Apesar da catadupa de promessas, em que pouca gente já acredita mesmo dentro do partido, elas não param. Mas, embora quase ninguém acredite em nada, está generalizado o temor de opinar e dar palpites.
Há dias foi Manuel Alegre, a propósito das confusões das últimas semanas e dos gritos alucinados clamando pela inocência em contraposição com o obscurantismo das realidades, evitando transparência e verdade, e gerando medo nos cidadãos, disse que "há uma tradição de abdicação cívica, para não falar de cobardia".
Também, de dentro do partido, surge uma peça relevante deste berbicacho que é um artigo do eng. Henrique Neto, « publicado no Jornal de Leiria, onde o conhecido empresário socialista reafirma, claramente, que vivemos na indiferença porque o medo está presente e a presença do medo dá azo à resignação». Portanto os termos medo, resignação, abdicação, cobardia, não são filhos de mãe solteira, têm muitos pais.
Um elemento que conduz a esta falta de participação cívica é o ministro dos Assuntos Parlamentares, amador da «malhação» (democrática?!) que, com a sua propaganda tipo Goebels ou ministro da informação de Saddam, lança acusações, anónimas e sem argumentar fundamentos, de actos sacrílegos de tentativa de assassinato político, moral e pessoal de José Sócrates, o seu Deus único e omnipotente. Os seus modos arrogantes e descorteses (caso da má educação em relação a Alegre) conduzem os mais «abdicados» a manter a boca fechada. Mas esta ausência de opinião audível pode ocultar, e em muitos casos oculta, um voto noutro partido, por parte de muitos votantes habituais no PS.
E nos temas em que ele mais defende o seu líder espiritual, nada esclarece, quando a melhor solução seria tornar tudo o mais transparente possível, para que a VERDADE saltasse rapidamente à tona. Porque ela acabará por tornar-se visível e, quanto mais tarde, mais estragos fará no bom nome de quem está a querer esquivar-se.
A VERDADE é um dos valores que mais deve ser acarinhado e quando está ausente, tudo piora. Ramalho Eanes, discursando numa conferência sobre defesa nacional, presidida pelo ministro Severiano Teixeira, considerou que os partidos políticos devem aproveitar o período eleitoral que se aproxima para falar a VERDADE aos portugueses porque, só a conhecendo, se pode fortalecer a opinião pública e acabar com um clima de medo, e afirmou que na sociedade actual existem vários medos como o «medo do presente, do futuro, pelos filhos, pela sorte dos pais, pelo emprego e medo dos poderes políticos».
A necessidade de VERDADE é consensual e, não é por acaso que a líder do PSD intitulou o fórum, agora iniciado, de “Portugal de Verdade” para contrastar com o “jogo de mentira que o Governo alimentou durante meses” sobre a crise económica. E pretende que seja “um fórum real onde não entra a política do espectáculo e dos efeitos especiais”.
Porém, uma iniciativa com o propósito de esclarecer as pessoas, cultivar a transparência democrática e a VERDADE e dar a cada cidadão ferramentas para raciocinar por si, sem se deixar enganar por propagandas mentirosas, devia ser patrocinada, não por um partido, mas por uma instituição suprapartidária e que contasse com especialistas nos diversos sectores, não vinculados a partidos, a fim de se poder olhar de frente a VERDADE e não ficar detido na contemplação de verdades com letra minúscula eivadas dos interesses partidários.
Alguns dos elementos consultados para elaborar este texto:
“Há tradição de abdicação cívica”
«Homens sem reino»
Augusto Santos Silva: "está em curso uma tentativa de assassinato político e moral de José Sócrates"
Eanes vê Portugal bloqueado por medos
“Portugal de Verdade” vai ter sessões nas capitais de distrito nos próximos meses
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Verdade, Medo, tradição da abdicação
Publicada por A. João Soares à(s) 11:20
Etiquetas: abdicação cívica, confiança, medo, transparência, verdade
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