«ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações, são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?»
(Eça de Queiroz, 1867, in «O Distrito de Évora»)
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Como este Eça de Queiroz consegue ser tão actual... Parece que era bruxo!
Comentário que trazia: Este texto, não só se mantém actual, como os nossos políticos e, quiçá, o nosso País (!) permanecem iguais... E porque será que nós, como Povo, continuamos a tolerar tais tipos de políticos?!
A seara parece não produzir melhor trigo, e o mondador não consegue evitar que o joio prolifere e avance no momento da colheita! Dos fracos não reza a história e eles são fortes nas artes referidas por Eça no início o texto, quais vendedores da banha da cobra.
O regresso de Seguro
Há 1 hora
4 comentários:
..."tal'qual!"
:D
E fala-se da Madeira como sendo uma pequena Cuba!
Meu amigo
Adorei a sua visita ao meu blogue.
Eu tenho andado em fase de acabamento do meu 10º livro que está previsto ser editado em Setembro próximo.
Por isso tenho andado um bocadinho longe dos blogues dos amigos e quando os visito nem sequer tenho deixado comentários.
Tenho seguido seu trabalho, nomeadamente junto dos preciosos Seniores.
Parabéns pelo seu dinamismo e entusiasmo.
Beijos com amizade
Alexandra Caracol
Caro Eduardo,
Eça de Queiroz não era bruxo. Era um conhecedor profundo do género humano e sabia bem quem nós (portugueses) somos. se, na sua época, os ministros eram inteligentes, escreviam bem, discursavam com cortesia e pura dicção, hoje, os ministros não são melhores do que a restante população, antes pelo contrário, porque a igualdade alisou o panorama cultural cortando os picos mais elevados.
Mas note-se que os políticos são originários de famílias ligadas à oligarquia, afastados das realidades do País, e como «não tinham necessidade de estudar» porque tinham o futuro garantido como «boys» e «girls» e, se não fossem amparados na «carreira» política, seriam uns desgraçados sem capacidade para a competitividade na actividade privada, temos de aturá-los nas cadeiras do poder.
A previsão do Eça não chegou aqui. Aliás ele não quis fazer previsões; ele descreveu a vida da sua época, mas, como a sociedade portuguesa estacionou numa letargia perene, hoje notamos pequenas diferenças entre as duas épocas distantes de mais de um século, muitas para pior.
Abraços
Cara Alexandra,
Obrigado pelo comentário. Não precisa de se justificar. Tive oportunidade de saber do seu próximo lançamento de mais um livro. Desejo o maior êxito em mais esta obra que, certamente irá ajudar muita gente a melhor gerir a sua vida e ser mais feliz. O nosso saber, quando não for comunicado aos outros será inútil estéril por que morrerá connosco. Não tenhamos hesitações em atirar a semente à terra, mesmo que muita se perca, haverá alguma que encontrará solo fértil, onde germinará, crescerá e se reproduzirá.
Abraço
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