João Cravinho considera que “o efeito Sócrates só por si já não chega”
10.06.2009 - 12h12 público
Declarações do ex-deputado socialista à Rádio Renascença
O ex-deputado socialista João Cravinho disse hoje à Rádio Renascença que, depois do resultado das eleições europeias, “o efeito Sócrates só por si já não chega” e que este não é o momento para o país se lançar nos grandes investimentos.
Cravinho interpreta que o resultado se explica por uma “vontade de castigar o governo, uma vontade de assinalar um cartão que, nalguns casos é amarelo e noutros pode ser muito vermelho”.
“O efeito Sócrates só por si já não chega. isto é talvez a lição do ponto de vista do PS mais importante”, considerou. “Sócrates sozinho já não chega. tem que estar com mais alguém, vários que dêem a noção de que a política que se vai seguir na próxima legislatura não é a política de um homem só”, afirmou.
Até Outubro, o PS tem de “mudar, de alterar, de ajustar, de modo a não dar a imagem de que, de facto, tudo se resume a Sócrates dentro do Partido Socialista”.
Cravinho alerta para os grandes investimentos
Cravinho defendeu que “o Governo deve reflectir muito profundamente sobre quais são os grandes projectos que deve seguir nos próximos quatro anos”. tudo porque, disse, “não é altura de comprometer definitivamente o país por dois ou três meses de pura ânsia e sofreguidão num caminho que depois pode ser muito difícil”.
Em causa estão obras públicas como auto-estradas, TGV e o novo aeroporto.
“Um governo num país democrático não pode fazer quero, posso e mando. Dizer «eu tenho a minha vontade e porque tenho maioria e dentro de duas semanas já não a tenho, vou usá-la hoje para criar obrigações contratualizadas» que, no fundo, se o futuro governo ou se o país quiser desfazê-las então paga um balúrdio tal que, aí sim, coloca o país de tanga”.
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2 comentários:
Mas o que é que este Cravinho anda a fazer no ramalhete? O Alegre está de férias?!...
Um abraço da ingla terra
Caro Pata Negra,
Desejo boas férias na Inglaterra
O Cravinho teve um conflito com o general Garcia dos Santos que tem levantado muitas dúvidas sobre a sua vontade de combater a corrupção. No caso deve ter havido factores não totalmente previstos que criaram um conflito desagradável entre ambos. Do pouco que consegui saber deduzo que foram colegas e amigos desde o tempo do Instituto Superior Técnico e que Cravinho, então Ministro das Obras Públicas e Comunicações, convidou Garcia dos Santos para este, com a sua honestidade e hábitos de rigor intelectual e moral, pôr cobro a casos de corrupção na Junta Autónoma das Estradas (JAE).
Garcia dos Santos, igual a si próprio detectou o problema em toda a sua dimensão, ficou surpreendido por não ter previsto que houvesse situação tão escandalosa. Estavam envolvidas pessoas que faziam parte dos sistema, o qual como hoje se vê, nos casos mais mediáticos, tem ramificações e conluios, de que devem ter resultado pressões sobre Cravinho a que este não conseguiu fazer face e o resultado foi Garcia dos Santos propor-se sair dizendo ou eles ou eu. E saiu.
Portanto Cravinho já, nessa época, se preocupava com a corrupção. Mais tarde, considerando-se menos amarrado e sujeito a pressões, propôs na AR um pacote de legislação para combater a corrupção e o enriquecimento ilícito. Desta vez, as pressões marcaram novamente presença e ele levou «um pontapé pela escada acima» para um tacho no estrangeiro. Houve quem o criticasse por ter aceite essa mordomia em vez de continuar a lutar ignorando os riscos.
Parece, assim, não dever ser acusado de alterações comportamentais desprestigiantes. Talvez lhe possa ser dado o benefício da dúvida, dado o papel que está a desempenhar na purificação do regime.
Ele, o Alegre, o António José Seguro e outros têm marcado um certo distanciamento da arrogância e teimosia de Sócrates.
Um abraço
João Soares
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