A «lei da rolha» está a generalizar-se e a consolidar-se. Os 34 anos decorridos sobre o 25 de Abril, não foram suficientes para instalar uma autêntica democracia, com as liberdades inerentes e os direitos humanos que estão a ser exigidos em todo o mundo, de Leste a Oeste.
Na DREN (Direcção Regional da Educação do Norte), houve o processo contra o professor Charrua (Ver aqui e aqui) que acabou por ser arquivado (Ver post) devido à pressão da comunicação social e popular.
A directora do Centro de saúde de Ponde de Lima foi demitida (ver aqui e aqui) por uma questão mal definida com ares de autoritarismo.
Na DREN foi também objecto de notícia o encerramento de uma escola (ver notícia) que entretanto tinha sido contemplada com um prémio internacional, mas já não existia quando devia recebê-lo.
O Dr. António Caldeira, por querer esclarecer pormenores ligados à licenciatura do PM teve um processo jurídico, entretanto arquivado (ver post).
Outros casos houve, com posteriores recuos eventuais, sendo o mais recente sido processo disciplinar contra o coronel na reforma Luís Alves de Fraga (ver notícia), seguido de nova versão do RDM (Regulamento de Disciplina Militar) (ver aqui e aqui) orientada para amordaçar todos os militares mesmo na situação de reforma.
E, novamente, a DREN aparece novamente como notícia (ver aqui), pela mão da sua directora Dr.ª Margarida Moreira que processa órgãos de Comunicação Social por terem divulgado a notícia sobre a violência havida da escola Carolina Michaelis, no Porto.
Já não se pode dizer «o rei vai nu», não se pode dizer o que está mal e precisa de ser rectificado, não se pode referir aquilo que deve ser melhorado a fim de as autoridades responsáveis serem alertadas e estimuladas para um desempenho mais eficaz, em benefício dos portugueses.
E, a propósito de recuos, depois de tantos verificados em vários ministérios – saúde (encerramentos de urgências, maternidades, centros de saúde, etc), educação (TLEBS, avaliações de professores, estatuto de alunos, manuais, etc), obras públicas (Ota, deserto, etc) – surge agora o caso dos descontos abusivos aos reformados sobre o subsídio de férias e de Natal.
Recuar é um sinal de bom senso e de seriedade, mas ter de recuar muitas vezes é prova de que as decisões não foram devidamente preparadas e apoiadas em estudos correctos e num esforço de previsão dos efeitos que delas decorriam.
El País
Há 1 hora
15 comentários:
Pois é meu caro amigo, a lei da rolha está para durar, e não vai ser a mim que a vão conseguir meter. A nossa dignidade acima de tudo, entre fortes repressões grandes indignações, teremos de os habituar que a constituição nos confere esse direito, o de protestar, de falar, de mostrar.
Nada irá acontecer, tenho a certeza, mas o mesmo não posso dizer dos "yesmen", esses tudo farão para nos atropelar, e nos calar.
MAS A MIM NINGUÉM ME CALA!!!
Um Forte abraço do Beezz
...acabar com os Militares?
de: M. lima
-É com satisfação que recebo o "regresso" deste sítio, onde gente de espírito aberto e lúcido, e que não se deixa manipular pelo canto de sereia dos Miguéis de vasconcelos que nos governam, dão voz à sua justa indignação e procuram alertar os Portugueses dignos desse nome, e mais ainda, dignos de serem considerados Seres Humanos em vez de carneirada, para os graves males de que a nossa Pátria enferma, e dos responsáveis por tal situação.
-A este propósito, apoio a intervenção do Srs. Fernando Rezende/José Sousa (?), bem como fico satisfeito das recentes intervenções de alguns generais, sobre a actual situação do País, em especial das Forças Armadas.
-Contudo, vou fazer dois reparos:
1º- o Sr. Fernando Rezende/José Sousa, faz uma incorrecta/triste comparação entre os militares e o PCP; pois enquanto aqueles sempre estiveram ao serviço de Pátria e por ela derramaram sangue "do Minho a Timor", este (o PCP) sempre serviu os interesses do "Império do Mal", são uns vendilhões do Templo e vira-casacas; se houvesse de facto justiça, muitos deles ter-se-iam sentado no banco dos réus em Nurenberga por crimes de lesa-pátria... É completamente descabido acusar o Estado Novo de facista (o Prof. Eduardo Lourenço (que é socialista), tem um livro intitulado: O facismo em Portugal nunca existiu!); contudo, peço-lhe que me explique porque o considera como tal. Quanto à revolução a fazer, não é outro 25 de Abril, ou quer repetir a pérfida tragédia (como diz o Gen. Silva Cardoso)? -Há sim, que fazer um novo 28 de Maio, uma revolução patriótica, que trouxe gente séria e competente para a governação (Oliveira Salazar, Albino dos Reis, Caeiro da Mata, Maj. Alberto de Oliveira, Sebastião Rodrigues, Armindo Monteiro, Trigo de Morais, Carneiro Pacheco, Franco Nogueira, Duarte Pacheco,...), que permitiu devolver a Portugal o prestígio internacional que merecíamos, bem como tirar o País da lama, da miséria mais abjecta e do analfabetismo crónico ...
2º -Quanto à posição dos Srs. Generais perante a actual/triste situação em que os militares se encontram, sou solidário. -Contudo, chamo a atenção dos mesmos, para o facto de, indirectamente, serem co-responsáveis, pois foram eles que puseram o poder nas mãos dos "pais" destes, que agora lhes querem retirar poder e regalias. Parece-me, que na "data da perfídia-25-4-74" (como diz o gen. Silva Cardoso), deveriam ter pensado naquilo que aprenderam e no que estavam vivendo e vendo noutras áreas de flagelada África. Costuma-se dizer que as revoluções comem os seus heróis, é o que o poder civil tem andado a fazer ao longo destes anos, em especial em governos de esquerda; ao tempo da guerra no Ultramar contra o terrorismo levado a cabo contra nós pelas democráticas Rússia soviética e E.U.A., ocorreu o flagelo da guerre no Biafra... será que nunca pensaram que ao desistirem da luta no Ultramar, estavam a condená-lo ao mesmo? -Será que nunca pensaram que ao derrubarem um Governo de gente séria e competente, num tempo em que havia justiça e tolerância (q.b.), inevitavelmente, como alternativa, iram ter (quisessem ou não) a "colaboração" dos oportunistas, desertores e demais classe de abutres que têm delapidado a Nação Portuguesa e a empurraram para o estado em que se encontra, nos planos da Moral/valores, do Económico-financeiro, da Instrução, da Saúde, da Justiça?
-Quem é que neste País, actualmente, tem consciência do estado de falência económica em que nos encontramos (uma das razões porque querem acabar com os Militares)? -Quem é que neste País tem consciência do gravíssimo estado/nível de deseducação-ignorância da nossa juventude? -Qual será o seu futuro? -E o da Nação Portuguesa?
-Quantos crimes políticos foram cometidos nestes últimos trinta e quatro anos, a começar pelo de Fernando Oneto? -Quanto foram a julgamento? -Quem foi condendado? -Nem os terroristas das FP-25/Brigadas Revolucionárias, nem os democratas pedófilos (os seus crimes prescrevem)!
-Quando se abrem os olhos demasiado tarde..., a visão é mais dura e os esforços de restauro, maiores....
Cumprimentos.
M. Lima
Caro Beezz,
O povo português vive acomodado à miséria, social, e política. Deixa andar, acomoda-se, aceita... mas, um dia, já será tarde para conseguir resolver os graves problemas de forma pacífica, e depois não se sabe o que acontecerá. Mas poderá ser grave e advir outro período de caos. Seria muito melhor começar já a corrigir o rumo, para se chegar a bom porto em tempo oportuno.
Um abraço
A. João Soares
M. Lima,
Este seu texto tem valor histórico, que muita gente já esqueceu.
Quanto às perguntas com que termina, direi que a resposta parece ser igual à do Romeiro do «Frei Luís de Sousa» do Almeida Garrett: NINGUÉM!
O povo está apático e bebe cegamente e sem olfacto as palavras que ouve aos governantes e estes desconhecem totalmente as realidades do País, vivendo nas nuvens das suas fantasias. E esta ignorância até serve de desculpa para tantos erros, alguns atamancados com recuos forçados pelas reacções de alguns populares mais atentos. Se não for ignorância, então o caso é mais grave, porque é culposo.
Abraço
A. João Soares
GAZETILHA
De recuo em recuo
vai o Governo a passar
na Assembleia há amuo
e é só desconversar.
A "lei da rolha" é constante
nem salta nem vai ao fundo
e o Governo delirante
diz ser o melhor do mundo.
Oh gente da minha terra
agora´é que eu percebi
que por mais voltas que demos
nunca saímos daqui...
Daqui desta pasmaceira
deste "faz de conta" triste
só que inda há gente "à maneira"
que criticando resiste.
Bravo amigo João Soares
continue criticando
que ainda virão bons ares
por eles vamos esp'rando.
Um abraço da Brizissima
"punir" um delito de opinião
AINDA O PROCESSO DISCIPLINAR CONTRA O
CORONEL LUÍS ALVES DE FRAGA
de: Fernando Paula Vicente
Maj-Gen. Força Aérea
Não li a peça que terá motivado a atitude do CEM da Força Aérea, Senhor General Luís Esteves de Araújo - pessoa que conheço bem e por quem tenho a maior consideração pessoal - de levantar um processo disciplinar ao Senhor Cor. Luís Alves de Fraga, pessoa que, sob o meu comando, serviu na Base Aérea da Ota. Pelo que li, parece ter sido a frase seguinte a razão última do processo: «mostras de uma subserviência ao poder político que envergonha a tropa que comandam».
Deduzo que o escrito, nesta e em outras possíveis afirmações semelhantes, não traduz um ataque pessoal ou institucional à figura do CEMFA ou à Força Aérea, constituindo apenas o cru exercício do direito à indignação de um militar da FAP que se terá confrontado com a
realidade de um sistema de Assistência na Doença aos Militares da Força Aérea (ADMFA), que funcionava de forma exemplar, completa e, eventualmente até, intencionalmente destruído e substituído por uma aberração típica de quem age primeiro e pensa depois, se é que pensa.
E, disso, o Sr. Cor. Alves de Fraga não tem a culpa, e nada pode fazer para solucionar o problema. Como não tem culpa o Senhor General CEMFA, mesmo que, porventura digo eu, pudesse ter feito algo mais que o muito que seguramente fez para o evitar.
Não creio (e também não fui verificar) que a Constituição da República Portuguesa consagre especificamente o direito à indignação, mas, sem dúvida, no seu Artº 37, nº 1, consagra claramente o direito à Liberdade de Expressão que, em meu entender, cobre perfeitamente o
primeiro.
A indignação - e a capacidade de a demonstrar publicamente - devem constar da caixa de ferramentas da personalidade de qualquer cidadão na plena posse das suas faculdades mentais, sob pena de se lhe aplicar a máxima "quem não se sente não é filho de boa gente" e de se constituir em alienado mental, daquela estirpe tão bem caracterizada por Guerra Junqueiro em "Pátria" (1896), "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum
coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas…".
Em defesa do Senhor Coronel Alves de Fraga, que muito respeito também, que há décadas não vejo e que me não constituiu seu procurador, também eu me sinto profundamente indignado com o que adiante relato e tencionava até fazer do assunto uma comunicação pessoal ao Senhor General CEMFA. Por impulso, ao ler a notícia do processo no Diário de
Notícias e ao encontrar o assunto já em desenvolvimento na blogosfera, faço-o aqui mesmo, o que me inibe, por uma questão de cortesia e de respeito pela sua figura institucional, de o comunicar posteriormente ao CEM da minha Força Aérea.
A minha "história" mais recente com a ADM, sucessora da ADMFA, fonte da minha profunda indignação que aqui deixo expressa, é a seguinte:
Como não tive a sorte de nascer rico e por isso mesmo, desde que entrei para o Quadro Permanente da Força Aérea, em 1960, eu e o meu agregado familiar utilizámos sistematicamente os hospitais militares, sempre que eles disponibilizavam as consultas ou os meios auxiliares de diagnóstico que procurávamos. Com isso eu pretendia, por um lado,
minimizar os custos para mim próprio e, por outro, minimizá-los também para a FAP que, assim, não teria que pagar a entidades estranhas a prestação de serviços de que dispunha em casa.
Ultimamente, porém, comecei a ter enorme dificuldade de marcação de consultas, por telefone inicialmente e, depois, nem por marcação presencial, porque, quando chegava ao Hospital da Força Aérea já a quota mensal estava esgotada. Assim, no final de 2007 e, novamente, no
início de 2008, resolvi ir um pouco mais cedo para garantir a marcação. Com toda a naturalidade e fazendo uso da minha qualidade de militar da FAP, entrei à porta de armas cerca das 07:30 e dirigi-me para a central de marcação, colocando-me junto da máquina dos
"tickects". Cerca das 08:00, hora a que a máquina começa a dar os tais tickets, entrou um multidão em fila indiana que, vendo-me já junto da máquina, me advertiu que eu tinha que ir para a bicha, ao mesmo tempo que, colectivamente, me mimoseavam com uma série de adjectivos que, por decoro, não vou aqui reproduzir e ameaçavam agredir, se insistisse
em retirar o primeiro ticket. Nas duas vezes, salvou a situação o facto de terem entrado militares da FAP que comigo serviram ao longo das nossas carreiras e que tiveram a gentileza de se me dirigir e cumprimentar com sonoros "bom dia senhor general", o que fez arrefecer
a turba furiosa. Particularmente na segunda vez, em 4 de Janeiro último, não tenho a menor dúvida que teria sido fisicamente agredido, porventura gravemente, face aos impropérios que tive que ouvir. Isso teria dado um apelativo título de caixa alta "general da Força Aérea
leva um arraial de pancada no hospital". Não a levei, mas, depois de quase 50 anos de regular utilização, saí do HFA sem vontade de, tão cedo, lá regressar. E saí profundamente indignado: se tivesse sido entrevistado logo de seguida, muito provavelmente diria muito pior que
o Sr. Cor. Alves Fraga terá dito.
Não quero aqui, publicamente, fazer qualquer juízo de valor, mas sei que o Senhor General CEMFA sabe que a aplicação do RDM suscita a obediência, mas que não promove o respeito hierárquico e institucional e, por isso, acredito que o Senhor General tenha sido mal assessorado, já que, para tentar "punir" um delito de opinião, uma manifestação de
indignação, que até poderá ser excessiva mas será sempre legítima, deu para a comunidade a imagem de uma Força Aérea digna de um regime que, pensa a Nação, se teria exaurido em Abril de 1974. E isso poderia ter sido evitado.
Com idêntica indignação relativa ao mau serviço prestado pelos serviços médicos da FAP, ainda que não por culpa própria, deixo aqui ao Senhor Cor. Luís Alves de Fraga, um abraço com a minha solidariedade.
Fernando Paula Vicente
Maj-Gen. Força Aérea
António Barreto no Público:
... ... ...
NÃO SEI SE SÓCRATES É FASCISTA. Não me parece, mas, sinceramente, não
sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta
é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das
empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite
que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas
poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu
ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função
Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O Primeiro-ministro
José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra
autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal
que Portugal conheceu nas últimas três décadas
TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável
para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos
cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação?
Acordo? Só se for medo...
António Barreto \ Público'
Amiga Brizissima,
É uma honra ter aqui um comentário seu, em verso. Vamos esperando, numa espera activa e sem deixar que nos coloquem uma rolha na boca. Se outra maneira não tivermos, ao menos falemos por gestos, por mímica também nos podemos exprimir, e depois o voto será silencioso, sem fazer um mínimo sinal no boletim, para não prestigiarmos qualquer que venha fazer mais do mesmo.
Beijos
A. João Soares
Caro General Paula Vicente,
Obrigado por ter utilizado este espaço para um comentário tão criterioso e sereno.
Mais do que o direito à indignação que, sendo um sentimento íntimo, ninguém pode controlar, há o direito de expressão que a Constituição permite e consagra. Mas, tal como sinto, penso que o Fraga se considera com o dever de contribuir pra o melhor futuro de Portugal, alertando para aspectos da vida imposta aos cidadãos que Têm necessidade de ser aperfeiçoados, corrigidos, para daí advirem vantagens e serem eliminados inconvenientes desnecessários e nocivos. Contribuir para limar arestas é um dever de cada cidadão que procure deixar de ser um elemento do género descrito por Guerra Junqueiro como cita e reitero:
«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas…".
Os tempos não estão de bom augúrio para quem desempenha cargos de Poder e é indispensável muita serenidade para não se desprestigiarem com actos de desespero ou de injustificada arrogância. O povo vai acordando e deixando de ficar indiferente actos iníquos.
Um abraço
A. João Soares
Olá João,
Este é um texto necessário à cultura geral de cada um, ou para relembrar as aventuras e desventuras do nosso país.
Até eu com a minha positividade e fé sempre tão admiradas pelo meu marido, já vacilo e digo o que não devo.
Quanto ao meu marido ri-se e diz-me: "Até tu mulher, até tu já estás a perder a fé...".
Como vê meu amigo até eu estou com dificuldade...
Mas, depois deste desabafo malfadado, logo me recomponho e volto ao que os meus amigos estão habituados a ouvir de mim: "Isto é só uma questão de tempo. Mais um mandado... dois... talvez três e tudo ficará melhor...", afinal nós é que somos pessimistas...
Beijinhos com amizade e como vê não há pachorra que dure para sempre.
Alexandra Caracol
Caro A. João Soares
Em primeiro lugar queria deixar aqui afirmado que qualquer petição que corra em favor do Coronel Fraga apenas e somente legitimará o que não existe, isto é, uma ralação de hierarquia entre um militar no activo e um militar na reforma. Desde logo porque este já não vence, passe-se a redundância, vencimento, antes aufere uma reforma pelos anos de descontos efectuados. O mesmo não se passaria se estivesse na reserva.
Atente-se nisto: Como se notificará a nota de culpa do processo? Chamá-lo-ão por carta para que se apresente?
Quanto à subserviência das chefias militares ao poder político não sei se a há, mas que uma total omissão dos interesses dos seus subordinados em clara violação dos seus deveres como chefes militares, há e é evidente.
Que dizer de um EMFAR que qualifica os militares como companheiros, como se o termo derivasse de companhatas e não de camaratas (artº 15º, nº2, al. c), EMFAR)?
Deixo-vos aqui transcrito o artº 6º do RDM
(Competência disciplinar)
Os militares que exercem funções de comando, direcção ou chefia são os competentes para recompensar ou punir aqueles que lhes estejam efectivamente subordinados, sem prejuízo da excepção prevista na parte final do n.º 1 do artigo 7.° A competência resulta do exercício da função, e não e não do posto.
À laia de reflexão e para que se apurem efectivamente responsabilidades sobre o estado a que isto chegou, deixo-vos, ainda do RDM:
Artigo 2.°
(Bases da disciplina)
1)…..
2) Os chefes, principalmente, e em geral todos os superiores, não devem esquecer, em caso algum, que a atenção dos seus subordinados está sempre fixa sobre os seus actos e que, por isso, a sua competência, a sua conduta irrepreensível, firme mas humana, utilizando e incentivando o diálogo e o esclarecimento, sempre que conveniente e possível, são meios seguros de manter a disciplina. Serão responsáveis pelas infracções praticadas pelos subordinados ou inferiores, quando essas infracções tenham origem em deficiente acção de comando.
3) O superior, nas suas relações com os inferiores, procurará ser para eles exemplo e guia, estabelecendo a estima recíproca, sem contudo a levar até à familiaridade, que só é permitida fora dos actos de serviço.
Tem ainda por dever curar dos interesses dos seus subordinados, respeitar a sua dignidade, ajudados com os seus conselhos e ter para com eles as atenções devidas, não esquecendo que todos se acham solidariamente ligados para o desempenho de uma missão comum.
Por aqui me fico.
Querida Amiga Alexandra,
O pessimismo dificulta a procura da felicidade. Devemos ser optimistas, embora preocupados, mas não podemos esperar que tudo se resolva por milagre, o futuro de Portugal depende de cada um de nós porque somos eleitores e, para votar devemos estar esclarecidos, acompanhando os acontecimento com regularidade e procurando perceber o que está por detrás. Agora que se fala em «avaliação do desempenho», não podemos deixar de avaliar em continuidade o desempenho daqueles em quem delegámos autoridade para nos governar, em benefício da colectividade e não para se governarem como se o País fosse um quintal deles.
Beijos
João
Caro Manel do Montado,
Traz-nos uma boa lição de ética, certamente, muito esquecida de generais e de outros chefes quer nas Forças Militares quer nas funções da Administração Pública e até nas empresas, porque o que é verdade para um chefe militar também o é, nas devidas proporções, para um chefe civil.
Seria interessante que muitos chefes viessem ler estas suas palavras para reciclarem os seus comportamentos e para fazerem a auto-avaliação do próprio desempenho.
Ética e bom senso, são conceitos muito ignorados, hoje em dia.
Um abraço
A. João Soares
Poema de B Brecht
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo
B. Brecht
NOTA: Temos de reagir aos primeiros sintomas. Se adiarmos, a donça pode ser incurável!
O professor que um antigo aluno quer punir
DN 19-04-19
Manuel Carlos Freire,
Luís Fraga. Um inédito processo disciplinar a este coronel reformado deu-lhe mais visibilidade
que os anos de professor universitário ou como autor do blogue «Fio de Prumo», onde as suas
críticas suscitam admiração entre os militares.
Luís Fraga deu aulas ao agora generaL Luís Araújo, chefe do Estado-Maior da Força Aérea
O coronel reformado Luís Fraga, a quem a Força Aérea instaurou há dias um processo disciplinar por críticas feitas aos generais da FAP, foi professor de Deontologia Militar na Academia do ramo - função onde recebeu os três últimos louvores.
"Modelar na sua estatura moral íntegro e leal", "oficial muito respeitador, aprumado, sério e frontal na defesa dos seus pontos de vista", "extraordinariamente culto (…) soube expressar de forma inequívoca o
mais digno sentido do dever", pelo que "devem os seus serviços serem considerados extraordinários, relevantes e distintos", escreveram os generais Costa Santos, Geraldo Estevens e Ramos Lopes nos anos 1990.
Apesar desses adjectivos, os 30 anos de serviço militar de Luís Fraga incluem uma pena de três dias de prisão disciplinar – que lhe dividiram a carreira: ao meio. "Antes fui oficial de Administração Militar, os 15 anos seguintes fui professor nas escolas da Força Aérea", primeiro no Instituto de Altos Estudos (IAEFA) e depois na Academia (AFA), lembrou o militar que, além da Deontologia Militar, também deu aulas de História Militar, História Contemporânea De Portugal e Sociologia Militar.
Foi na Academia da Força Aérea, onde acabou como director do Ensino Universitário, que Luís Fraga teve como aluno (1981/82)o então capitão Luís Araújo, hoje chefe do Estado-Maior da FAP (CEMFA) e
o responsável pelo processo disciplinar instaurado àquele professor universitário. "Há 28 anos que nos conhecemos e somos amigos" desde que ficaram ambos como professores no IAEFA. Agora, "tenho de distinguir duas pessoas no general Luís Araújo: o homem e o general CEMFA".
Esta situação tem algumas semelhanças com a que culminou na pena de prisão disciplinar, aplicada em 1979 pelo então coronel Alvarenga Sousa Santos (que depois chegou a CEMFA). "Continuei a falar-lhe
com respeito e consideração (...) porque julgo que ele foi vítima, tal como eu, do processo [pós-PREC] que se vivia na altura." Mas o assunto nunca veio à baila nessas conversas posteriores: "Ainda tenho pendente, há 28 anos, uma conversa com o general Alvarenga", disse o coronel. com um sorriso.
Luís Fraga recorda depois um episódio com outro general da FAP, em 1968, ocorrido em Moçambique - mas sem consequências:
"Com um aviso de muito pouco tempo sobre a hora da chegada, passou por lá o general Machado de Barros, para ficar 24 horas em visita de inspecção às unidades sedeadas na Beira. Recebi-o na messe sem
qualquer tipo de alterações à rotina diária e, depois do almoço, fui falar com ele enquanto bebia o café. Explicando-me sobre a situação da messe, disse-lhe: 'Espero que esteja tudo do agrado de v. Exa, meu general, pois acredito que se está bem para nós, que aqui passamos 24 meses de comissão, estará muito bem para V. Exa, que aqui passa só 24 horas'. Ele olhou para mim, com uns olhinhos perspicazes, e só me disse: 'Está tudo muito bem, senhor tenente, muito bem mesmo'."
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