Uma crise, um obstáculo, uma situação inesperada e desagradável coloca os débeis em lamentações, lágrimas, inibição, e a pedir socorro. Mas leva os fortes a puxar por todas as energias analisar os danos, as condições em que o desastre ocorreu e buscar as melhores soluções. Há que repensar os projectos de vida e encontrar soluções mais criativas e eventualmente mais satisfatórias. É isso que temos observado nos Países Emergentes, no denominado terceiro mundo, em que depois das crises surgem períodos de acentuado desenvolvimento.
Entre nós, parece que depois de lamentações, estão a surgir sinais de bom senso de revisão de procedimentos e de alteração da gestão das vidas privadas e familiares. Passageiros ocasionais de transportes andam mais a pé, o que é saudável e reduz as despesas. Há muita despesa que pode ser suprimida sem prejuízo sensível para a qualidade de vida. As férias da Páscoa estão a ser planeadas com custos inferiores aos tradicionais. Certamente os gastos em ostentação e luxo também passarão a ser considerados menos necessários.
Tem aumentado o número de famílias auxiliadas pela Cáritas sinal de que as dificuldades são reais e muito sérias, havendo lugar para os jovens mais dinâmicos sacarem as suas capacidades de inovação e empreendedorismo para criarem pequenas actividades produtivas de bens e de serviços necessários e exportáveis e darem emprego a pessoas desempregadas. O facto de possuir um diploma não deve impedir que se desenvolva uma actividade de sector diferente mas que seja útil à sociedade e ao próprio, sem perder a esperança num futuro de que se goste mais.
EDUCAR
Para se iniciar a profunda transformação da sociedade ocidental, necessária para desacelerar o processo de degenerescência de que sofre e que a pode levar num futuro não muito distante a ocupar um lugar muito secundário na humanidade, é preciso dar primordial atenção à educação das crianças.
Para isso, os pais têm de estar «redobradamente atentos», sem privar as crianças do essencial, mas explicando com verdade, a realidade e a crise e consciencializando para o valor do dinheiro que é finito e que, por isso tem que gerido com racionalidade. Levá-las a reformular hábitos, banindo o que é supérfluo, isto é educar os filhos a dar mais importância «ao ser» do que «ao ter». Um dos aspectos positivos que podem surgir da crise pode ser o de os pais poderem ter mais disponibilidade de tempo para o «envolvimento afectivo e emocional com os seus filhos», evitando dar uma dimensão catastrófica da vida e reforçando o conceito de que o ser humano é dotado de uma capacidade de adaptação às adversidades.
E, se não reagirmos da forma mais construtiva estaremos a aceitar o rápido declínio de uma civilização que foi a preponderante no mundo desde há cerca de cinco séculos e passaremos a um lugar obscuro na escala mundial. Hoje a actividade dominante é a ligada à alta tecnologia, hoje nas mãos de países asiáticos, tanto no hardware como no software. No nosso caso, mesmo as actividades menos sofisticadas estão em mãos de imigrantes por os nossos jovens não quererem fazer trabalhos alheios ao sector da sua «preparação».
Tudo isso precisa de uma reciclagem de âmbito cívico e realista, porque o mundo que nos espera será muito diferente daquele a que estamos habituados. As pessoas não podem continuar a gastar aquilo que não têm por não o ganharem, pela perda de produtividade, e depois recorrerem irracionalmente a empréstimos não reprodutivos que pioram a situação.
Aproveitemos a crise para pensar e mudar para um sistema de vida mais seguro em relação ao presente e ao futuro.
Imagem do Google
A Decisão do TEDH (394)
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