sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Dois casos exemplares

Numa data em que o pessimismo corrói o psíquico dos portugueses, é oportuno realçar casos exemplares que, embora sejam raros, nos devem encher de esperança num futuro melhor, pois há entre nós boas sementes para tornar a seara produtiva e rentável.

Em vez de dizer mal de forma destrutiva, devemos criticar de forma positiva apontando o que está mal e, a seguir, indicar pistas para soluções, na certeza de que, um dia, alguma delas virá a germinar, mesmo que o terreno não pareça fértil. Um grito de alerta que desvie as atenções daquilo que parece errado para aquilo que vemos ser exemplar e dever ser seguido ou, até, superado, será positivo, um serviço público. È nesse sentido que hoje aqui trazemos dois casos, a juntar a vários já citados neste espaço, como, por exemplo, Sucesso de jovem cientista português.

O primeiro caso é motivo da notícia «Manual de Matemática ganha medalha de ouro». Trata-se de um livro para o primeiro ano do ensino básico, da autoria de três professores do Agrupamento de Escolas de Águas Santas, na Maia que, durante a Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, foi premiado com a medalha de ouro num concurso europeu onde foram avaliados 17 manuais escolares. Este galardão foi atribuído pela European Education Publishers Group (EEPG) para distinguir os melhores editores, autores e designers gráficos da Europa, tendo por objectivo promover a excelência e qualidade nas publicações voltadas para o ensino.

Os autores, professores Alberta Rocha, Carla do Lago e Manuel Linhares, trabalham juntos há seis anos e é esta a primeira vez que recebem um prémio internacional pelas suas obras. Foram os vencedores deste concurso internacional, o que é motivo de orgulho para os portugueses. Merecem parabéns e este realce que estamos a dar-lhes.

O segundo caso consta do mesmo jornal e vem na notícia «Empresária desde os sete anos anda a ganhar dinheiro na Net». Benedita Simas, com pouco mais de 40 anos, tem uma multifacetada história de empresária e empreendedora que iniciou quando apenas contava sete anos, ao vender às colegas da escola chupa-chupas de caramelo, que confeccionava em casa.

Depois, no secundário, vendia pulseiras e brincos feitos com missangas. Mais tarde, na faculdade, deixou de ter as colegas como mercado e foi modelo publicitário. "Ganhava rios de dinheiro" a anunciar coisas tão inocentes como panelas.

E, apesar dessa ocupação empresarial, não deixava de se aplicar ao estudo, ao ponto de acabar o liceu com 18,5 valores, o que levou a família e amigos a pressionarem-na a seguir medicina, o que ela não decidiu por não querer demorar nove anos a estudar e foi para Psicologia.

Hoj, dedica-se a publicidade e pagamentos na Internet e deixa como conselho aos jovens "O importante é não ter medo de errar, de saltar no escuro e experimentar coisas novas".

Já há tempos aqui referi o caso de um jovem sueco que, ainda adolescente, se dedicou a fazer trabalhos de informática para pequenas empresas e privados, obtendo êxito que o levou, com estudantes amigos, a criar filiais noutras cidades e, depois, nas capitais da Holanda e da Grã-Bretanha, tornando-se multinacional.

Entre nós falta capacidade de iniciativa, de análise do grau de risco, do culto da matemática e da contabilidade, o que não é propício para haver muitos casos deste género. Por isso, o meu aplauso a Benedita Simas.

2 comentários:

José Lopes disse...

São casos destes que ainda nos vão alimentando a esperança de ser possível melhorar este nosso cantinho. Na política infelizmente não tem aparecido gente que se distinga por boas práticas.
Cumps

A. João Soares disse...

Caro Guardião,
Estes exemplos merecem que cada jovem procure imitar os feitos destes heróis. É pena que a Comunicação social não lhes dê mais visibilidade, e que as escolas não preparem as crianças para a vida prática.
Abraço
João