O escândalo do lápis azul, em Torres Vedras, concretizando uma censura prévia às tradicionais festividades do Carnaval, é uma réplica da perseguição ao professor Charrua, da exoneração da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho pelo ministro da Saúde e do processo a militar reformado, por artigo no seu blog, casos de cerceamento da liberdade de expressão, com exagerado medo dos efeitos de críticas ou referências não laudatórias ao Governo
Alguém, para agradar ao chefe, põe em marcha uma acção de censura, por pretexto fútil o de apresentar no monitor do «Magalhães» mulheres nuas, coisa que qualquer criança vê, em locais públicos, jornais e revistas. E as imagens do caso, nada tinham de pornográfico, e até estavam desfocadas.
Os casos de Charrua, da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho e do militar reformado podem ser relembrados seguindo os links que seguem no fim deste texto.
No caso de Torres Vedras, referido nos textos linkados no fim, um fanático socialista, provavelmente para colher benesses do género de ser incluído nas listas das próximas eleições denunciou que um dos carros alegóricos ofendia a moral pública!
O presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel, recebeu um fax no Ministério Público com indicação para retirar as alusões do computador Magalhães do “Monumento” – construção alegórica que todos os anos satiriza um tema da actualidade.
O “Monumento” deste ano é dedicado ao tema “profissões”: a alegoria está materializada com um jovem e os seus sonhos de futuro. Neste cenário, o Magalhães aparece com mulheres nuas e referência à pesquisa no Google com a palavra-chave “mulheres”.
Em entrevista à Antena 1, o autarca terá manifestado a sua indignação, sublinhando que é esta é a primeira vez depois do 25 de Abril que há um acto de censura aos conteúdos do Carnaval de Torres, célebre pela sua crítica social e política.
Assim se reforça o renascer do lápis azul dos antigos censores e assim se dão mais uns passos para o Estado policial, dentro da filosofia imperante de que é preciso «malhar neles».
E, perante estes avanços anti-democráticos, as pessoas devem reagir visivelmente logo aos primeiros passos dados pelo Poder na má direcção, porque se demorarem, a repressão vai tomando força e deixa de ser possível reagir. Não se esqueça a evolução do poder hitleriano, que começou por eleições democráticas.
Há que acordar e estar atento e defender as pequenas liberdades antes que sejam retiradas as liberdades essenciais.
Textos de apoio a este post:
- A «lei da rolha» está aí Caso do professor Charrua
- Caso Charrua encerrado por pressão popular
- Directora demitida... por pecado mortal
- Directora demitida (continuação)
- Liberdade de expressão em risco?
- Processo disciplinar a militar reformado
- Ministério Público proíbe sátira ao Magalhães no Carnaval de Torres Vedras
- Carnaval de Torres Vedras: câmara lamenta que PGR censure sátira que não viu
- Câmara acusa Ministério Público de censura
- Tribunal manda retirar nudez de 'Magalhães' no Corso de Torres Vedras
- DREN contraria Conselho Pedagógico de Paredes de Coura na polémica sobre desfile de Carnaval
- Denúncias são necessárias!!!
- Alertar, reclamar, denunciar é um dever cívico
El País
Há 49 minutos
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