Quando escrevi o original destas linhas estava privado de computador, dessa máquina que muito tem facilitado a vida moderna, embora, ao contrário do que muitos possam pensar não substitui a nossa capacidade mental. Utilizei papel usado em sintonia com a teoria dos quatro erres dos ecologistas – reduzir, reparar, reutilizar e reciclar – aplicável a lixos e desperdícios. E exercitei a memória recordando alguns dos textos que tenho publicado nos blogues. A nossa memória é mais fácil do que a do PC, não necessitando de formalidades para abrir ficheiros e manusear o rato. Mas nem sempre é rigorosa, fácil em pronta.
Mas nada me leva a discordar da ideia de que o Magalhães não cria génios, mas as crianças geniais serão muito beneficiadas pela sua utilização adequada. Se agora, sem ele, o êxito escolar» estimado através da redução de «retenções» vulgo chumbos, aumentou muito, daqui por um ano, na propaganda governamental, Portugal vai transformar-se num alfobre de génios! As grandes potências mundiais que se cuidem!
Acerca da importância do computador, recordo uma história interessante.
No Silicon Valley, a Microsoft, nas suas vastas instalações, com inúmeras casas de banho, começou a ter problemas com as canalizações e decidiu contratar um funcionário que seria encarregado da manutenção de todas as instalações e do accionamento das necessárias reparações. Como na América é costume não preencher lugares com base em amizades e cunhas, foi aberto concurso. Como o trabalho não era muito aliciante não houve muitos interessados a e a admissão assentou principalmente na entrevista com o gestor de recursos humanos.
John Foster era um dos concorrentes. Tinha trabalhado numa pequena firma que encerrou e estava a passar dias preocupantes para sustentar a mulher e os dois filhos pequenos. Estava muito interessado no emprego e as suas capacidades e vontade de cumprir foram bem notadas pelo entrevistador que, depois de lhe explicar tudo o que se pretendia e ouvir o John, disse-lhe:
Tens condições para ser admitido, em princípio serás nosso colaborador e começarás a trabalhar na próxima segunda-feira, para isso deixa-me o teu endereço de e-mail a fim de te comunicar a decisão do departamento e o início da entrada ao nosso serviço.
O John, com sinceridade e um pouco de timidez, respondeu:
-Mas eu não tenho e-mail.
-Não tens e-mail? Então não pode ser nada, porque os nossos procedimentos regulamentares passam por te enviar uma mensagem por e-mail a confirmar a decisão do departamento. Paciência, iremos escolher outro concorrente.
O John, que já estava a ver a sua vida melhorada com um emprego garantido numa empresa sólida, ficou abatido, saiu cabisbaixo a pensar no que iria fazer para resolver o problema da subsistência da família.
Ia pelo passeio a cismar, quase chocando com os outros transeuntes, quando passou em frente de uma frutaria. O estômago, a dar horas, fê-lo olhar para a fruta exposta. Uma caixa de bananas custava 10 dólares. Mexeu nos bolsos è procura de moedas e encontrou essa importância que era quase tudo o que levava. Decidiu comprar a caixa, que enganaria a fome da família durante um ou dois dias.
Mas, mais à frente, para descansar os braços, parou e pousou a caixa na beira do passeio. Casualmente, uma velhinha que passava perguntou a quanto estava a vender as bananas. Embora não tivesse pensado em tal negócio disse um pequeno valor em cêntimos e a velhinha comprou-lhe duas bananas. Depois apareceram mais compradores. No fim tinha no bolso 20 dólares. Voltou a trás e comprou outra caixa.
Teve a noção de que algo estava a iniciar-se. Passados poucos meses, tinha uma frutaria, depois, mais outra, criando uma rede de lojas e adquirindo uma camioneta para ir buscar abastecimento e distribui-lo pelas lojas. E a conta que entretanto abriu no banco ia crescendo sem ele ter bem a noção de quanto isso representava.
Um dia, o gerente do banco telefonou-lhe a pedir para aparecer por lá na agência porque precisava de lhe falar. O John não fazia a mínima ideia do motivo de tal pedido e aproveitou um intervalo nos seus movimentos para comparecer. Foi muito bem recebido pelo gerente que lhe disse ter pedido este encontro porque ele tinha um saldo exageradamente elevado na conta à ordem e era conveniente aplicar esse dinheiro de forma mais rentável. Apercebeu-se das fracas habilitações literárias do John e propôs-se ajudá-lo, ia estudar com mais pormenor a situação e procurar uma boa solução e depois comunicar-lhe-ia por e-mail.
- Qual é o seu endereço de e-mail?
- Não tenho e-mail.
- Oh John, se o Sr. sem ter e-mail consegue possuir uma cadeia de lojas com muito êxito e amontoou uma fortuna muito considerável, o que você seria se tivesse e-mail!
- Se tivesse e-mail seria apenas desentupidor de retretes da Microsoft.
EM CONCLUSÃO: Não será o Magalhães que criará génios que criem um futuro brilhante para Portugal. As crianças que o utilizarem poderão não passar de desentupidores de retretes. A não ser que, comprem e vendam uma caixa fruta!
domingo, 14 de setembro de 2008
Reagir pela positiva
Publicada por A. João Soares à(s) 22:22
Etiquetas: computador escolar, génios, pragmatismo
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6 comentários:
Meu caro João
Seja bem aparecido!
Espero que tudo tenha corrido da melhor maneira.
Este tema é muito interessante.
Hoje em dia passar sem computador tornou-se um pouco complicado. É viciante.
Acontece-me, por vezes, surgir-me uma ideia para mais tarde desenvolver. Podia anotar num papel...mas venho logo escrevê-la aqui.
Talvez por isso mesmo, penso que as crianças não deveriam usar, em excesso, o computador.
Ao longo do ano escolar farto-me de refilar por causa disso.
Os pais gastam um dinheirão em livros; os miúdos têm professores para cada disciplina, às vezes até têm explicador. Mesmo assim precisam consultar a Internet
???
Este tema dava para uma grande conversa. E sabe como sou quando se trata de crianças e Educação... nunca mais me calo!
Enfim, esperemos que os nossos pequenos génios, com a ajuda do Magalhães, possam vir a ser mais do que simples desentupidores de retretes!
Beijinhos
Mariazita
Minha querida Amiga,
Agora não sou incapaz de reproduzir o comentário que aqui escrevi, mas que em vez de publicar eliminei, distraidamente!!!
O seu comentário deu-me estímulo para aqui colocar um outro post com o titulo «O ensino é mais complexo do que os políticos pensam».
A minha generosidade levou-me a admitir que eles pensam! Mas «errar é humano» e também me posso enganar!
Beijos
João
Gostei muito deste seu artigo, João.
Manuela
Cara amiga Manuela,
Cada um pode encontrar num pequeno texto várias lições. Aqui, há duas lições que considero importantes.
- Uma é que não devemos cruzar os braços e lamentar um azar, mas levantar a cabeça para lutar por um objectivo válido e estar atento aos sinais de mudança a aproveitar.
- A outra é que dar pérolas a porcos não os transforma em sábios. As boas ferramentas de nada servem em maus artífices. O Magalhães, só por si, não vai aumentar as capacidades científicas dos maus alunos, e até poderá desviá-los da sua verdadeira preparação para a vida prática e profissional.
Uma máquina de calcular poupa o tempo ao fazer uma divisão entre dois números com muitos algarismos, mas não diz ao aluno se esses números devem ser somados, subtraídos, multiplicados ou divididos.
Um abraço
João
Este texto está excelente! Porque é mesmo assim que as coisas acontecem!! Sem dúvida. Muitos beijos.
Querida Paula,
Nem sempre se encontra o caminho à primeira tentativa, e às vezes a solução não se presenta com muita clareza. Tens agora em casa um exemplo muito interessante. Depois de várias hesitações, parece que encontrou algo de satisfatório, de que gosta e que pode ser uma rampa de lançamento para altos voos. Só lhe desejo muita sorte, para o que deve continuar com entusiasmo, sem esmorecer.
Beijos
João
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