sexta-feira, 29 de abril de 2011

Código Moral no Japão

Transcrição de texto recebido por e-mail, seguida de NOTA:

Enquanto o Japão conta os mortos (quase 17 mil, segundo as últimas estimativas oficiais) e eleva de quatro para cinco o nível de alerta nuclear, já a dois níveis do que se atingiu em Chernobyl, um jornalista da CNN, Jack Cafferty, não esconde a surpresa e faz uma pergunta:

«Tendo em conta a escassez de comida e a incrível destruição, incluindo em Tóquio, por que razão não estão a ocorrer episódios de pilhagens e vandalismo no Japão?»

Cafferty estabelece um paralelo com o que sucedeu no seu próprio país depois da passagem devastadora do furacão Katrina e cita um colega, Ed West, do Telegraph.

West escreveu uma crónica na qual se confessava «estupefacto» pela reacção ordeira do povo japonês ao terramoto e ao tsunami, e do sentimento de solidariedade que encontrou um pouco por todo o lado.

«As cadeias de supermercado baixaram drasticamente os preços dos produtos assim que ficou clara a dimensão da catástrofe», conta Ed West. «Vendedores de bebidas começaram a distribui-las gratuitamente, com a justificação de que todos trabalhavam para assegurar a sobrevivência de todos».

Cafferty adianta uma explicação: os japoneses possuem um código moral tão elevado que se mantém intacto mesmo nas horas mais sombrias, mesmo quando só existe destruição em redor.

Esta atitude não é por caridade. É SOLIDARIEDADE

NOTA: O valor numa sociedade assenta mais nos valores morais do que no volume da conta bancária, no tamanho do carro ou nas marcas da roupa ou do telemóvel. Por cá, apesar de muita gente já viver da esmola e da caridade, os «boys» da política continuam a lutar pelos tachos, pelas chafaricas inúteis mas que pagam abusivamente, pelas mordomias, pelos carros de Estado de alta qualidade, etc. etc.

Não nos podemos comparar com a dignidade dos japoneses, até porque os exemplos dados pelos políticos, carentes de formação cívica, infecta toda a sociedade, desumanizando-a. Desta forma, nos iremos afastando dos melhores, na escala de valores, agudizando a injustiça social e aumentado o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Longo caminho há a percorrer na educação dos mais novos e na reciclagem dos mais idosos, no respeito pelos outros, segundo o princípio «não faças aos outros o que não desejas que te façam».

Imagem do Google

2 comentários:

José Lopes disse...

O espírito solidário e o orgulho cívico demonstrado por certas sociedades resulta do exemplo que vem de cima e que contagia todos os cidadãos anónimos. Na Europa há algum paralelo nas sociedades nórdicas, contrariando de certo modo a ideia de que tudo depende das tradições seculares.
Cumps

A. João Soares disse...

Caro Guardião,

As tradições seculares são óptimas para fazer citações eruditas. É certo que não devem ser esquecidas porque contêm as raízes da história, com muito de positivo. Mas não podem ser seguidas cegamente, porque a vida social, como tudo o que é vivo e natural, evolui, embora nem sempre da melhor forma.

Cabe aos líderes em quem o povo tem os olhos e que os toma como exemplo a seguir, aos professores, aos mais destacados agentes da Comunicação Social, aosm pensadores, elucidar o povo, incitá-lo a raciocinar para descobrir os benefícios dos melhores comportamentos seguindo a norma de respeitar os outros, não lhes fazer o que não queremos que nos façam. A nossa liberdade cessa no ponto em que pode prejudicar a liberdade dos outros que devemos respeitar.

Desta norma resulta a solidariedade, o espírito de ajuda, de colaboração e a ausência de violência no relacionamento, que deve ser sempre assente em diálogo franco e construtivo.

Infelizmente, a nossa sociedade tem descaído para o método contrário, do conflito, do salve-se quem puder e como puder, sem olhar aos que ficam pisados e esmagados pelo caminho.

Cada um de nós tem que fazer a sua quota parte do esforço de recuperação dos bons modos de viver com ética e civismo.

Um abraço
João
Sempre Jovens