quarta-feira, 6 de novembro de 2013

MAIS UM PARTIDO? PROPORCIONA MAIS COLIGAÇÃO E MAIS CONSENSO


É opinião generalizada entre os cidadãos que os partidos são a maior praga do actual regime, pelas manobras anti-patrióticas, a favor do tráfico de influências, do compadrio, da corrupção, da obesidade da máquina do Estado, com os tachos para os «boys», etc. Mas a notícia de que [Rui Tavares recusa listas do PS e avança com partido], pode ser um raio de esperança, porque torna mais difícil um partido obter a maioria absoluta, com uma espécie de ditadura de «custe o que custar, doa a quem doer» e isso obrigar a coligações de dois ou três partidos em que, se os seus líderes tiverem sentido Estado, os problemas serão abordados, tendo mais em vista os interesses nacionais e não como tem acontecido nos últimos anos.

Eis a transcrição do artigo:

Rui Tavares recusa listas do PS e avança com partido
Ionline. Por Catarina Falcão. publicado em 6 Nov 2013 - 05:00

Francisco Assis desafiou o eurodeputado, eleito em 2009 pelo BE, a integrar as listas do PS. Rui Tavares diz que as "diferenças em matéria europeia" impedem acordo.

Rui Tavares agradece a "alusão simpática" do socialista Francisco Assis para integrar as listas do PS às eleições europeias, mas recusa terminantemente juntar-se aos socialistas. "Não me reconheço no PS, não votaria no PS e não entraria nas listas do partido nem com eleições primárias abertas a independentes", garantiu ao i o eurodeputado. O caminho de Rui Tavares é outro e passa por promover contactos para captar apoios com vista a um projecto que mude "o que tem sido imutável à esquerda". "Se tiver de ser um partido, que seja um partido", acrescenta.

Após voltar a admitir em entrevista ao "Expresso" que está empenhado na criação de um novo espaço de debate à esquerda, Rui Tavares recebeu ontem um convite de Francisco Assis, membro do secretariado nacional do PS e possível cabeça-de-lista às europeias, para fazer parte das listas do PS em Maio do próximo ano. O eurodeputado afirma ter registado a "vontade de diálogo do PS", defendendo que o debate se devia abrir a toda a esquerda, mas diz recusar fazer parte de um partido com quem tem tantas divergências, especialmente no que diz a assuntos europeus. "Tenho diferenças em matéria europeia com o PS. Fui dos mais acérrimos opositores do Tratado Orçamental, que o PS, em conjunto com o PSD, fizeram questão de aprovar", apontou o historiador.

O debate para Tavares deveria ser mais alargado e incluir toda a esquerda, fazendo com que os partidos de esquerda se coligassem contra a já anunciada coligação entre o PSD e o CDS nas eleições europeias.

EXPERIÊNCIA DO PASSADO

Francisco Assis disse ao "Diário de Notícias" que "veria com interesse" a inclusão de Rui Tavares entre os candidatos socialistas ao Parlamento Europeu. Na sua opinião, o eurodeputado encaixa-se "perfeitamente" na esquerda democrática e por isso "o PS não deveria perder a oportunidade de contar com ele". Também Ana Gomes, eurodeputada socialista, apoia esta sugestão, dizendo ao i que "há muito tempo" considera pertinente um convite deste tipo.

Rui Tavares, que foi inicialmente eleito em 2009 e que após a ruptura com o BE em 2011 passou a integrar o Grupo dos Verdes no Parlamento Europeu, diz não ter recebido qualquer convite formal da direcção do PS, assegurando que mesmo que recebesse "não teria nada a acrescentar" ao partido.

Para o eurodeputado, que foi convidado por Miguel Portas a integrar as listas do BE em 2009 apesar de nunca se ter filiado, os partidos "em geral" exigem aos independentes convidados para as listas que sejam "mais disciplinados que os militantes", não aceitando críticas à actuação do partido. "Sei por experiência própria que os partidos esperam gratidão e disciplina em troca desses convites", sublinha Tavares.

NOVO PARTIDO À ESQUERDA

Após a entrevista de Junho ao i, em que o eurodeputado disse fazer sentido repensar um espaço à esquerda "que transcenda as fronteiras dos partidos", o debate sobre a criação do novo partido à esquerda generalizou-se.

Segundo Rui Tavares tem havido muitas pessoas a dizer que "não há espaço ou não há mercado, mas ninguém disse que não havia necessidade". "É preciso, nesta altura, contribuir com algumas respostas, pois não temos todo o tempo do mundo para mudar, e à primeira oportunidade de entendimento entre o PS e o PSD nas eleições de 2015 a Constituição vai estar em jogo", apontou o eurodeputado, que promete empenhar-se na criação de uma nova força política a tempo das próximas eleições europeias.

Imagem de arquivo

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