O presidente da Entidade das Contas e dos Financiamentos Políticos (ECFP) (que é o braço técnico do Tribunal Constitucional para a fiscalização das contas políticas) demitiu-se, em ruptura com o presidente do Tribunal Constitucional (TC) de quem dependia directamente.
Parece que tal atitude assenta na falta de solidariedade do presidente do TC relacionada com entendimentos diferentes das leis do financiamento. O comunicado do TC, diz que «considera cessadas as funções que o sr. dr. José Miguel Fernandes vinha exercendo como presidente da ECFP» sem nada esclarecer sobre os motivos da demissão, que ficaram por explicar, mas devem ser significativos dado que o presidente da ECFP estava a pouco mais de dois meses do termo do seu mandato (final de Janeiro de 2009).
Segundo a notícia do DN, crise na fiscalização das contas partidárias, «o primeiro sinal de algo não ia bem surgiu quando os dois organismos tiveram entendimentos diferentes sobre as contas da candidatura presidencial de Mário Soares (2006). Se o entendimento da ECFP «tivesse vingado, a irregularidade da candidatura seria punível com pena de um a três anos de prisão».
Enfim, embora muito se fale de democracia e na consequente transparência de procedimentos e subordinação à lei, que deve ser geral e obrigatória, há muita coisa na vida dos partidos que é oculta a sete chaves dos cidadãos contribuintes e eleitores, sendo retirada a estes informação sobre a forma como os seus eleitos desempenham o papel de que foram mandatados pelo povo soberano.
Afinal, as irregularidades lesivas do interesse colectivo nacional, não são privilégio dos suspeitos do «apito dourado», da «operação furacão», dos «no name boys», etc. É desejável que os políticos se comportem com exemplaridade, para merecerem a confiança dos seus eleitores e para darem exemplo a todos os cidadãos de comportamento impoluto. Com irregularidades (mesmo que não sejam reais, basta a suspeita), de nada vale o Presidente da República dizer que é preciso os jovens estarem mais interessados pela política. É que os mais válidos do ponto de vista intelectual, cultural e de culto de valores morais, não vêm nela nada de atractivo. De entre as reformas gerais da vida do País, a das mentalidades e dos comportamentos dos políticos, é essencial e não pode ser postergada.
Como seria bom que os políticos portugueses usassem da seriedade, franqueza e transparência de que deu exemplo Isaura Gomes, presidente da câmara de S. Vicente (Cabo Verde), referida no post Mais uma lição do dito «Terceiro Mundo».
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Contas partidárias sob suspeita
Publicada por A. João Soares à(s) 17:32
Etiquetas: franqueza, representantes do povo, Transparência democrática
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4 comentários:
Ainda há quem dê lições de transparência e de seriedade! Infelizmente cada vez são menos quem assim procede.
Mas mesmo assim registe-se o facto para que outros sigam estes bons exemplos!
Mas essa lição vem do chamado «terceiro mundo», tão desprezado pela «civilização ocidental» que vive obcecada pelo dinheiro e pelos sinais exteriores de riqueza e esqueceu-se dos valores morais e éticos.
Um abraço
João
Caro amigo, em primeiro Lugar, queria dar-lhe os parabéns por estes 2 anos de blogagens, e pedir ao mesmo tempo desculpa por não ter comentado muito mais aqui neste espaço, mas por vezes, ou o artigo que leio aqui não me suscita comentários, ou pura e simplesmente não comento, o que não quer dizer que o visite, e o leia.
Continue, pois esta é a nossa arma.
Abraços do Beezz
Caro Beezz,
Não tem que se desculpar. Eu agora também sinto a falta de tempo para comentar outros blogs. A vida não é tão fácil como gostamos.
Muito obrigado pelas suas palavras e pelos e-mails oportunos que tem enviado.
Abraço
João
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