terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ineficácia irresponsável impune

Acerca da crise do BPN (Banco Português de Negócios) parece não haver muitas dúvidas. Houve gestores que «fizeram o que não deviam ter feito» e houve servidores do Estado que não fizeram o que deviam ter feito.

O Telejornal da RTP 1 de ontem deu traços essenciais do caso: em 2001 a revista Exame alertou para as irregualaridades/ilegalidades das negociatas efctuadas pelo Banco. Este processou a revista mas desistiu da queixa porque esta, para evitar os invonvenientes do processo, achou mais cómodo pedir desculpa.

Apesar desse alerta, o governador do Banco de Poprtugal, alguns anos depois, ainda não tinha qualquer informação sobre as actividades impróprias do BPN e o ministro das Finanças acabou por ser informado da situação irregular do Banco através de dados fornecidos pelo actual responsável pelo BPN, Miguel Cadilhe.

Nada disto é estranho neste nosso País em que tudo, ligado à política e à governação, é possível e não pode surpreender.

Mas o que custa compreender é que o Banco de Portugal, uma estrutura tão pesada ao erário público, mostrasse tanta ineficácia na supervisão, controlo e observação do funcionamento dos bancos. O seu governador referiu várias comissões que nada lhe comunicaram por nada terem detectado. Ora bolas!!! Como é que os jornalistas da Exame, que nada custam ao Estado, toparam as irregularidades do BPN e as comissões do BdP nada descobriram?

E foi preciso ser o actual responsável pelo BNP, com a sua dedicação, competência, eficiência e rigor, levantar o problema e propor uma solução que, segundo ele, teria sido mais favorável aos interesses do País do que a nacionalização que, segundo ele, é uma solução puramente política.

E qual é o destino das comissões do BdP que se mostraram ineficazes e inúteis, não tendo alertado com verdade, rigor e oportunidade? Até onde vai a impunidade dos privilegiados ?

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro João,
Vítor Constâncio já ultrapassou os limites da tolerância! No caso BCP não fez nada e aqui fez tarde e mal.
Num qualquer país civilizado este caso seria um escândalo nacional.
Alguém se lembra do caso Mário Conde em Espanha?
É incrível como no nosso país não há crimes de colarinho...
O que me impressiona é que neste caso não se nacionalizam prejuízos devido à crise, como diz a Esquerda pelo mundo, mas sim operações financeiras ilegais, ou seja crimes!

A. João Soares disse...

Caro AP,
Sobre o Governador do Banco de Portugal, vi há tempos um e-mail que transcrevia um estudo publicado numa revista em que ele era comparado com o seu equivalente da altura nos EUA, quanto a vencimentos, escolaridade, currículo de trabalhos publicados, etc. Um escândalo. E não me esqueço do «rigor» para papalvo com que resolveu expressar, há quase quatro anos, até às milésimas, a previsão do défice desse ano. Nenhuma pessoa com algum tino dava crédito a tal rigor, e o certo é que poucos meses depois rectificou para um valor mais baixo, mas também com muitos decimais!!!
Gostei da carta que escrevi para os jornais nessa altura a rir-me dessa fantochada.
Um abraço
João