Há algum tempo, a propósito da crise e da redução do poder de compra, inseri entre outros estes dois posts «Defesa do Consumidor» e «Assédio ao consumidor» achei, por isso, interessante fazer aqui referência ao artigo do Público de hoje «Escola devia ensinar alunos a serem consumidores responsáveis».
Luciana Almeida, da Rede Nacional de Consumo Responsável defendeu hoje que aprender a ser um consumidor responsável devia fazer parte do currículo dos alunos, e lembrou que os portugueses continuam a agir de forma compulsiva sem noção dos impactos dos seus actos.
Segundo ela, o consumidor não dispõe de informação adequada pelo que age de forma compulsiva sem reflectir sobre os efeitos dos seus actos: levanta-se de manhã e consome água e electricidade sem reflectir sobre esses gestos". Não há consciência dos problemas ambientais ligados ao consumo, nem na produção dos produtos consumíveis nem nos resultados do consumo, em termos de poluição da água, do solo e do ar. As próprias autarquias não estão cientes do problema, como se depreende do facto de, apesar da crise, as ruas continuarem a ser profusamente iluminadas
Um outro aspecto não directamente abordado pelo artigo é a parte económica, das finanças pessoais e familiares, afectada pelo consumismo compulsivo, de ostentação, de imitação, de competição com os vizinhos e conhecidos e de incapacidade para resistirem aos apelos da publicidade e das promoções. Muitas vezes as pessoas entram em situação de insolvência, sem darem por isso, por não terem preparação para as contas aritméticas mais rudimentares e a sua aplicação à vida corrente. Este facto é traduzido muitas vezes pela frase «o mês tem mais dias do que ordenado».
Impõe-se, por isso, dar ao ensino uma feição mais prática para ser mais útil em todas as situações da vida real desde as mais rudimentares às mais complexas.
Mensagem de fim de semana
Há 12 minutos
7 comentários:
Caro João,
Post muito interessante e didático!
Estamos a viver num novo-riquismo e consumismo desenfriado que urge ver terminado. Estas atitudes consumistas agravam a inflação, aumentam o déficit da divida externa (pois, como sabemos, cada vez mais produzimos menos e dessa forma acabamos por importar mais) São ALERTAS deste tipo que são necessários e será logo nos bancos da escola que eles deverão ser apresentados para que no futuro possa haver mais bom senso por parte dos consumidores. Gostei francamente da forma como foram apresentadas estas ideias.
Caro Luís,
Como vês pelos links, é um tema que já abordei várias vezes. Agora o artigo que me levou a escrever mais este refere-se apenas ao esgotamento dos recursos naturais. O homem no mínimo gesto, estraga a Natureza. O sabonete do banho a pasta de dentes, as necessidades orgânicas vão poluir as águas. A electricidade é produzida á custa de contaminação do ar nas centrais termoeléctricas. Oxalá, as empresas (estrangeiras) que produzem os geradores eólicos e solares comecem a trabalhar rapidamente e a bom ritmo para deixarmos de consumir tanto petróleo e carvão, altamente poluentes.
Um abraço
João
Estou perfeitamente de acordo. E, depois, recordando o que o Dr. Medina Carreira disse numa das suas entrevistas, andamos a gastar o que não temos. E não se vislumbra hipóteses de baixar essa tendência desenfreada de menosprezar o valor das despesas, não respeitando o da receita que, numa grande maioria dos casos, é inferior.
Beijo.
Maria Letra
Cara Mizita,
Portugal está a precisar de um governo como Medina Carreira sugere. Se iniciativa presidencial os partidos colaborariam na formação de um governo de coligação, com a participação de todos os partidos, para defesa dos interesses de Portugal, e os governantes devem ser homens válidos sem vícios nem manhas de políticos, escolhidos de entre o que o País tiver de melhor no diversos sectores de actividades. Cada partido escolheria uns tantos e o PR aprovaria o governo com propostos dos partidos mantendo a proporção dada pelas eleições.
Abraço
João
Eu nunca fui a favor de coligações, João Soares. Muito sinceramente, com a mentalidade dos nossos políticos, em muito semelhante à dos italianos, cada um puxará a brasa à sua sardinha porque eles não estão ali para servir os interesses do povo, mas sim para proteger os seus interesses pessoais e a sua ânsia de poder. Além disso, como pode uma coligação de partidos funcionar se os programas são diversos e as soluções políticas também? Eu não acredito num bom resultado assim. Deveria ser aceite, democraticamente, o resultado dos votos e deixar que o governo eleito se entregasse à tarefa de cumprir com o programa proposto durante as sessões de propaganda política. Ideologias diferentes provaram não resultar com outros governos e, portanto, não acredito em coligações.
Um abraço.
Maria Letra
Cara Mizita,
A ideia seria neutralizar a actividade da partidocracia, e colocar o poder na ao de um grupo de Portugueses válidos, competentes, dedicados a Portugal e não viciados na politiquice tradicional ambiciosos, devidamente controlados pelo PR e pelo povo, com a maior transparência. Previamente devia ser elaborado um código de ética que definiria a forma de preparar a legislação e as grandes decisões, a fim de não andarmos aos zigzagues a desgastar recursos inutilmente. Imagine quanto se gastou com a decisão do aeroporto de Lisboa ir para a Ota| Isso teria sido evitado se a decisão tivesse sido bem preparada com a colaboração dos portugueses independentes das pressões partidárias. Os argumentos que acabaram por levar o aeroporto para Alcochete eram já conhecidos no início do problema.
Se não for dada essa volta nos comportamentos dos políticos, continuaremos assistir às tricas entre partidos destruindo o pouco que resta do País. Só se colocarão de acordo e coisas contra a o País e contra a ética: votação da lei do financiamentos dos partidos, aceitação de que a ética não tem nada a ver com a política, a escolha de candidatos arguidos e sob suspeitas públicas, a aprovação de orçamentos colossais para a campanha eleitoral, etc.
Sem ética não será de esperar melhor!
Mas, apesar disto o povo entrega-lhes o voto!!!
Abraço
João
Estou de acordo consigo, João Soares, mas eu não acredito na isenção de defesa de interesses dos nossos políticos (e porque não nos de muitos outros países).
Sabe, João Soares, eu estou de acordo com Medina Carreira, porque eu penso que o problema reside, basicamente, no sistema de educação, que carece de reforma absoluta. Só assim se conseguiria preparar jovens para um dia serem cidadãos válidos, embora isso levasse muito tempo. Não sei quantas gerações seriam precisas para 'limpar' marcas deixadas por sistemas políticos corruptos, mas acredito seria a única forma de começarmos pela ponta justa.
Um abraço.
Maria letra
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