Portas volta à foice
Ferreira Fernandes
Um agricultor com a propriedade e o cultivo legais viu o seu trabalho destruído. Não gosto daqueles betos-ceifeiros, mas admito que possam ter razão. Talvez combater por todos os meios o milho transgénico seja uma causa essencial. Não sei, admito o talvez. A história está cheia de causas essenciais que precisaram de acções ilegais para serem defendidas.
Sobre isto, Miguel Portas aplaudiu os betos-ceifeiros e escreveu: "A nossa sociedade tem de aprender a conviver com novas formas de conflitualidade não-violenta." Ora, Portas é deputado europeu, recebe o ordenado saído dos impostos daquele agricultor que agora ficou sem ordenado por uma acção ilegal que Portas defende. Ora, o agricultor pagou impostos no pressuposto de que os que vivem dos seus impostos o defendessem de ilegalidades.
Não quero saber se é legal ou não um deputado defender uma ilegalidade que prejudica um cidadão cumpridor. Falo de outra coisa, que pertence a outro mundo. É indecente.
NOTA: Sobre este tema convém ler mais os seguintes artigos da imprensa de hoje:
Estado apoia encontro de activistas na origem do ataque do milho
O grupo alterglobalista que recebe apoio estatal
O milho é cultivado há 7300 anos no mínimo merece algum respeito
Miguel Portas explica apoio a activistas
Sem orgulho de ser português
Governo quer investigação ao caso
Ministério Público vai investigar ambientalistas
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
É indecente
Publicada por A. João Soares à(s) 07:22
Etiquetas: milho, propriedade, transgénico
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6 comentários:
Nao sei se a violencia sera o caminho mais correcto e ate creio que nao, mas que conseguiram notoriedade pra a causa la isso conseguiram!
Um abraco d'Algodres.
Caro Albino cardoso,
Este pequeno texto, referido a um caso complexo, merece realmente muita reflexão. Há muitos factores a ter em consideração.
Miguel Portas disse que "A nossa sociedade tem de aprender a conviver com novas formas de conflitualidade não-violenta." Eu diria que a sociedade está a lidar com formas de conflitualidade demasiado violentas, injustamente violentas, contra idosos desprotegidos, contra empregados de bombas de gasolina, contra os pagadores de impostos cada vez mais violentamente espoliados.
Talvez venha a provar-se que o milho transgénico seja prejudicial à saúde. Mas os activistas, pretensos defensores dos humanos sujeitos à especulação dos empresários multinacionais, em vez de atacarem as origens do mal, foram atacar uma vítima desses «malfeitores da Humanidade», foram tirar a um trabalhador de fracas posses, o fruto do trabalho de um ano, foram tirar o pão da boca a uma família. Essa vítima dos «betinhos-ceifeiros», tem que suar muito para depois poder colher, enquanto estes inconscientes, dispõem de posses, gratuitas, e apoios do Governo para se deslocarem ao Algarve e fazerem este vandalismo na propriedade de quem trabalha, para poder viver. Porque não se dirigem com a mesma violência contra os responsáveis pelo País? Será que têm medo da acção policial do estilo de Guimarães?
Bater no mexilhão pode ser compreensível da parte dos políticos que temos, mas não o pode ser da parte de lutadores contra a globalização e a exploração pelas multinacionais. É INDECENTE!!!
Se a população abrir os olhos estes actos dão uma má imagem dos ecologistas, a quem o Pais já deve os atrasos e aumentos de custos consequentes da auto-estrada para o Algarve, da construção da Barragem do Alqueva e de muitas outras obras fundamentais para o País.
Querer dar nas vistas com actos de vandalismo demonstra ausência de civismo, coisa que é indispensável em grupos que se dizem dispostos a defender os interesses das pessoas.
Um abraço
Olá meu caro A. João Soares, fiquei chocado com o que vi naquele dia, e eu, que sou activista note-se, não terrorista, pois tais actos são pura e simplesmente TERRORISMO.
O amigo descreveu bem no seu comentário anterior, o que eu realmente penso em sua consonância.
Condeno palavras como as de Miguel Portas, aliás esse senhor nem me merece qualquer espécie de comentários, não por ser do BE, mas por não ser de esquerda, a esquerda que eu defendo.
O Sr. sabe bem, que estas coisas de esquerda e de direita tem que se lhe diga, mas um dia, quando me conhecer melhor, poderá entender qual é a minha esquerda.
Luto pela esquerda que o Sr. diz no seu anterior comentário, as MULTINACIONAIS que nos espoliam ao máximo, os impostos dos poderosos perdoados, as bombas assaltadas, etc., etc. Luto contra tudo isso.
Mas assim fica difícil lutar com a cambada que nos tem governado.
Abraços
Caro Beezz,
Todas as ideologias devem, logicamente, ser orientadas para melhorar as condições de vida da população em geral e para o desenvolvimento do País, criando recursos e distribuindo-os de forma justa e proporcional aos méritos das pessoas às quais devem ser dadas iguais oportunidades de se realizarem. Pela positiva e com ética.
Os fenómenos de terrorismo e vandalismo a que se refere são condenáveis e não devem merecer benevolência de ninguém. O realismo de activistas honestos e sérios deve conduzi-lo a acções lógicas e justas. O pobre (ou médio) agricultor não é o principal culpado dos transgénicos e o problema não se resolve atacando-o e retirando-lhe o fruto do seu trabalho honesto. Os problemas devem ser resolvidos pela raiz, pelas causas.
Se aqueles meninos querem dar nas vistas, deviam ter a inteligência e a seriedade de fazer coisas construtivas que viessem dar benefício a quem precisa, ajudar a humanidade a viver melhor, com melhor entendimento entre todos.
Abraço
Do editorial do DN de 22 Ago:
Tal como o DN noticiou, estava previsto no programa do encontro Ecotopia uma "acção directa" contra alimentos geneticamente modificados. Na página de Internet do encontro - que entretanto foi alterada - era feita uma chamada à imaginação dos participantes para esta acção e o dia anterior dizia-se inteiramente dedicado à sua preparação. O GAIA, o grupo ecologista que organizou o Ecotopia, assumiu-se favorável à atitude que o movimento Verde Eufémia teve. Favorável a uma acção contra a propriedade privada - o que, seja por que motivo for, é eticamente condenável. Só isso bastaria para que um movimento tivesse sentido apenas como clandestino na sociedade portuguesa contemporânea. Neste contexto, não é aceitável qualquer outra atitude que não seja a de repúdio absoluto do que foi feito no campo de milho privado do Algarve. Sobretudo de um instituto público. Não se compreende, por isso, que a única resposta do Instituto da Juventude seja a de correr a desmentir o apoio - indesmentível quando o próprio apoio estava na divulgação do encontro nas páginas de Internet do IPJ - em vez de simplesmente assumir o erro e repudiar a acção. Foi, apesar de toda a confusão, o que fez o Ministério da Administração Interna.
Para melhor conhecer este tema sugere-se a leitura do seguintes artigos publicados nos jornais de 22 de Agosto:
Apelo directo à resistência foi lançado no 'site' do GAIA
Alentejo domina transgénicos em Portugal
Miguel Portas admite 'erro de avaliação'
Plantar milho transgénico não é como ir ao México
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