As pessoas gostam de falar de mudanças, sonham com elas e quando estão no poder procuram impor novidades. Algumas destas são oportunas e benéficas, mas raramente são devidamente preparadas (ver Pensar antes de Decidir) por forma a ser garantida a sua aceitação, sem rupturas traumáticas, e a sua implementação de forma sustentada. Sem essa preparação, uma simples mudança pode ser inviável.
Isto ficou bem ilustrado nas reformas que o actual Governo prometeu levar a cabo, mas em que não conseguiu obter êxito. Em vez de reformar com a colaboração dos principais agentes dos sectores em questão, tentou reformar contra tais agentes.
Não quero agora analisar as causas dos fracassos e dos recuos, mas apenas referir as dificuldades que as pessoas, muitas pessoas, cristalizadas num certo sistema de raciocínio, sentem e terem problemas de adaptação a situações diferentes.
Um dos candidatos às europeias, professor universitário, com mérito, sentiu esses obstáculos. Habituado às palavras sábias das sebentas e dos tratados académicos, não conseguiu descer ao terreno pedregoso da política com p minúsculo. Para evitar tropeções e quedas graves foi levado aos comícios e arruadas pela mão calejada de tutores de muita confiança do seu partido, os quais, não podendo sondar as ideias que germinam num tal cérebro condicionado por altas teorias, não conseguiram evitar afirmações que, por incorrectas e desajustadas, tiveram de ser rasuradas no dia seguinte com os inconvenientes que tal acção sempre traz. Isso passou-se com a invenção do «imposto europeu», com a reabertura da exploração das pirites alentejanas, etc. Prometeu que as minas vão reabrir, mas não disse quais as de S. Domingos, de Aljustrel ou outras? Parece que nenhumas, para já. Mas é bonito fazer promessas, mesmo que irreais.
Porém, o seu forte não tem sido apresentar projectos que elucidem sobre o seu mérito, sobre o merecimento do voto, mas denegrir o seu adversário melhor colocado. Até o acusa de não andar acolitado por grandes figuras do partido! Como se todos os candidatos precisassem de ser conduzidos pela mão como crianças que vão à escola pela primeira vez, ou como ele próprio. Tal acusação não passa de uma má reacção à acusação que sobre si pende de andar apoiado de muito perto pelos veteranos do seu partido. Será que temos de pagar uma equipa de consultores para lhe darem apoio permanente no Parlamento Europeu?
El País
Há 16 minutos
2 comentários:
A Política merece-me o maior respeito, já os políticos demonstram cada vez mais que não pretendem servir o país, mas sim servir-se e servir uns quantos que ficam normalmente na sombra.
Abraço do Zé
Caro Zé,
Sem dúvida, que a Política como arte e ciência de governar para benefício do País e das populações, criando melhores de condições de bem-estar, principalmente para os mais carentes, merece todo o respeito.
Mas os políticos não a respeitam pois usam a política para seu benefício pessoal, dos familiares e dos amigos, havendo casos escandalosos, autênticos crimes organizados que ficam imunes e impunes.
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