moral que tenhamos liberdade para tomarmos as decisões que achemos melhores, depois de profunda reflexão e de obtermos conselho de especialistas da nossa confiança.Tudo acaba e a nossa vida não é excepção, e é preciso aceitar o último momento com serenidade e dignidade.
Para fim de almoço não foi um bom digestivo, mas para pessoas com capacidade de pensamento foi um tema para meditação durante a tarde.
Imagem de arquivo
O novo amanhã*
Há 2 horas
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