A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou perante os deputados que "houve uma conduta violadora do dever de correcção de linguagem, o que é perturbador do funcionamento dos serviços." Fernando Charrua fez um comentário sobre o primeiro-ministro nas instalações da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), onde estava requisitado, e que a DREN considerou insultuoso. E, segundo ela, "depois de ter havido um insulto, era necessário ter havido um processo".
Apesar desta clareza sobre a falta cometida, a ministra decidiu arquivar o processo contra o professor Charrua, justificando-se aos deputados que assim procedeu por se ter verificado a existência na sociedade portuguesa de "dúvidas" sobre se este configuraria um processo por delito de opinião. Afirmou que "se prescindiu da aplicação de uma sanção de forma bastante generosa", frisando que "não podem existir dúvidas na sociedade sobre o facto de que os processos disciplinares na Função Pública não podem servir como meio de educação dos funcionários em relação a expressões menos correctas".
Merece ser meditada esta justificação da governante, que nos ajuda a compreender muito do que tem acontecido no País, por insegurança dos governantes, ausência de informação suficiente sobre as situações em que devem decidir, falta de uma directriz claramente definida e de objectivos realistas e coerentes entre si e o receio de desagradar a correntes de opinião, nem sempre orientadas pelo verdadeiro interesse nacional. Este receio não é de agora, infelizmente. Fez-se o túnel de Belas na CREL, para salvar pegadas de dinossauro que não estão visitáveis e há dúvidas sobre o seu estado actual, comprou-se a pedreira do galinha para evitar a destruição de pegadas de dinossauro, que neste momento já não devem ser visíveis devido ao efeito do tempo, parou-se barragem de Foz Côa para preservar gravuras neolíticas que o podiam ser de outra forma sem evitar a construção da barragem, a barragem do Alqueva foi atrasada com elevação de custos para não contrariar opiniões que acabaram por contemporizar, o mesmo aconteceu com a auto-estrada para o Algarve. Mais recentemente, foram decididos fechos de escolas, de maternidades, de centros de saúde, de urgências, e posteriormente, devido a pressão popular, algumas das decisões recuaram.
O recuo é um sinal de fraqueza na preparação da decisão inicial. Caso extremamente chocante é o do apoio, quase convite ou incentivo ao aborto voluntário, ao mesmo tempo que estão a ser dados subsídios para aumentar a natalidade, a fim de fazer face ao envelhecimento da população, como se refere no post «A IVG como modo de vida». Estas contradições evidenciam não haver objectivos bem definidos a orientar a governação. Os fracos de espírito não sabem o que querem e vão para onde os empurram, neste caso, ao sabor de pressões populares. Não se pode gastar recursos em sentidos opostos, porque, como diz a Dinâmica que se aprende na Física, duas forças iguais de sentido contrário anulam-se.
A Decisão do TEDH (396)
Há 17 minutos
2 comentários:
Foi este o comentário feito pelo Professorzeco Charrua:
"Somos governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles todos é um filho da puta."
O Charrua vitimizou-se com a ajuda da comunicação social, mas omitiu parte da história, ou seja, mentiu, porque lhe dava jeito!
Chamar puta à mãe do primeiro-ministro, não é propriamente analizar as suas habilitações literárias!!!
Ainda não vale tudo neste país!
O Charrua é militante do PSD, ex-deputado, e estva num "job" vai para 20 anos!
O Professorzeco Charrua deveria ter um pouco mais de tento na língua!
Ainda não vale tudo!
Caro Quintanilha,
Não defendo o palavrão do Charrua. Neste artigo, critico a forma como o caso foi conduzido, em avanços e recuos sem racionalidade nem coerência, o que não prestigia o Governo e os poderes hierárquicos.
Afinal, não foi considerado muito ofensivo o palavrão. Com efeito no Porto o termo «filho da puta» não é considerado ofensa para a mãe do visado, e até há situações em que é elogio para este.
Mas, meu amigo, há que ser comedido e não combater um erro com outro maior, como referir-se ao Charrua como «professorzeco». Por vezes, tendo-se razão, perde-se porque se usam termos que nos minorizam. Há que respeitar os outros para dar uma lição ao Charrua.
Ele também é político e as trocas de «mimos» acabam por desrespeitar todos os da classe, quebrando a confiança que devem merecer do povo. É costume dizer que a um político não pode comprar-se um carro usado.
Abraço
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