Cuspir no voto que pedem
DN 090925. por Ferreira Fernandes
Há duas semanas, aqui, espantei-me com a fórmula com que Francisco Louçã se apresenta, agora: "Sou socialista, laico e republicano." Perguntei: então, quando é que deixou cair o "revolucionário"? É que eu não me lembro de ele ter declarado essa passagem, de revolucionário para ex-revolucionário, corte que marca um antes e um depois, e que permitiria, por exemplo, ser um leal membro de um governo a que ele, ainda há pouco, chamava burguês.
Faltava a Louçã - dizia eu, então -, "a ele, que dá tanta importância à ideologia, que o diga na teoria, antes de ser definitivamente comprovado, na prática, que mudou." Repito: gostava de ouvir Francisco Louçã dizer já não ser revolucionário e que acredita que eleger deputados para a Assembleia da República (esta mesma, a democracia representativa) é a melhor forma de governar (já sabemos, eu, Churchill e mais uns quantos, que má, mas a melhor).
Sim, Louçã? Alguns portugueses precisam, com urgência (até domingo), que Louçã tire isso a limpo. Digo alguns porque eu, não. Não preciso, ouvi o cabeça de lista do Bloco de Esquerda por Castelo Branco, onde o BE pode eleger um deputado, dizer que "a democracia representativa está falida". Então, está a candidatar-se a quê?
NOTA: A coerência pode não ser indispensável na política que ignora a ética, mas, por respeito ao eleitor, ela será conveniente, pois com a lógica, deverá ter em consideração a inteligência daqueles a quem é pedido o voto. Os políticos não devem partir da hipótese de só eles serem inteligentes, até porque muitas vezes não o são.
El País
Há 4 minutos
1 comentário:
Caro João,~
O teu comentário/nota está
tão correcto que dispensa mais comentários. A dizer algo seria corroborara as tuas palavras.
Um grande abraço.
Enviar um comentário