Qualquer aliança, pacto ou sociedade entre dois elementos só funciona bem se houver paridade, o mais perfeita possível, de capacidades e participação dos componentes. Um objecto dificilmente funciona com eficácia e durabilidade se tiver peças em titânio ou crómio e outras de madeira de pinho.
A euro-região Galiza-Norte de Portugal, que tem beneficiado de vários incentivos no âmbito da política regional comunitária, da EU, parece ter dificuldade na convergência a nível de desenvolvimento, como salienta a notícia do JN «Galiza enriquece mais do que Norte de Portugal». A nossa região do Minho e Douro Litoral possui muitas características semelhantes às da Galiza e seria interessante conseguir convergência em muitos factores, nomeadamente no do desenvolvimento.
Formalmente, estão criadas condições para o êxito como diz a notícia do OJE «União Europeia incentiva novos projectos de cooperação transfronteiriça»,mas a realidade mostra que as duas partes, portuguesa e espanhola, não são homogéneas, apresentando a parte Sul debilidades que não lhe permitem um desenvolvimento ao ritmo do que se passa na parte Norte. Esta realidade exige muita atenção do Minho e Douro Litoral para evitar subalternidade ou submissão, que não seria desejável nem para a parte mais fraca nem para o conjunto da euro-região.
A única solução válida será a parte mais débil acelerar a pedalada a fim de as duas passarem a avançar lado a lado. Trata-se de uma tarefa que exige uma análise cuidadosa das características que estão a dificultar o desenvolvimento, uma listagem das virtualidades e factores positivos a desenvolver e alavancar, e a definição dos aspectos menos positivos a reconverter, ou mesmo a eliminar, por forma a conjugar todos os esforços fazendo-os convergir para uma melhor qualidade de vida da população, a qual deve ser o objectivo fundamental das reformas a implementar. Trata-se de uma tarefa que se enquadra no espírito do método preconizado em «Pensar antes de decidir».
Há tradições a ultrapassar, tal como foi ultrapassado o preconceito ibérico (anti-espanhol), e há outras que, podendo ser mantidas, devem receber retoques a fim de contribuírem para a modernidade positiva de todos os habitantes da euro-região.
Dada a tradicional inaptidão para a análise (noutro contexto, «Manuel Alegre critica lentidão dos processos de investigação»), não é fácil preparar a alteração profunda da região, mas estou convicto de que, se forem devidamente aproveitados alguns dos homens mais válidos da região, a tarefa será realizada com êxito. Novas actividades económicas, mais inovação, mais criatividade, melhor organização estrutural, são objectivos que, depois de devidamente ponderados, estarão ao alcance dos portugueses.
É preciso haver vontade, convicção, método e perseverança, porque a mudança não dará dividendos no dia seguinte, mas apenas ao fim do tempo de gestação, implementação e consolidação.
El País
Há 49 minutos
3 comentários:
Caro João,
Eis mais um artigo muito interessante para refletir. Porque não analizarmos em pormenor as razões do êxito da Galiza e o inêxito das nossas regiões do Douro Litoral, Minho e Trás-os-montes?
Talvez com essa análise detalhada chegassemos a conclusões que nos pudessem garantir a tal igualdade tão necessária para que toda essa região viesse a ser um verdadeiro polo de desenvolvimento na Peninsula e dessa forma todo o Portugal também beneficiasse. Mas tais mudanças tirariam aos nossos (des)governantes as situações de previlégio que ora têm e isso não lhes agrada concerteza!
Caro Luís,
Devíamos ir lá fora buscar os bons exemplos, que não faltam nos países que mais se salientam, na modernização e melhoria das condições de vida das pessoas. Por cá só queremos ostentação de riqueza, grandes empreitadas que tornam possível a grande corrupção, o enriquecimento rápido dos políticos.
Estes começam do zero e pouco tempo de poleiro dá-lhes fortunas brutais. Para não ir mais longe: os heróis do BPN, BPP, BCP, CGD, ERSE, Banco de Portugal.
Um abraço
João Soares
Espanha, irmao pobre da Europa (The Economist, dixit)
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