Conversa fiada
Quando convosco converso
Para vos dizer, em verso,
O que acho controverso,
Eu bem queria ir p’lo anverso
Qu’é o lado menos perverso.
Só que logo de transverso
Não sei que lei do Universo
M’empurra para o reverso
Exactamente o inverso
Adverso, maniverso
Do atrás dito obverso.
Isto não está fácil, não
E é apenas o sermão.
Ainda falta dizer missa
Depois sai a procissão
Honrando SANTA JUSTIÇA.
Àparte o Vale e Azevedo
E o patriota Machado,
Aqui mais ninguém vai preso
Tão pouco será julgado.
Mas se for a tribunal
- O que duvido aconteça –
Nem lhe passa p’la cabeça
Que venha a ser condenado.
Por mais que seja culpado
E maior seja a ofensa
Lá vem a «douta » sentença:
Ou o réu é ilibado
Ou leva pena suspensa.
Fazem-se assaltos a Bancos
Outros a gasolineiras
Os sacos azuis são brancos
Trafulhices financeiras
Peculatos, roubalheiras
Assaltos à mão armada
Não lhes acontece nada!
Tráficos de influências
Com as devidas conivências
E outras tantas manigâncias
Sem disfarce e à luz do dia
As «virtudes» que faltavam
A «esta» democracia
Que tem por base os partidos
Que nunca serão arguidos
Mas é tempo d Natal
Vem aí a consoada.
Eles levam 100 milhões
Os pobres uma patada!
A Justiça outra facada!
(Tudo o resto é pó… é nada)
Boas Festas Portugal!!
Viçoso Caetano (O Poeta de Fornos de Algodres), Fev2009
NOTA: Do mesmo autor foram aqui publicadas as poesias: Democracia, A (minha) mensagem, Ao Combatente do Ultramar Português, Que se passa, Portugal, diz Presente!!!
El País
Há 12 minutos
4 comentários:
Fantástico!
Que talento!
Obrigada pela partilha.
Não conheço este poeta, mas de repente fez-me lembrar António Aleixo, Gil Vicente...
Crítica Social em verso.
Está óptimo!
Abraço
Fenix
Cara Fénix,
Trata-se de um velho patriota que sente no mais íntimo do coração aquilo que se passa no País ao reverso dos valores éticos que se acostumou a respeitar durante mais de sete décadas e meia.
Abraço
João Soares
Caro João,
A propósito acabei de ler esta quadra solta sobre o Sócrates que não deixo de a transcrever:
"Não se é inocente por ser,
não se é inocente por querer,
não se provando a inocência,
É se culpado até morrer."
É tirado do grapilho.blogspot.com que se dedica também à reflexão e critica em verso.
Caro Luís,
Muita gente honesta que ousa pensar livremente, sem estar amarrada a partidos, diz que a inocência não se prova com palavras agressivas contra presumidos rivais, nem com esbracejar, mas colocando todos os haveres à disposição de investigadores imparciais, como é suposto ser a PGR. Depois de estar tudo bem claro, deixa de haver rabos de palha e motivos para «insinuações» ou «campanhas negras» ou «assassinatos políticos, pessoais, morais...». Quando mais tempo demorar esse esclarecimento, mais se enraíza a desconfiança e as dúvidas e, depois, é mais difícil «cortar a raiz ao pensamento». E então «é-se culpado até morrer» como diz o poeta que citas.
Um abraço
João Soares
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